Mário Bittencourt, presidente, do Fluminense detona arbitragem de jogo com Grêmio: ‘Imaturidade e má intenção’

Mário Bittencourt, presidente do Fluminense
YouTube/Flu TV

Presidente do Fluminense, Mário Bittencourt aumento a lista de reclamações contra a arbitragem no Campeonato Brasileiro. Ele detonou o árbitro Matheus Delgado Candançan após o empate em 1 a 1 com o Grêmio, nesta sexta-feira, no Maracanã, e chegou a falar em “má intenção”.

Leia abaixo o desabafo do dirigente:

“Ao longo do campeonato, estive aqui só uma vez. Foi no dia do jogo do Vasco. Porque eu acho que é muito claro para vocês que eu prezo muito pelo equilíbrio do campeonato, equilíbrio das reclamações. Trabalho isso inclusive internamente, no sentido de que a gente tem que ter o máximo de equilíbrio pra enfrentar os problemas que a gente enfrenta no futebol brasileiro. E não são poucos. No jogo de sábado contra o Vitória, eu escrevi um texto no Instagram dizendo que a minha preocupação era com o futebol brasileiro. O nível de ruindade é muito grande. Não há uma rodada sequer que a gente não tenha erros absurdos e grosseiros com relação a quase todos os clubes. Mas no jogo de hoje, eu vou ousar discordar do que eu escrevi. E não estou falando do pênalti. Acho que o pênalti é até discutível, mas acho que foi pênalti”.

Mas você tirar cinco jogadores titulares de um time com cartões amarelos para um confronto que a gente tem na semana que vem é má intenção. O que aconteceu hoje aqui foi má intenção. E eu não tenho nenhum problema em dizer isso publicamente, porque eu já disse lá pra ele. E mandei ele botar na súmula. Primeiro, não havia nenhum motivo pra dar oito minutos de acréscimo no jogo de hoje. A gente já teve jogos aí perdendo que se gastou… O próprio jogo do Vitória, no sábado, o árbitro deu quatro minutos. Então quando a gente joga fora de casa, toma um gol aos 45 de um pênalti inventado, que foi o que aconteceu no sábado, o juiz dá quatro minutos. E aí eu ouvi o final da resposta do Mano (Menezes) aqui. A gente vê futebol, eu vejo futebol desde os meus cinco anos de idade, tenho 46, são 41 anos vendo futebol. Um bom árbitro administra uma partida com inteligência, com equilíbrio. Hoje só o Fluminense jogou, sem nenhum demérito ao Grêmio. O Grêmio é um grande time, a gente sabia que era um confronto muito difícil. Hoje a gente sofre um a zero, vira o jogo para dois a um, limpamente, jogando uma grande partida. E em nenhum momento o Fluminense atrasou o jogo, fez cera, nós não tivemos uma intervenção do VAR no jogo. E ele deu oito minutos de acréscimo no segundo tempo, com a nítida intenção de deixar o jogo correr mais tempo.”

“E dentro desses oito minutos, após acontecer o pênalti, que salvo engano foi aos 50, ele tira o Fábio, o Thiago Santos, o Ganso, o Arias e o Kauã Elias (do próximo jogo). Fez o serviço bonitinho. Tirou o goleiro, tirou o zagueiro, tirou o meia e os dois atacantes principais do Fluminense. Então assim, com todo respeito. Eu não conheço um árbitro que apite um jogo e não saiba a lista de pendurados. Na verdade, esse rapaz tem uma mistura de imaturidade com má intenção, porque ele já apitou outros jogos nossos, mas hoje ele foi mal intencionado e imaturo. Porque eu já vi vários árbitros apitarem semifinais de competições importantes e saberem que não podem tirar jogadores de uma final importante, a não ser que, obviamente, o jogador ultrapasse todos os limites ou faça uma falta para cartão vermelho, etc. Então, o que aconteceu hoje foi vergonhoso. Repito, não o pênalti. Não estou entrando no mérito do resultado do jogo, da justiça do resultado do jogo. Mas são cinco anos como presidente do Fluminense e todas as vezes que eu me manifestei, me manifestei tecnicamente. Mas hoje não tem como me manifestar tecnicamente. Até no jogo de sábado do Vitória, o Barradão é um estádio onde o camarote fica encostado no campo, a gente consegue descer e ir direto ao campo. A gente conversou com o árbitro, eu, nosso vice-presidente, a gente perguntou para ele, ele falou que havia visto um empurrão nas costas. Deu a justificativa dele. Mas hoje, o nível de arrogância desse rapaz, o nível de imaturidade dele hoje, o nível de má intenção dele de esfacelar o Fluminense para o jogo da próxima sexta-feira, foi uma vergonha. Eu falo aqui com a maior tranquilidade do mundo. Ele deu acréscimos que não tinha nenhuma necessidade. O jogo não foi um jogo para oito minutos no segundo tempo, nem de perto foi isso. O jogo correu o tempo inteiro. O Fluminense atacou, atacou, atacou, atacou, atacou e ele beneficiou o time que não atacou, que não jogou o futebol. E no final, teve o desplante de liquidar a gente para a semana que vem. Então, é lamentável“.

