Capitão do Botafogo no histórico ano de 2024, com títulos da Libertadores e do Campeonato Brasileiro, Marlon Freitas contou os bastidores da conquista internacional em vídeo divulgado pelo canal “The Players’ Tribune”. Entre eles, a mudança de chave, o pedido de Artur Jorge por sua permanência, o sorteio das oitavas e o momento da certeza de que seria campeão.
Leia abaixo as falas de Marlon Freitas:
Mudança de chave
– Para mim, onde eu vi que tudo virou mesmo assim, foi o jogo de volta do (Red Bull) Bragantino. E ali tudo mudou assim, sabe? Eu senti que ia ser um ano muito abençoado. E aí a gente passa daquela fase, vem o mata-mata, o sorteio, a gente cai numa chave difícil também. Vem o Artur Jorge, ele conversa comigo, e de uma forma assim que eu falei, caramba, poucos treinadores conversaram comigo daquela forma. E ele fala que eu não ia sair porque ele precisava trabalhar com os melhores e eu estava dentro desse pacote. E aquilo ali para mim, tipo, eu falei, caramba.
Duelo com o Palmeiras
Sai o sorteio, eu falei, caraca, e nada de Botafogo, e sobrava o Palmeiras, alguns times ali difíceis, né? Todos ali. A gente sabia que ia ter uma dificuldade muito grande, mas sai o Palmeiras. Tipo, quando sai o Palmeiras, meu amigo já me olha assim, caraca, eu falei… Mano, e aí saiu a chave, as fases, o adversário que a gente pode pegar depois do Palmeiras até chegar na final. E era o caminho mais difícil, na minha visão. Talvez era o jogo das oitavas, pelo enredo que foi criado, tudo que foi criado no ano passado. E aí a gente consegue. Eu sabia que ia ser muito difícil, mas a gente ia passar. Mas passou ali, eu comecei a acreditar, que eu falei assim, acho que a gente vai ganhar a Libertadores.
Confronto com o Peñarol
– E aí a gente pega o Peñarol. O Peñarol também é um time experiente, um time que já sabe o caminho da competição. Mas foi o jogo que eu fiquei mais preocupado, como a gente ia reagir com vantagem, sabe? Como a gente ia lidar com essa vantagem, de que forma a gente ia encarar esse desafio com uma vantagem. Porque, querendo ou não, é difícil demais com 5×0 você estar no mesmo nível de concentração, aquela coisa toda e tal. Tipo, era difícil, era muito difícil. Então essa era uma missão difícil até para mim, entendeu? A mensagem que eu vou passar. Só que a mensagem que eu tenho que passar, eu tenho que fazer. Eu tenho que ser o primeiro a fazer. Ser capitão do time e tal. Um dos capitães, né? Eu preciso fazer. E aí a gente passa. Foi uma festa enorme no vestiário. Eu não estava acreditando que estava numa final de Libertadores, porque eu não imaginava chegar, sabe?
Ansiedade pela final
Eu não consegui dormir. Tipo, eu dormia de uma em uma hora. Eu acordava 3h da manhã e dormia 4h30. Eu não consegui dormir, eu não consegui pregar o olho. Foi o jogo que eu mais fiquei ansioso na minha vida. Na minha vida. Eu acordava, eu orava. Meu Deus, meu Deus. Eu nunca tinha vivido aquilo ali, né? Minha primeira Libertadores. Aquela atmosfera. E aí minha família tava lá, mandava foto, vídeo dos torcedores. Tipo assim, foi uma invasão. Eu falei, caramba, mano, que loucura. Eu falei assim, mano, é o jogo da vida. É o jogo da vida. E aí parece que o filme foi o contrário do ano passado, sabe? E era pra gente ganhar. O filme é pro Botafogo ganhar agora. Agora o filme é pro Botafogo ganhar, pro Botafogo no final ser feliz. E eu sabia que ia ser campeão. Eu queria dar um abraço no meu pai com a taça. Eu não falei nessas palavras, com a taça. Mas eu falei assim, eu só queria que acabasse o jogo e dar um abraço do meu pai.
Entrada em campo
– Quando eu entro no campo, eu só chorava. A câmera passando ali, aquela festa toda. E quando eu olhei, assim que eu entrei, muita gente, torcida do Botafogo, enfim, o estádio muito cheio, mas a torcida do Botafogo muito cheia. Eu falei assim, mano, que loucura.
Pós-expulsão de Gregore
E aí, os baixinhos se sacrificando de volante, Savarino, Almada. Eu fui para zagueiro. Tipo, sem vaidade nenhuma. E aí, o Luiz faz o gol. Mesmo com a menos, a gente começa a tocar bola, Almada, eu, o Savarino, a gente no meio começa a tocar bola, o Luiz. Ele (Artur Jorge) falou, a gente tem que jogar. E foi isso que o Mister entendeu. Ele falou assim, cara, se eu recuar o time, como que eu vou fazer gol? Tipo, é tudo ou nada. Aí, pênalti no Luiz. 2×0. Falei, caramba, esquece. Esquece.
Um por todos, todos por um
– Vem a imagem da família que o Mister levou no hotel, a família para visitar a gente. E tem uma foto que, no final, ele passa todas as mensagens que os familiares passaram para os jogadores no vídeo. Falaram, pai, irmão, a família toda mandando um recado para o jogador. Para nós, jogadores. E aquilo ali, todo mundo viu que… Tipo, falando, caramba, a gente chegou até aqui, como uma família. E aí, o Mister manda a gente fazer um círculo. Uma roda assim. Todo mundo, todas as famílias com jogadores, todo mundo. E aí, cara, acho que tinha ali, sei lá, quase cem pessoas dentro de uma sala muito grande. A gente fez todo mundo dando a mão. Abraçados, assim. E aí, o Mister falou, o Marlon vai falar um por todos, todos por um. Antes de eu falar, eu fui e falei assim, do jeito que a gente está aqui, a gente vai entrar no campo. A gente vai entrar com todo mundo que está aqui. Cada um vai representar a sua família lá dentro. Então, olha o tamanho dessa roda aqui. Olha o tamanho disso aqui. Não tem como.
Comemoração para o pai
– E eu saio do campo assim, eu desço as escadas, já chorando, tipo assim, não acreditando, não acreditando que eu tinha… Falei, mano, sou campeão da Libertadores, minha primeira Libertadores, sou campeão, sou campeão, consegui, consegui. E eu faço aquela oração ali, e eu nem vi quem estava vindo lá atrás, nem sabia que estava sendo filmado, porque eu fiz isso em todas, todas. Não foi algo assim, ah, vou fazer… Não. Tipo assim, algo bem pessoal mesmo. Fiz minha oração ali, e tal, falei para o meu pai que eu tinha conseguido, né, que era para ele.
Festa com a família
– Eu só peguei minha família, joguei para dentro do campo, e tipo, pô, eles estarem ali vivendo aquilo ali comigo, pagaram um preço alto para poder estar ali, abdicaram dos seus sonhos pra poder viver o meu. Aquilo ali é algo que eu vou guardar pra minha vida, aquela comemoração, o choro, o choro de alívio, falo assim, caramba, consegui, consegui vencer com a camisa do Botafogo.