Experiente, Marçal tem liderança interna no Botafogo e papel que poucos conhecem. Um deles é potencializar outros jogadores, seja com o exemplo ou com uma palavra. Em entrevista ao canal “Amigos Futebol Clubes“, o lateral-esquerdo deu exemplo.
– O Montoro, no primeiro treino dele, eu lembro que ele pegou a bola e tal, ele balançou, e não sei quem falou assim “toca a bola”. E ele estava na minha frente. Aí eu falei assim “não ouve, não ouve”. Só que ele estava querendo fazer. O pessoal está falando, “dá, dá, dá, dá”, ele quer fazer. Eu falei, “irmão, se você ficar dando a bola, passando a bola, dominando, passando pra cá e tocando a bola, eu faço isso, cara. Você é camisa 10. Não é para fazer isso. Balança, vai pra cima dos caras”. Então, os jogadores com um pouco mais de experiência conseguem chegar e falar assim, “faz”. E aí, os outros que normalmente ficam, “dá, dá, dá”, já começam a ficar mais quietinhos e falam, pô, realmente. E isso faz uma diferença. Dá uma confiança pra ele, né? – explicou Marçal, que citou caso parecido com Luiz Henrique em 2024.
– Eu lembro que o Luiz Henrique, se você olha os primeiros jogos do Luiz Henrique, você vê um cara ajudando muito o lateral-direito, você vê o cara descendo lá dentro da área, defendendo e tal. Se você olhar os primeiros jogos do Luiz Henrique, não foi um rendimento maravilhoso, não. Ele saía, pode ter algum momento que ele botava a mão nas costas, já cansado. “Deixa o lateral se virar. Deixa o lateral se virar, irmão. Senão, você vai ficar correndo lá pra trás e eu preciso que você faça o gol”. E aí? Entendeu? E aí, ele, porra, eu acho que em algum momento que a gente dá uma palavra dessa, o cara ouve – acrescentou.
Outro exemplo foi Jeffinho, que tem parceria de longa data com Marçal.
– No ano em que ele sobe, 2022, eu falava “Jeffinho, não precisa descer do meio-campo. Não baixa, irmão. Só volta um pouco no meio, viu? Se tiver dois para um aqui, eu vou pegar. Mas se eu der a bola e você devolver, eu vou te matar. Vai pra cima dos caras”. Eu estou marcando dois para um, roubei a bola, dou nele, ele joga para mim de novo. Porra. É hora de você virar pra frente e agora matar o lateral dos caras, porra, os zagueiros dos caras, os volantes dos caras. O moleque jogou para cacete, agora está jogando bem novamente, bem fisicamente, melhorou para caramba – completou.