Marlon Freitas abre o coração: ‘Sou apaixonado pelo Botafogo. Eu não sou nada sem o Botafogo’

Marlon Freitas, do Botafogo
YouTube/Romário TV

Líder, capitão e campeão brasileiro e da Libertadores, Marlon Freitas é ídolo do Botafogo? Ao recebeu esta pergunta de Romário, o volante abriu o coração e foi sincero sobre sua relação com o Glorioso.

– Eu não tenho essa dimensão, hoje. Eu vejo muita gente ao meu redor, familiares, alguns torcedores também, quando me abordam em algum lugar, falam, “cara, você é ídolo, você é isso, você é aquilo. A tua história, tudo o que você viveu, enfim”. Já teve torcedores, cara, falando “eu te critiquei, pedi fora do clube, e hoje, pô, você é peça fundamental”. Então, assim, eu não me considero ídolo, hoje. Eu não tenho essa dimensão. Mas, assim, cara, tem uma caminhada ainda pela frente e eu quero conquistar mais títulos aqui e eu sei o que marca o jogador no clube. Acho que são as conquistas, mas, assim, cara, acho que meu propósito é maior. É maior do que só taças, entendeu? Acho que é dentro do clube, fazer com que essas pessoas acreditem no processo. Tem um processo para poder chegar lá. Não é simplesmente chegar lá e ganhar. Não é fácil. Não foi fácil o 23, como eu falei. Foi o ano que deu esperança. Estamos em ano que não conquistamos alguns objetivos, mas, assim, eu não me considero um ídolo. Depois que eu sair, depois que isso tudo terminar, acho que eu vou conseguir ter uma dimensão melhor, vou conseguir entender o feito. A ficha vai cair. Inclusive fizeram homenagem para mim com o bandeirão lá. Então, assim, eu não esperava. Eu fiquei muito feliz. Para mim, cara, é um orgulho. Sou apaixonado pelo Botafogo, faz parte da minha história. Eu não sou nada sem o Botafogo. Acho que ninguém me conheceria, ninguém conheceria o Marlon de hoje se não fosse o Botafogo, por tudo que o Botafogo me deu – declaou Marlon Freitas.

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Início no Botafogo

– Eu cheguei já no segundo ano da SAF Botafogo. Mudou muito a questão de estrutura. Hoje a gente consegue ter uma estrutura, cara, de excelência. Tanto que o Botafogo trouxe grandes jogadores. Estou aqui do lado de dois grandes jogadores. O Alex Telles, pelos clubes que passou, que jogou, a história que tem. Alexander Barboza também, dois grandes jogadores. Assim foi com o Luiz (Henrique), com o (Thiago) Almada, enfim. Grandes jogadores vieram e tiveram a honra de vestir a camisa do Botafogo. Pela estrutura, pelo trabalho que é feito. E assim, eu cheguei no segundo ano. A gente não tinha essa estrutura que a gente tem hoje. Foi difícil, mas a gente tinha um grupo muito bom em 23. Um grupo muito família. E a gente fez aquele primeiro turno, vamos dizer assim, avassalador. Infelizmente a gente não conquistou o título naquele ano. Mas eu coloco que 2023 deu esperança para o ano seguinte. Tanto que o clube fez grandes contratações. Como eu falei, estão aqui dois grandes jogadores que nos ajudaram muito no ano passado. Jogadores importantes, questão de liderança também. Isso conta muito. Então assim, cara, eu estou muito feliz de estar aqui. Muito feliz do Botafogo ter me escolhido. E para mim é uma honra vestir a camisa do Botafogo. É uma honra levar a faixa de capitão. Eu sei da minha responsabilidade. Então assim, cara, 2023 foi um ano bom, mas o final foi difícil. Mas foi um ano que nos deu esperança para a gente fazer o grande ano que a gente fez no ano seguinte.

