O Botafogo chama a atenção em 2024 pelo investimento no elenco, com contratações envolvendo grandes cifras. A política é do clube e da Eagle Football, pensando em valorizar ao máximo e potencializar os jogadores. Em entrevista ao “Bola da Vez“, da ESPN, o CEO da SAF, Thairo Arruda, explicou o modelo.
– Minuto em campo é uma moeda. O Botafogo só consegue monetizar venda de atletas que jogam, que têm oportunidade de jogo. A minutagem é importante. Outro conceito importante é que a minutagem do Lyon e do Crystal Palace vale mais que a do Botafogo, tanto que os atletas desses clubes são vendidos por valores muito maiores que os de qualquer clube brasileiro. Tentamos maximizar a alocação de minutos em campo para os ativos da holding. Agora estamos recebendo o Mohamed El Arouch, do Lyon, lá ele não teria minutagem necessária enquanto no Botafogo pode ter para desenvolvimento. Adryelson e Lucas Perri atingiram pico de valorização no Botafogo, a alocação no Lyon faz atingirem outro pico de valorização. Em vez de fazer venda direta a outros clubes, mantendo na holding, se performarem no Lyon, mantemos o ritmo de crescimento e captura do valor do ativo – relatou Thairo Arruda.
Já em relação às maiores contratações, como Luiz Henrique, Thiago Almada e Matheus Martins, a aposta é que os jogadores vão se desenvolver e valer ainda mais.
– Luiz Henrique entra no mesmo grupo do Thiago Almada e em conceito que envolve Matheus Martins. São jogadores com idade que já performam em altíssimo nível, mas ainda não atingiram o pico de performance. A tendência é de que com a aposta em investimento nesses atletas vamos conseguir extrair mais valor no futuro, primeiro porque dão resultado em campo, segundo porque o pico de performance ainda vai chegar. Quando chegar, todo esse valor que parece astronômico, 20 milhões de euros, vai valer o dobro. Ainda mais que temos condições de alocar no Lyon, podemos potencializar, fazer valer 60 milhões de euros. O upside é maior que o downside. Dificilmente vamos ver atleta como o Matheus Martins valer menos que 10 milhões de euros. Obviamente, estamos falando de seres humanos, pode ser que um caso ou outro tenha perda de valor, mas é um risco controlado. E quando se investe em portfólio se minimiza o risco, em relação a apostar em um jogador só – destacou Thairo, que acrescentou.
– Esse tipo de movimento vai ocorrer a todo instante, é assim que operamos e que vamos operar. A grande questão é que temos que ser capazes de repor qualquer perda. A capacidade de reposição é muito mais importante que a perda – frisou.
A ideia é que a Eagle Football seja conectada e funcione como trunfo para seus clubes.
– Esse conceito multiclubes é muito novo no mercado, estamos sendo pioneiros, John Textor é disruptor, buscando criação de vantagem competitiva para a Eagle. Estamos construindo de forma orgânica. É interessante porque toda vez que se tem holding o que se busca é sinergia, tanto de eficiência financeira, redução de custos, eficiência operacional etc. Em outros grupos, não estamos vendo conexão grande, captura de sinergia substancialmente importante. Considero que somos o primeiro multiclubes a construir essa sinergia de forma bem clara. Temos um pote único. Um atleta vendido pelo Lyon, como a Eagle tem 92%, o dinheiro é da Eagle, pode realocar em compras para o Botafogo – lembrou.
Quem pode ser fundamental em todo o processo é o técnico Artur Jorge, escolhido a dedo pelo Botafogo.
– No processo de busca, de fato, já estávamos sem o diretor (de futebol). Mas a maturidade da empresa está muito alta, o Alessandro Brito assumiu a função do André Mazzuco na saída. É o pensador do futebol. O nome do Artur Jorge veio pelo John, que trouxe e negociou. O processo todo foi muito criterioso. Normalmente, quando se traz treinador novo, tem características de jogo, noção de projeto. O que tínhamos era maturidade de projeto, elenco, não precisávamos de treinador para chacoalhar o barco. Precisávamos extrair o melhor do elenco com algumas peças novas, dentro de noção de projeto multiclube, um treinador que entenda que é importante ter jovens no elenco. Tem treinador com característica de confiar em jogador experiente, não em jovens, precisávamos de um mix. Aprendi muito no processo de escolha do treinador. Achei que o critério foi perfeito, de maximizar o elenco com característica de Eagle, de holding. Tanto que chegamos no nome do Artur, que tem se mostrado escolha correta – finalizou.