André Loffredo não concorda com o planejamento do Botafogo, de ter iniciado a temporada em março. O comentarista do programa “SporTV News” considera que o clube modificou demais o elenco e ainda está pagando o preço.
– A gente tem que avaliar o Botafogo pelo que o Botafogo fez, não ela temporada passada. A expectativa do Botafogo, quando você começa o ano, não é essa, porque se falava “o Botafogo vai fazer uma boa campanha ano que vem, porque tem uma boa base”. Essa base sumiu. A base total. Perdeu o banco inteiro, por exemplo. O banco inteiro foi embora. Foram embora seus dois jogadores principais da frente, o Almada e o Luiz Henrique, e foram embora todos os reservas, mas todos mesmo. Fez tudo errado. A questão é a seguinte, quando você troca, ainda que seja os reservas, você resolve que você vai trocar dez, 12 jogadores de uma temporada para outra, você trocar dez, você não vai trocar, obviamente, os dez titulares de 11, né? Você está fazendo uma modificação no elenco muito radical, porque esses jogadores estavam inseridos dentro daquele time que foi campeão. Eles podiam não ser os fundamentais, eles podiam estar participando 10 minutos, 15 minutos, mas eles estavam participando do time campeão. Marçal, Tchê Tchê, Adryelson, Eduardo, Tiquinho, Júnior Santos e mais. Quando você troca isso aí, mesmo que você contrate, até aqueles jogadores se inserirem naquele grupo, leva um tempo. E aí, se você faz a bagunça que o Botafogo fez, aí piora mais ainda – apontou Loffredo.
– No começo da temporada, o Botafogo não podia realmente participar com força total. Não é a responsabilidade da administração do Botafogo. A partir de um certo momento, quando tinha a Recopa, quando tinha a Supercopa, quando tinha o Campeonato Estadual, ainda que não fosse nos primeiros jogos, o Botafogo tinha que começar a desenvolver suas ideias, mas não tinha nem técnico para fazer isso. Então, você troca dez jogadores do teu elenco, pelo menos. O elenco de 25, 26 jogadores, você troca dez. Está quase trocando a metade do time. Você não tem o técnico. Você começa a temporada depois dos outros. Uma parte porque o calendário exigiu e outra parte por decisão própria. A chance de dar certo é pequena. E, incrivelmente, não está dando certo. Acho que o Botafogo começa a melhorar agora. Levemente, mas começa. Só que já comprometeu sua participação no Campeonato Brasileiro, na questão da disputa de título, acho difícil que o Botafogo chegue para disputar o título. E na Libertadores, pode ser que se salve e aí, de repente, se acerte e dispute o título. Mas também está correndo risco – frisou.
O comentarista acredita que o Botafogo poderia ter pensado a temporada de outra forma.
– Se você faz isso sem modificar seu elenco, com o mesmo elenco e com o mesmo técnico, a tua chance de dar certo ainda é grande. “Eu troquei duas peças, porque foi inevitável, essas peças estavam muito fortes no mercado. Então, foram só dois jogadores que eu perdi. Eu já estava com os outros dentro do grupo aqui”. Então, vai sair o Luiz Henrique, vai entrar o Júnior Santos. Vai sair o Almada, vai entrar o Eduardo. Ah, vai cair o nível? Vai cair. Mas os jogadores já estão inseridos aqui e depois eu vou buscar essas peças. Aí eu vou buscar o Artur. Aí eu vou buscar jogadores para tomar a posição desses que eram meus reservas. Mas eles já estavam inseridos no grupo e eles automaticamente ganham as posições. Pode ser outro. Podia ser o Matheus Martins mesmo. Mas, enfim, o grupo vai suprindo a ausência e vai dando continuidade ao trabalho. As chances de dar impacto é menor. Agora, se você faz uma reformulação e aí você faz tudo errado, como fez o Botafogo, a chance de dar certo é muito pequena – complementou.
