Gregore foi expulso com 30 segundos de jogo na final da Libertadores vencida pelo Botafogo por 3 a 1 sobre o Atlético-MG, em Buenos Aires. A história poderia ter sido diferente. Craque da partida, do Brasil, da América e do mundo em 2024, Luiz Henrique imaginou que seria o escolhido para ser sacrificado para a entrada de um defensor. E
– Eu pensava que ia sair. Eu ou o Igor Jesus. O Artur Jorge é corajoso. Ele me deixou, criava mais esperança. Ele foi muito inteligente ali. É um técnico muito ofensivo, gosta muito de atacar. Então, por isso que eu creio que ele deixou o Igor e eu ali, para que a gente pudesse atacar também e criar perigo. Foi muito importante ele não tirar os atacantes e deixar a gente ali, porque a gente também estava ajudando os laterais e os zagueiros. Creio que por isso que ele deixou os atacantes e deu tudo certo. É um cara, assim, que é muito inteligente e é um cara que não tem medo de jogar, sabe? Ele gosta de jogar, gosta que os atacantes vão pra frente, que a gente faça gol. E isso é muito importante também na confiança dele – destacou Luiz Henrique, em entrevista ao podcast “GE Botafogo”.
A expulsão de Gregore, no entanto serviu para fortalecer e unir ainda mais o Botafogo.
– Eu não vou mentir também, aquele momento ali que o Gregore foi expulso, que ele fez a falta, sabe aquele momento que passou e você pensa “deu ruim”… Só que depois, o Marlon Freitas chegou para a gente ali, reuniu todo mundo, quando os caras ali do Atlético-MG estavam ajudando o menino que se machucou, então o Marlon chegou pra gente e falou pra gente acreditar até o final. O Vitinho também falou pro Gregore que a gente ia ganhar por ele, e o Marlon falou que a história já está escrita, vai ser desse jeito e a gente vai ganhar de qualquer jeito – resumiu Luiz Henrique.
– Aí todo mundo ali se fortaleceu, todo mundo ajudou um o outro dentro de campo, todo mundo correu, fez de tudo pra que a gente pudesse ganhar essa final. Porque a temporada nossa foi incrível jogando o Brasileiro e a Libertadores também, então não tinha que ser de outra forma, tinha que ser desse jeito, tinha que ser contra o Galo também. Por isso que todos ali dentro de campo lutaram, guerrearam pra que a gente pudesse trazer esse título, não só pra gente, mas pra torcida que esperou tanto tempo, tantos anos pra que o Botafogo pudesse ganhar essa Libertadores. Graças a Deus deu tudo certo, todo mundo ali se juntou, correu um pelo outro e conseguimos trazer essa glória eterna tão esperada por todos nós, por nossa família, por todos os funcionários do clube e os torcedores.
Leia outras respostas de Luiz Henrique:
Função tática
– Meu papel dentro de campo foi muito importante para ajudar o Vitinho. Ele conversou comigo também. Falou que ia precisar muito de mim, porque a gente estava com um a menos. Não fui só eu. Eu creio que foi todo mundo. O Thiago Almada, o Igor, o Savarino. A gente da frente precisava muito ajudar os volantes e os laterais para que a gente não pudesse sofrer gols. Porque se a gente sofre gol no começo, seria muito difícil para a gente atacar e até para poder empatar. Por isso que o meu papel e de todos os atacantes foi muito importante para que a gente pudesse marcar bem e depois, quando tivesse uma oportunidade de atacar, a gente chegar lá na frente e concluir com gols. Como eu fiz. Como foi o Alex Telles e o Júnior Santos também, que fez o gol. Todos que estavam ali dentro de campo precisavam dar mais que 100%. Teria que dar 200% para que a gente não tomasse o gol e o time ficar com um a menos e com gol sofrido. Seria muito difícil para a gente. Por isso que esse papel ali meu, como falei do Júnior Santos, do Igor, do Savarino, do Almada, para que a gente não pudesse tomar gol. E graças a Deus deu tudo certo. Eu pude fazer um gol e também ser recompensado com o pênalti. O Alex Telles ia fazer o gol e a gente ia para o segundo tempo mais tranquilo.