Virada de 2023 para 2024

– Foi muito difícil. torcida pegando no pé, né, pedindo a minha saída. E assim, cara, eu acho que foi mais pelo gesto infeliz (piscadinha). Eu assumo a responsabilidade. O que eu mudaria daquele ano foi aquele gesto que eu fiz. Quem me conhece sabe do meu caráter, da minha pessoa. Tanto que quando a gente ganhou os títulos no ano passado muitos esperavam que eu fosse fazer a piscadinha. Mas, cara, jamais. Porque eu não sou aquilo ali. Aquilo ali não era o Marlon, né? Eu errei. Fiquei chateado com algumas coisas, mas faz parte. E uma coisa que me fez permanecer assim foi a parte da confiança, da diretoria, da confiança das pessoas aqui dentro. Porque, cara, eu sei que tem torcedores aqui dentro que trabalham dentro do clube. E em nenhum momento eles confundiram, sabe? Sempre profissionais, sempre me tratando bem. Eu acho que eles me trataram melhor em 24 do que em 23. E eu acreditava. Eles acreditavam em mim. Até porque eu acho que eu assumi uma responsabilidade. Comecei a exercer a função de capitão no meu pior momento. E, assim, quando professor Tiago Nunes que me chamou, ele queria fazer uma mudança na questão das lideranças e tal. E ele me viu com o perfil. E eu lembro que ele me chamou e falou “eu quero que você seja um dos capitães e tal, você aceita”? Eu estava passando por um momento muito difícil, profissionalmente. E em nenhum momento eu recuei, porque em todos os lugares que eu passei sempre exerci essa função. Falei, eu aceito. E foi até uma coisa curiosa que teve um jogo, ele ia revezando, assim, os capitães. Teve um jogo do Carioca, lá em Volta Redonda, que eu chego no vestiário e está a faixa de capitão no meu armário. E eu mando uma foto pra minha família. “Pô, o que é isso aí?” Falei, “pô, a faixa de capitão”. “Pô, você é maluco, cara, você é muito doido”. Falei, “não, é uma responsabilidade que eu tenho que carregar. Eu cheguei aqui com muita responsabilidade, com muito trabalho. E eu vou fazer as coisas acontecerem”. Eu acredito muito, quando você passa esse momento difícil, Deus tem algo pra você lá na frente. Só que eu não sabia que eu ia viver isso um ano depois. Eu sabia que tinha algo reservado pra mim, sabia que tinha algo reservado pro Botafogo. Só que eu não sabia se a gente ia viver isso junto. Cara, e Deus é tão maravilhoso que a gente conseguiu viver isso junto. Hoje, assim, tem um carinho dos torcedores. Hoje os torcedores me respeitam por tudo que eu fiz dentro do campo. Cara, eu acho que eu não mudei a minha imagem na mídia falando, não. Eu mudei a minha imagem com trabalho, com dedicação. E não mudei sozinho, cara. Se não fossem esses caras do meu lado, eu acho que eu não conseguiria. Se não fosse a confiança da direção, dos treinadores, do Tiago Nunes, ter dado esse pontapé inicial de me colocar como um dos capitães, o Artur Jorge também em seguida. Eu lembro também que tinha uma situação onde eu podia sair e ele me chamou e falou, “cara, eu preciso trabalhar com os melhores”. E é assim, você sente quando é uma coisa verdadeira, como uma palavra, sabe? E eu senti uma confiança muito grande dele. E ele falou assim, “eu preciso trabalhar com os melhores. E pra mim você é um dos melhores. Eu quero você aqui e eu vou te ajudar”. E cara, ele me ajudou muito. Assim como o elenco todo. Então assim, foi difícil, mas com trabalho, com dedicação. Eu superei. Cara, foi uma honra ali, junto com meus companheiros aqui, levantar as duas taças. Libertadores, é um clube centenário, é algo que vai ser lembrado para sempre. Então assim, eternizado. Foi algo inexplicável. Eu estou muito feliz. E agradecer, cara, os torcedores que acreditaram. Os que não acreditaram também, cara. Me impulsionaram, me motivaram. E hoje, cara, ter o carinho dos torcedores para mim é fundamental.

Em que jogo percebeu que Botafogo seria campeão?

– O do Palmeiras. Por tudo que aconteceu no ano anterior, pelos jogos, assim, Palmeiras e Botafogo começou a ser um jogo acirrado, uma disputa até mesmo fora de campo, vamos dizer assim. Então, assim, era um jogo especial e eu vi que a gente ia ser campeão. Porque quando você olha o chaveamento, a gente pega todos os clubes campeões de Libertadores. O Botafogo era o único que não era campeão. É uma parada, tipo assim, que a gente tinha que passar por aqueles clubes. Aqueles clubes sabiam o caminho, sabiam como ganhar. O Botafogo, não, irmão. Só que a gente tinha que enfrentar eles, senão, entendeu? Acho que o Palmeiras e o São Paulo, quando a gente passou desses dois adversários, Peñarol pela tradição, eu sabia que ia ser um jogo difícil, mas pelo Palmeiras e São Paulo, por disputar o Campeonato Brasileiro, a gente está sempre se enfrentando, são difíceis… E eu falei “cara, se a gente passar pelo Palmeiras e pelo São Paulo, vai dar nós, vai dar nós”.

