Marcelo de Lima Henrique diz que árbitros ‘ganham pouco’ e nega erros contra o Botafogo: ‘Não lembro de ter prejudicado o clube’

Marcelo de Lima Henrique, árbitro de futebol
Reprodução/Charla Podcast

Árbitro de futebol, com 50 anos e hoje ligado à Federação Cearense de Futebol, Marcelo de Lima Henrique deu entrevista ao “Charla Podcast” na última semana e falou sobre sua profissão. Um dos temas foi quanto os juízes ganham, o que ele julga como “pouco”.

Na Série A do Brasileiro, árbitro Fifa e Master ganha R$ 5.500 por jogo. Falei isso no meu trabalho, disseram “é muito”. Mas é pouco. Uma placa parada custa R$ 50 mil. É pouco pelo que representa o futebol. Ano passado fiz 14 jogos de Série A, é pouco pelo investimento, pelo seu gasto. Tem mais R$ 800 de diária, hotel pago, passagem aérea. Você paga imposto. Volta com R$ 6 mil para casa. “Ah, para o torcedor brasileiro está ganhando muito”. Concordo. Mas para a atividade, tudo que envolve o futebol, é pouco. Se você fizer quatro jogos por mês, R$ 20 mil seria bom? Seria. Mas tira no máximo R$ 15 mil no futebol pentacampeão, com jogador da base ganha R$ 30 mil. Vou nem falar dos jogadores profissionais para não dar tristeza (risos) – brincou.

O juiz recebeu muitas perguntas e críticas de botafoguenses durante a transmissão. Afinal, foi o árbitro da derrota do Botafogo por 2 a 1 para o Flamengo na final da Taça Guanabara de 2008, na qual cometeu uma série de erros. Ele garante que nunca prejudicou o clube.

Gosto de falar de coisas pontuais. Se puder falar pontualmente… Mas não acho que prejudiquei não, em nenhum momento. Apitei algumas finais, ganhou umas, perdeu outras, mas não me lembro, se falar um fato exato podemos debater. Não lembro de ter prejudicado o clube em nenhum momento, e sempre fui respeitado por esse clube, sempre me dei bem com as pessoas ali. Tive lesão, uma pessoa que tem clínica aqui fora me ajudou muito. Não acho que prejudiquei o time dele – afirmou Marcelo de Lima Henrique, que explicou o pênalti marcado de Ferrero sobre Fábio Luciano.

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– Acho que qualquer torcedor racional vai ver que foi pênalti. Na segunda após o jogo, quando eu estava engarrafado indo para o trabalho, a capa do jornal era o jogador quase tirando a camisa do outro. Entendo reclamações porque não se marcava muitos pênaltis assim. Convido a pesquisar em 2010, final de Taça Rio ou Guanabara, saiu matéria “mesmo árbitro, mesmo critério”. Campeão com penal que eu marquei da mesma maneira. O zagueiro era o Geder ou o Titi, segurou o Loco Abreu. Entendo as paixões. Não prejudiquei. Se olhar a imagem, vai ver que eu acertei – assegura.

O ex-árbitro, que começou no futebol como goleiro e não foi aprovado no Botafogo, falou mais desse jogo. Segundo ele, “mudou sua vida”.

– Tem que contextualizar. Pegar o jogo fica difícil. Vinha sendo disputado Flamengo x Botafogo desde 2007, já tinha tido reclamação. Foi meu primeiro clássico que apitei no Rio, Flamengo x Botafogo final da Taça Guanabara, só tinha feito um clássico antes pela CBF, Flamengo x Vasco. Essa final da Taça Guanabara mudou minha vida em vários aspectos. Para eu saber onde estava inserido realmente, sofri ameaças de tudo quanto é tipo, colocaram meu endereço e telefone no Orkut. Não tomei atitude, segui minha vida, tomando cuidados, passei horas respondendo “Deus te abençoe” a torcedores. Não ofendi ninguém, entendo a emoção do torcedor. Mudou minha vida, olha a grandiosidade do futebol carioca. E mudou minha carreira como árbitro, ali comecei a ser visto como árbitro corajoso, que não importava o que passou, se teve problema no outro ano, tomava a decisão mais correta. Primeiro jogo do Brasileiro, Flamengo x Botafogo, era eu apitando também. Os clubes pediram para eu sair da partida, fui apitar. Sabe quanto foi? 1 a 0, Flamengo gol de pênalti aos 40 e poucos do segundo tempo (Nota da Redação: o árbitro não marcou um pênalti claro sobre Jorge Henrique na partida). Certo ou errado, ali mudou minha carreira. Obviamente o time que perde fica chateado com o Marcelo. Eu queria ficar bem com todo mundo, mas não é assim funciona. Passei a receber pressão de todo lado, mas faz parte, assim é forjado o homem. Não me arrependo de nenhuma decisão que tomei na partida. Toas foram bem embasadas no que acredito de futebol. É página virada, acredito que fiz uma grande partida – completou.

Veja o vídeo abaixo:

Fonte: Redação FogãoNET e Charla Podcast

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