Luís Castro: ‘Estou feliz com os resultados, mas não com exibições. Botafogo está longe do que entendo ser futebol mais harmonioso, isso se conquista com o tempo’

Entrevista de Luís Castro, técnico do Botafogo, ao Seleção SporTV em outubro de 2022
Reprodução/SporTV

O Botafogo venceu quatro dos últimos cinco jogos, vem em evolução e sonha com classificação para a Libertadores-2023 no Campeonato Brasileiro. Mas ainda não é o time que Luís Castro deseja. Em entrevista ao “Seleção SporTV” na tarde desta sexta-feira (14/10), o treinador admitiu que ainda há margem para muita melhora.

– Aconteceu em determinado momento que baixávamos em bloco, encostávamos atrás, com linha de cinco. Tivemos que fazer, para sobreviver. Um pouco prostituímos a nossa ideia, não é aquela, não nos traz alegria, fomos obrigados a fazer. É a parte mais difícil do treinador, não só no Brasil ou no Botafogo. O contexto condiciona nosso trabalho. Quando chego ao Shakhtar tem Taison, gosto de jogos rápidos, triângulos pelos lados, variação a partir do volante, entrada no corredor central, equilíbrio permanente, ter referência, conseguir espaços nas costas da última linha, é o jogo que defendo. Chego lá, tem um Taison, que quebra linhas e vai no espaço. Tenho que me adaptar em função do que tenho, do material humano. Mudo um pouco. Não transformo minha ideia, mas ajusto. A ideia de jogo é a forma como defendemos, atacamos, transitamos, as bolas paradas, mas também tem que ser em função do jogador. Para mim, jogar em casa ou fora é igual, jogar contra o melhor ou pior do campeonato é igual. A forma que jogamos tem que ser igual, posso perder um ou dois jogos, mas a equipe está a se desenvolver em cima de uma ideia. Tem que haver uma só direção do que é o nosso jogo. Isso foi a parte mais difícil – explicou

Quando se joga para títulos, dominamos por completo os jogos, aqui se anda em altos e baixos. Estou neste momento feliz com os resultados, mas não estou feliz com as exibições. Não me deixo enganar pelos resultados, não desvia quando perde nem quando ganha. Estamos longe do que entendo ser um futebol mais harmonioso. Mas isso se conquista com o tempo e a estabilização do elenco, não é com 44 jogadores ao longo de uma época – completou.

O treinador também comentou sobre o que encontrou no futebol brasileiro e como vê o esporte aqui.

– Para mim, não há treinadores de cada país, somos todos treinadores e universais. O que achei é que um jogo muito pressionado, procura de redução de espaços e chegar rapidamente à baliza dos adversários. Geralmente são duas linhas, tem o Fernando Diniz e outros treinadores a fazerem diferente. É um jogo mais vertiginoso, um pouco diferente, temos que estar sempre equilibrados, porque um desequilíbrio cria perigo. Há a tentativa de redução rápida de espaços. (Para os que falam que é mais lento) Que venham para cá (risos). Eu também achava, antes de vir para cá. Há quatro, cinco anos era mais essa visão. Hoje vemos um futebol mais virado para a baliza em menor tempo – ponderou Luís Castro.

– Acho que o campeonato, como digo, não sou um analista do futebol brasileiro há muito tempo, tenho consciência que o jogo é mais rápido, mais envolvente, que coloca mais jogadores no último terço e tem blocos mais avançados. Hoje vemos equipes obrigadas a sair da pressão alta, com referência na frente, para encontrar espaços livres. Talvez por isso uma coisa leva a outra, um futebol mais direto, de chegar à frente mais rápido – prosseguiu.

Fonte: Redação FogãoNET e SporTV

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