Técnico do Botafogo desde abril, Luís Castro contou no programa “Seleção SporTV” desta sexta-feira (14/10) os motivos da vinda para o Brasil. Ele revelou detalhes, como uma conversa com John Textor e admitiu que se impactou com a estrutura do clube.
– O que me faz ao Brasil é a magia que tem no futebol. Nós desde pequenos estamos habituados a ver a Seleção Brasileira a conquistar campeonatos do mundo, jogadores saírem do Brasil e disputarem todos os campeonatos, ter tido treinadores brasileiros e estar habituado a ver envolvência e emoção nos estádios, que tornam atmosfera fantástica. Isso sempre despertou em mim algo, queria trabalhar no Brasil, no futebol brasileiro. Como aconteceu que é estranho, porque aconteceu através de um americano. Pensei que viria para o Brasil convidado por um brasileiro (risos). Um dia, estava à noite em Doha, dez horas da noite recebi um telefone de um número muito estranho. A pessoa falou em inglês, eu disse “não tenho um inglês a esse nível para conversar contigo”, ele disse “OK, vamos conversar um pouco”, durou uma hora e meia a ligação. Era John Textor. Eu não sabia quem era ele. Veio com conjunto de dados, de construção e trabalho meu na academia do Porto, de ter tido ganho títulos ultimamente, ter estado na Liga dos Campeões, muito identificado comigo e com meu percurso. Aquilo me surpreendeu. Não disse que era o Botafogo, mas disse que gostaria de falar comigo mais vezes – lembrou.
– Foi aí que surgiu o convite para vir ao Botafogo, entramos em conversas bastante interessantes. Compartilhava com minha equipe técnica, que dizia “é a nossa cara o Botafogo”. Eu dizia “prefiro jogar para títulos do que na reconstrução, como vamos? É um risco grande. As pessoas esperam resultados e podemos não dar”. Criar academia, filosofia transversal, trabalhar jogadores mais jovens, organizar o futebol de baixo a cima, eu dizia “acho que não tem nem sequer um campo para treinarmos” (risos). Esse que é o desafio, construirmos tudo. Diziam que tinha um campo anexo do Nilton Santos, me enganaram um pouquinho (risos). Que campo? Vinha habituado nos últimos anos com o Shakhtar, campo com relva fantástico, em Doha também, estádios que podem fazer dois jogos no mesmo dia. Cheguei aqui, não gostei desse espaço, vamos ao campo da Aeronáutica, passavam carros, helicópteros, pássaros, eu não conseguia conduzir os treinos. No Nilton Santos, treinávamos uma vez, o campo se destruía. Descobrimos o Lonier, mas estava muito abandonado. Há três semanas que tem vestiário com todos juntos, é algo fundamental, se conversa o que se passa em treinos e jogos, se passam as emoções. Hoje temos vestiário, campos de treino estão bons. Muitas vezes as pessoas acham que resultados são necessários para se construírem as coisas, eu acho que é necessário construir as coisas para ter resultados – explicou.
Hoje, o treinador está feliz no Botafogo e esperançoso no processo de reconstrução, que vem colhendo frutos dentro e fora de campo.