Momento favorito na Libertadores
– Meu momento favorito foi o da final, porque eu sempre vou falar esse momento, porque foi um momento muito complicado ali no começo, porque o Gregore foi expulso muito cedo e ninguém esperava isso. Ninguém esperava que o Gregore ia ser expulso. Um cara muito importante para a gente também, um cara de marcação, que ajuda muita gente ali para que a gente não pudesse tomar gol. Foi um momento que eu vou botar sempre em pauta, porque foi um jogo muito difícil. A gente tinha que ter muita paciência, muita tranquilidade, a gente tinha que ter cabeça ali para que a gente não pudesse tomar gol. Então, por isso que eu vou botar esse momento mais especial na minha carreira, porque não foi fácil para a gente, foi muito difícil. Mas com a nossa união, com o nosso comprometimento, conseguimos trazer essa glória eterna que a gente sempre sonhava desde o começo da temporada. Então, por isso que eu vou botar esse momento mais especial para mim.
Ficha de ser ídolo
– Vou falar que minha ficha não caiu 100% ainda. Muitas pessoas da minha família falam, amigos falam, que a ficha vai cair quando eu parar, aí quando eu tiver um tempo, assim, for lá no estádio Nilton Santos, lá no CT, ver que tem foto minha, ver que tem muitas coisas boas lá, também, nesse título importante que é a Libertadores e o Brasileiro.
Soneca antes da final
– Foi a maior atuação da minha carreira. Eu estava tranquilo. Eu estava concentrado, estava concentrado. Eu sempre tirava uma sonequinha antes ali. Depois do almoço, eu ia fazer tratamento com o Fabio Azevedo, o fisioterapeuta lá do Botafogo. Aí eu falava assim, Fábio, vou tirar uma soneca. Depois do tratamento assim, eu ficava lá no quarto dele, aí tirava uma soneca lá pra que pudesse entrar nos jogos tranquilo, leve, mostrar o futebol brasileiro.
Colocar a mão na taça antes do jogo
– Foi automático, sabe? Automático ali, eu vi a taça, aí eu fui, coloquei a mão nela ali, falei que ela ia ser minha, esse título é nosso e deu certo, deu certo. Muita gente fala que dá errado, mas pra mim deu certo.
Festa da torcida no Rio
– Aquela festa foi inesquecível, vai ficar sempre na minha memória. Ver os torcedores do Botafogo, todo mundo feliz, todo mundo contente, brincando com a gente, se divertindo. Vi muitos torcedores chorando ali, com seus filhos, seus amigos. Então, foi uma comemoração que sempre também vai estar marcada na minha história, na minha memória. E eles mereciam, mereciam, porque lutaram junto com a gente, foram lá no Monumental, lotaram lá o estádio, fizeram uma festa muito linda. Então, eles mereciam essa festa aí.
Saudade do Brasil
– O que eu sinto mais falta do Brasil é o calor, né, das pessoas, sabe? Dos torcedores, o calor da família, dos amigos, essas coisas, sabe? O que eu sinto falta de todo mundo, assim, dos amigos, da família, que é a que mais conversa comigo, que está mais apegada comigo. Também sinto falta dos amigos do clube, dos funcionários do clube, porque o Brasil é a nossa casa. Então, sempre que a gente for para outro clube, claro que a gente vai se adaptar, a gente vai dar o nosso jeito, mas a nossa casa é a nossa casa, não tem jeito. A gente sempre vai querer estar junto com os nossos familiares, com os nossos amigos. Então, o que eu mais sinto falta é disso, é de estar junto com a minha filha, com os meus amigos, com os amigos do clube que eu conheci no ano de 2024. Então, eu sinto mais falta disso.
Vitória sobre o Internacional no Brasileiro
– Esse jogo contra o Internacional foi muito difícil lá em Porto Alegre. Era uma equipe que deu muita dificuldade para a gente, porque a gente estava jogando em casa. Estava cheio lá o estádio do Inter. Então, foi muito difícil, mas a gente foi preparado para esse jogo, muito preparado. Por mais que a gente tivesse ganho a Libertadores, a gente comemorou, claro, merecidamente. Comemoramos bastante, mas quando foi o outro dia viramos a chave. Porque era muito especial ganhar também do Inter, porque a gente iria ser campeão. Então, preparamos muito a mente, sabe? Todos fomos concentrados, todo mundo com um objetivo só, que era muito importante para o clube, para os torcedores, ganhar esses dois títulos, fechar o ano com chave de ouro, com dois títulos importantes para a gente na nossa carreira, para os torcedores, para os funcionários do Botafogo, que, merecidamente, fizeram de tudo para que a gente pudesse ganhar esses dois títulos, que eram muito importantes para a gente pessoalmente. Mas o mais importante era para os torcedores que, depois de tantos anos, de tanto sofrimento, veem o seu clube estar de volta à elite, de novo, disputando campeonatos internacionais. Então, a gente se preparou muito, e vou te falar que não foi fácil. Não foi fácil ir lá e ganhar de 1 a 0, que foi um golaço do Savarino ali, um jogo muito sofrido, mas que foi um golaço. Então, muito importante ir lá em Porto Alegre e ganhar deles.