“Eu, na semana passada, escrevi que a CBF precisa se posicionar, porque a mudança de critério é semanal. Não sei se vocês sabem, mas no dia que o Matheus Martins deu a cotovelada no Cano (Fluminense 0 x 1 Botafogo), na reunião de segunda-feira que a CBF faz sobre a arbitragem, o presidente da comissão de arbitragem e todos os árbitros presentes reconheceram que era pênalti e expulsão. E na segunda, agora, mais uma vez, reconheceram e pediram desculpa dizendo que não foi pênalti. Porra, não é possível. E não se vê nenhuma medida. Se afasta o árbitro, o árbitro fica dez dias fora, aí volta, aí apita a Série B. A punição é botar o cara para apitar a Série B, como se a Série B não fosse uma competição importante, enfim. E todas as outras, a C e a D, não importa. Tem que ter os árbitros em todas as competições. Eu sou um defensor de que a gente possa ter meios de melhorar, mas no lance do Vasco, por exemplo, fiz aquela reclamação formal. A resposta que eu recebi foi a câmera que a gente usa no VAR é a mesma câmera da TV que transmite o jogo. Aí eu perguntei, “quer dizer então que não é uma competição que tem quatro televisões transmitindo, é uma tecnologia para cada jogo dependendo da tecnologia da televisão?”. Aí a resposta foi “OK. É isso mesmo”. Aí eu vou internamente e falo para os jogadores. Falo para o treinador, falo, “olha, gente, não tinha uma câmera para ver que a bola bateu na mão do Vegetti. Aí a gente joga contra o Atlético-GO, a bola sai um palmo e eu vou lá e faço a mesma pergunta. “Ah não, a tecnologia é a mesma, mas os ângulos da câmera são diferentes”. Porra, não tem como esse troço dar certo assim. É uma esculhambação completa e absoluta. Não há uma semana que não se tem uma resposta concreta sobre absolutamente nada. Há sempre uma justificativa para o que acontece. Então, aí daqui a pouco ele começa a discutir a tecnologia do impedimento, aí o VAR entrava em todos os jogos, aí na última rodada o VAR não entrou. Aí hoje, assim, há um lance de pênalti. Aos 50 minutos, como há um lance de pênalti, pode-se haver discussão, mas eu acho que foi pênalti. Então, a discussão não é o pênalti. A discussão é a má intenção de esfacelar a gente. Mas existe um árbitro vendo na televisão, no ar-condicionado. Então não é possível que o árbitro não chame para ver. Porque eu já vi o lance de hoje algumas vezes e há a possibilidade de haver uma interpretação de que o atleta do Grêmio botou o pé primeiro e depois projetou o corpo, em que pese o Fábio ter ido de encontro a ele. Então por que não intervir um pênalti aos 45 minutos num pênalti aos 50 para poder ver? Então assim, se vocês pegarem a leitura labial dele, eu estava na cabine e estava vendo o jogo na televisão. Ele já fala no microfone para o VAR. Não precisa nem contratar ninguém para fazer a leitura labial, não. “Goleiro chegou atrasado e derrubou o atacante, é pênalti”. Ele já falou antes. Ele foi incapaz de perguntar, “e aí? O que você viu aí de cima?” Então assim, vem premeditado para fazer certas coisas, infelizmente. É isso. Lamentável que a gente esteja aqui sempre falando dessa história. E eu falo tranquilamente, porque vocês podem resgatar aí cinco anos como presidente, cinco anos e meio“.

“Essa é a segunda vez que eu venho. Primeira naquela do Daronco, e agora dessa vez. Ah, tem muita gente que grita, que reclama, que chuta a grade, etc. Mas fica difícil, a gente não tem o que fazer, né? A gente faz o ofício, a gente vem aqui e fala. Vocês da imprensa são críticos quanto mais a falta de critério e ao trabalho que está sendo feito. Mas o que a gente pode fazer? O que a gente pode fazer é vir aqui e clamar para que as pessoas minimamente botem a mão na consciência. Os que dirigem, os que trabalham dentro do campo, para ver o que está acontecendo. Entende? Porque a gente tenta trabalhar de maneira correta, enfim, obviamente que isso aqui não é nenhuma isenção de responsabilidade, absolutamente nada. Nós, enfim, estamos fazendo um ano muito difícil e a gente tem consciência disso. Mas é muito difícil também que quando a gente jogue o jogo que a gente jogou hoje, a gente saia prejudicado como a gente saiu.”

Fonte: Redação FogãoNET

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