Força do elenco

– Eu acho que para você disputar essas duas competições, primeiro você tem que ter um elenco muito qualificado, e a gente tinha um elenco muito qualificado. Se você pegar todas as posições, a nossa competitividade interna era muito grande. Muito grande, cara. A gente fazer um coletivo aqui era absurdo. O treinador não sabia quem escalar, ele sabia que estava todo mundo preparado. Então assim, eu acho que a gente criou uma margem no Brasileiro em algum determinado momento da competição que a gente conseguiu, em algum jogo, um jogador que estava sobrecarregado, cansaço, a gente conseguia mudar um pouco, sabe? E a gente conquistava os resultados. Por quê? Porque tinha competitividade interna, porque tinha jogadores de qualidade. Então assim, para você ser campeão dessas duas competições, para mim você tem que ter um elenco muito qualificado. A gente tinha.

Ganhar o Brasileiro após a Libertadores

– Foi difícil, porque, assim, a gente estava até comentando aqui nos bastidores, acho que eu nunca chorei tanto na minha vida. É um choro de felicidade por toda a trajetória, assim, particularmente o que eu vivi no ano anterior e ter minha família ali, cara, naquele momento, acho que foi algo muito especial. Assim, eu sempre falo que só faltou o meu pai ali de presença mesmo, mas eu sei que ele ficou muito feliz lá de cima, ele estava assistindo. E a gente tem a nossa comemoração lá na Argentina, cara, festa, aquela coisa toda, sem dormir, e a gente vem para o Brasil, a gente vai direto para Botafogo, a gente faz aquela passeata ali, aquela coisa toda, praticamente dois dias sem dormir. E a gente vem no outro dia treinar para viajar e jogar com o Inter. Foi um jogo, cara, acho que a gente só fez o gol. Foi o bastante, né? Porque assim, a gente não fez nada naquela partida, porque estava todo mundo muito cansado, muito cansado. O Artur Jorge, no dia anterior da viagem, ele cobrou muito e falou “eu não estou satisfeito, a gente tem chance de fazer essa dobradinha, poucos times fizeram. Se eu não me engano, quatro. Então a gente tem essa oportunidade, de ganhar um título inédito para o clube e são 30 anos que o clube não ganha um Brasileiro. Então está na nossa mão, cara”. Foi um jogo difícil, e a gente, o gol do Savarino, a gente treinou aquela jogada um dia antes do jogo. Acho que foi a única coisa que a gente fez naquele dia, foi aquela jogada de bola parada. E deu bom. Graças a Deus deu muito certo. A gente tinha esse objetivo de fazer essa dobradinha, e a gente conseguiu.

Confusão provocada pelo Atlético-MG no Brasileiro

– Eu acho que ali foi mais uma estratégia do lado de Atlético, era um confronto de pré-final. Eles tentaram tirar a gente, tipo, cara, vamos dizer assim, da casinha. Tentar desestabilizar. Tipo assim, falaram até que eu chamei também, que eu falei, mas eu não tinha falado nada, eu estava ali separando. Aí depois falaram que não fui eu. Então foi uma situação mais assim para tentar desestabilizar a gente. E assim, depois desse ocorrido que aconteceu ali, a gente se reuniu no vestiário, o Artur Jorge já falou, “cara, a gente tem que jogar bola. Se a gente jogar bola, a gente vai ganhar o jogo. A gente vai ganhar o jogo”. Só que ao mesmo tempo a gente não ia fugir da confusão, irmão. A gente não ia fugir. É o que a gente fala ali na roda, é um por todos, todos por um.

