O jornalista Jorge Iggor, do “TNT Sports“, criticou a postura do técnico Artur Jorge em recentes entrevistas em Portugal deixando seu futuro no Botafogo em aberto, mesmo tendo contrato com o clube por mais uma temporada. Em seu canal no YouTube, Iggor defendeu o direito de qualquer profissional pedir uma valorização, mas considerou ruim a estratégia adotada pelo treinador.
– Alguns vão interpretar que ele está se valorizando. Eu tenho uma interpretação um pouco diferente. Para mim, o Artur Jorge está se oferecendo ao mercado. Eu não faço discurso hipócrita de diminuir o profissional que quer ganhar mais, todo mundo trabalha para ganhar dinheiro. Agora, a forma como ele vem fazendo isso é que espanta, para um cara que ainda tem mais um ano de contrato. Quando ele diz que “o mercado é que vai ditar”, é o seguinte: quem ligar e fizer a melhor proposta, leva, porque eu estou facinho. Não comunica bem. Isso não pega bem – disse Jorge Iggor.
O jornalista acredita que as declarações de Artur Jorge estão comprometendo o bom relacionamento com o Botafogo e também com a torcida alvinegra. E teme que essa situação se torne irreversível.
– Artur recebeu um bônus, ele e a comissão técnica, de R$ 17 milhões pelos títulos. Eu sou muito justo, bônus é uma coisa, salário mensal é outra. Ele quer um salário maior. E desde que o Al-Rayyan fez o contato, a batatinha dele pirou, ele só pensa nisso. Todas as declarações falam de futuro em aberto, de valorização, de crescimento, de mercado…. E aí eu acho que se cruza uma linha que eu não sei mais, isso não está batendo bem no Botafogo, desgasta a relação com parte da torcida, perca créditos e quebre pontes com o John Textor – afirmou.
– Quando logo depois da maior conquista da história do clube, de um ano mágico, você bate tanto nesses aspectos, está passando esse recado para o torcedor: dinheiro é o que importa, o trabalho nem tanto, a identificação nem tanto, o carinho pela instituição nem tanto. A partir do momento em que você soltou as frases, você não tem mais como controlar a percepção das pessoas, como aquilo vai bater no torcedor do Botafogo. E está batendo mal. Só que o Artur Jorge não parece preocupado com isso. Ele quer o aumento salarial de qualquer maneira. Está desesperado, cruzando linhas, passando do ponto e eu já não sei se é tão fácil assim de contornar essa situação caso ele permaneça – continuou.
Para Jorge Iggor, Artur Jorge deveria ser mais direto com o Botafogo e procurar diretamente John Textor, ao invés de ficar mandando recados pela imprensa.
– Não tem problema mudar o contrato no meio. Não tem problema você chegar e falar: “Olha só, dá para melhorar esse contrato aí? Eu sei que a gente combinou um negócio, mas dá para mudar porque ventos mudaram, acabei de ser campeão disso, daquilo, bati a meta, entrei para a história.” Mas isso tem que partir do treinador, não vai partir do Textor. É o Artur Jorge que precisa puxar essa conversa com o Textor, e não o contrário. É você que tem que buscar esse entendimento, no olho no olho. Via imprensa só piora. Talvez a intenção no início tenha sido jogar uma pressão via torcida, da torcida comprar o barulho. Só que não surtiu o efeito desejado, porque a torcida não encampou essa, a torcida não ficou contra o Textor nessa – pontuou Jorge Iggor, citando os efeitos ruins para o Botafogo de uma forma geral:
– Ele está deixando um monte de interrogação. Isso prejudica até a própria captação [de reforços], porque lança dúvidas no projeto. Quando o Artur Jorge fala que precisa ver, tem que estar em projeto vencedor, ele está colocando o próprio projeto do qual ele faz parte em dúvida. E essa dúvida é muito ruim para o mercado, porque o profissional, se ele tiver uma proposta, sei lá, de um Palmeiras, e tem uma outra de um clube que o próprio treinador não sabe se fica, se não fica… Isso é ruim até mesmo para as ações de contratações que o Botafogo quiser tomar nesse momento. É tudo muito ruim.