Saída do Botafogo
– Ah, cara, eu posso te falar assim, eu tinha o desejo de ficar, mas isso não aconteceu. Isso acontece, ciclos se fecham, mas o meu carinho sempre vai ser enorme com o Botafogo. Foi um clube que me apoiou, como eu falei, desde o começo. Todo mundo ali do clube, os funcionários, os companheiros ali, para mim são uns irmãos, sabe? Que me ajudaram desde o início, junto com o Botafogo. No início, foi um pouco difícil também para mim, que eu cheguei e logo me lesionei, mas que depois eu dei a volta por cima e pude ganhar dois títulos importantes para o clube. E claro, é muito difícil sair do nosso país, sair do clube que a gente concretizou muitas coisas boas, sabe? Mas no futebol sempre tem isso, nem sempre você vai ficar no seu clube que você está adaptado aos seus companheiros, aos funcionários, aos torcedores. Temos que concretizar outras coisas na vida também, mas vou te falar que foi um pouco difícil para mim, mas que graças a Deus aqui no Zenit eu consegui me adaptar muito rápido. Aqui também tem bastante brasileiro, tem o nosso auxiliar técnico Willian, que é brasileiro também, ajuda bastante a gente, então estou muito feliz aqui, como falei. Quero fazer história aqui no Zenit também, ganhar títulos que o clube sempre almeja ganhar, então é isso.
Grupo de WhatsApp do Botafogo 2024
– Tem grupo sim. É uma resenha dos caras lá, do dia a dia. Fica um gastando o outro. Os caras gostam mais de gastar o Júnior Santos, do estilo dele, fraco. Às vezes eu estou lá, às vezes eu brinco lá. Até agora o Rafael mandou uma mensagem lá, me gastando, que eu botei um negócio no Instagram do dia da Consciência Negra, aí eu botei uma foto no Instagram que era a minha foto com a camisa do Zenit azul. Aí o Rafael falou “está de brincadeira, pô, é Consciência Negra azul”. Aí foi, deu uma brincada comigo, aí eu dei uma risada lá. Tem sempre aquela resenha boa, né? Tá todo mundo, o Tchê Tchê, tá o Danilo, tá Marçal, tá Igor Jesus, tá todo mundo lá. O Almada tá no grupo, o Savarino tá, todo mundo. O Almada gosta da resenha também.
Projeção para o futuro
– Quero cumprir meu contrato aqui no Zenit, mas sim, eu tenho um sonho de jogar num time da Inglaterra, disputar a Champions League, quero muito, tenho um sonho desde criança. Sempre quis jogar na Inglaterra. Tem uma equipe lá também que eu sou fã, que eu gosto muito, que é o Arsenal, tem o Manchester City também. São equipes que muitos dos meus amigos e familiares falam que eu tenho a cara do Arsenal, que eu encaixaria muito bem ali, mas como eu falei, quero cumprir primeiro meu contrato no Zenit, pra depois, quando eu tiver essa oportunidade e puder estar concretizando esse sonho que é meu e da minha família.
Decisivo em clássicos
– Tudo é igual, mas, claro, todos os clássicos, assim, a gente entra diferente, a gente entra com um espírito a mais, porque clássico é clássico, clássico tem que ganhar de qualquer jeito, não importa. Então, os clássicos que eu entro ali, eu entro um pouco, sabe, com mais vontade de jogar, de querer mostrar, porque todo mundo está vendo, todo mundo está observando. Não que no outro jogo eu entro mais devagar, não é isso, mas clássico é muito importante para equipe e para mim. É diferente para mim individualmente. Então, por isso que em todos os clássicos aí no Brasil eu pude fazer gols e foi muito importante também pra minha carreira e, assim, para os meus companheiros e para o clube.