União interna

– O nosso grupo era muito bom, irmão. Teve até uma situação que a gente fez um churrasco aqui no CT. Para mim, eu acho que ali a gente ganhou o campeonato. Fizemos um churrasco, cara, o Artur Jorge, a comissão, nunca viram pipa, irmão. A gente comprou umas pipas, umas linhas. Tinha gente correndo, pipa voada, pá, rapaz. Então, tipo assim, coisa do carioca, irmão. Pipa, confraternização, a gente unido, a gente brincando, porra, jogando baralho, aquela coisa toda. Então, a gente era um grupo muito unido. Eu acho que esse dia, cara, me marcou muito. Porque você viu o sorriso, a pureza de todo mundo. Simplicidade, descalço, sem camisa, todo mundo correndo. Pô, o moleque cortou o dedo, cara. A linha passando assim, irmão, e eu correndo, pega, vai. Pô, tipo assim, esse dia, cara, esse dia foi muito especial pra mim, porque eu falei, cara, que grupo, grupo foda.

Lideranças do elenco

– Estou aqui do lado de dois, dois caras que fazem parte dos líderes do grupo. Dois caras que eu tenho uma amizade muito grande, um respeito por tudo que fizeram aqui e fazem ainda, mas pela pessoa, o caráter. Então o (Alexander) Barboza e o Alex (Telles) são dois caras que eu entregaria a faixa de capitão com a maior tranquilidade do mundo porque eu sei que antes de eles liderarem as pessoas, eles vão ser líderes deles mesmos. Primeiro, entendeu? Eu carrego isso comigo. Antes de eu ser líder do Alex e do Barboza, eu tenho que ser o líder do Marlon. Eu não vou falar algo que eu não acredito para eles. Isso não é liderança. Se eu passar algo para eles, é porque eu acredito naquilo e eu sei que eles vão comigo porque me conhecem, sabem da pessoa que eu sou, do meu caráter. Então acho que o Alex e o Barbosa fazem hoje parte dos capitães e como o Alex falou, e é pelo trabalho, pela dedicação deles, o respeito que os jogadores têm com eles. Então acho que o Alex e o Barboza seriam esses dois caras que eu passaria (a braçadeira).

Artur Jorge

– Eu tinha uma relação muito boa com ele, foi o cara que me ajudou muito. Claro que você fica triste, mas, assim, é uma decisão que a gente não consegue mudar, mas a gente sempre preza pela continuidade. Ainda mais se você vem de duas taças e tal, mas, assim, é algo pessoal também que a gente não sabe. Mas eu acho que a gente, eu particularmente, fiquei um pouco triste, com a saída dele, mas eu sabia que ele estava feliz também com a decisão dele. E a gente tem uma relação muito boa, cara, até hoje. A gente se fala, a comissão, a gente brinca pra caramba, então, acho que eu fiquei um pouco triste, assim, com essa saída dele.

Luís Castro

– Maneiro, cara do bem, eu acho que ele fez parte também da minha vinda para o Botafogo, era ele o treinador quando eu cheguei. E eu falo que eu fui escolhido porque não era qualquer jogador que estava passando, não era qualquer jogador que o Botafogo estava contratando. Quando surgiu a oportunidade de vir pro Botafogo, de assinar um pré-contrato pra mim, cara, foi algo assim, eu faleia” comissão técnica está confiando em mim, a direção”. Ele fez parte da minha vinda pro Botafogo e foi um cara muito importante pra mim, pra minha adaptação, me deu esse tempo de adaptação, de adaptar e depois, cara, me deu continuidade na equipe e, graças a Deus, eu consegui me firmar.

Seleção Brasileira

– Acho que é um sonho. Eu, particularmente, o ano passado foi a minha melhor temporada. E querendo ou não, eu criei uma esperança, só que eu sabia que tinha que ter continuidade. E passa muito pelo clube também. Eu acredito muito nisso. Quando você disputa taças, quando você está ali na parte de cima da tabela, querendo ou não, o treinador vai assistir os seus jogos, sabe que é uma equipe, querendo ou não, competitiva, tem valores, tem grandes jogadores. Então, assim, era um objetivo meu, pessoal, de ter uma oportunidade. Mas eu sigo trabalhando, é um sonho. A gente sabe que falta pouco para a Copa do Mundo. Eu não considero o grupo fechado, mas acho que 80%, na minha visão, na minha análise, está. Nada é impossível. A gente precisa estar trabalhando aqui. Tem um olho do treinador aqui (Davide Ancelotti). Foi o primeiro pensamento. Assim que anunciou, eu falei, cara, tem algo preparado. Tem uma chance, tem uma chance. Agora está mais perto.

Veja o vídeo da Romário TV abaixo.

Fonte: Redação FogãoNET e Romário TV

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