De um lado, a chance de título e de idolatria no Botafogo, podendo marcar seu nome na história. Do outro, uma altíssima proposta do Al-Nassr (SAU). O dilema que vive Luís Castro foi analisado pela jornalista Milly Lacombe, em seu blog no “UOL”.
– Tem coisas que só acontecem com o Botafogo, dirão os torcedores mais apaixonados e conformados. Perder o técnico quando está ganhando poderia ser uma dessas coisas. Técnicos saem nas fases ruins, mas nas boas é bastante raro, raríssimo. Sair depois de levar o time à liderança isolada de um dos campeonatos mais disputados do mundo, depois de reinserir o clube em um lugar de destaque e de orgulho, é inédito – escreveu Milly Lacombe.
– Luís Castro sempre falou com bastante lucidez sobre o envolvimento do dinheiro e do jogo. Criticou o preço dos ingressos, entendeu um estádio que não estivesse lotado mesmo com o time em fase delirante, sugeriu que há mais coisas na vida do que riqueza. Mas agora os petrodólares de um desses times árabes falam alto. CR7 telefona. O mundo chacoalha. Quem sou eu para dizer o que fazer numa situação dessas? Quero acreditar que eu seria fiel a meus princípios se me visse diante do dilema de Castro: acharia que ganhar muito bem basta, que não é preciso acumular uma riqueza obscena para existir nesse mundo – acrescentou.
A jornalista lembrou ainda que há outros fatores importante e se mostrou na torcida para Luís Castro permanecer no Botafogo.
– Hoje cedo, caminhando com a cachorra perto do centro de São Paulo, cruzei com um camarada que usava uma camisa novinha do Botafogo e pensei que o impacto do trabalho de Castro talvez seja bastante maior do que ele perceba. Fazer circular esses afetos é tão ou mais importante do que levantar taças. A história que Luis Castro está escrevendo no Botafogo é linda, potente, memorável e não deveria ser interrompida. Que o treinador português decida seu destino movido pela emoção e guiado pelo coração. Costuma não dar errado – completou.