Marlon Freitas revela que pensou que sairia do Botafogo após 2023, recorda discurso histórico e meta de Brasileirão: ‘Sabia que tinha algo muito grande para o clube’

Marlon Freitas, do Botafogo
Reprodução/The Players' Tribune Brasil

Capitão do Botafogo nos títulos da Libertadores e do Campeonato Brasileiro de 2024, Marlon Freitas contou sua história em ótimo vídeo divulgado pelo canal “The Players’ Tribune Brasil”. O volante revelou que pensou que sairia do clube em 2023 e explicou que tinha certeza que havia algo grande guardado para ele e para o Glorioso.

Marlon Freitas ainda relembrou o histórico discurso que fez no vestiário do Allianz Parque antes da vitória por 3 a 1 sobre o Palmeiras no Brasileirão, fundamental no título que ele colocou como principal objetivo.

Leia abaixo os principais pontos:

Chegada ao Botafogo

– Naquele momento, você ser aceito pelo Botafogo já é uma vitória. Porque o Botafogo estava escolhendo a dedo os jogadores que iam fazer parte do projeto. Voltar pro Rio, minha cidade, estar em casa, a chance de eu performar e entregar é muito maior, porque eu tô com a minha família. Os momentos bons eu vou estar com a minha família, os momentos difíceis eu vou estar com a minha família. E aí foi o que aconteceu. Chega ali em abril, maio, assim, começo a jogar, consigo a vaga de titular, e a gente começa muito bem, muito bem. Eu falei assim “caramba, tô conseguindo entregar, o que eu planejava eu estou conseguindo. A expectativa grande de ganhar, de ser campeão, e para mim aquilo ali é meu primeiro ano num clube grande. “Caramba, vai ser um ano histórico, né?” Eu falei, “pô, eu ser campeão em 2023, um grande clube, um clube crescendo, investindo e tal”. Acabou que não aconteceu. E é o que eu falei em outras entrevistas também, eu me achava muito forte, mas depois de 2023, eu vi que eu sou muito mais forte. Porque não foi fácil.

Risco de sair

– Eu particularmente achei que eu não ficaria para esse ano (2024), eu achei que o clube ia… Não assim que eu não estava performando, não era sobre isso, é da forma que aconteceu, sabe? Coletivamente a gente já não ia bem, individualmente meus últimos jogos também não foram legais, não consegui performar, entregar, porque eu vinha entregando. Só que assim, o meu ano foi muito bom, o ano 2023, o final que fica o resultado. Eu também tenho minha responsabilidade, que eu não consegui performar como eu vinha performando, mas foi um ano muito bom para mim profissionalmente, número melhores do que eu tinha feito em 2022, do que nos outros anos, então cada ano eu tento melhorar os meus números. Em 2023 foi isso, eu só não tive a conquista que estava tão perto. E para fora o que fica? A conquista, né? Você tem que ganhar para valer alguma coisa, ser alguma coisa, você tem que ganhar. Só que eu sabia que tinha algo preparado para o clube e para mim, eu só não sabia se eu ia fazer parte do que o clube ia viver, entendeu? Tinha algo preparado para mim, poderia ser em outro lugar, mas para o clube eu sabia que tinha algo muito grande ali, porque o que o clube passou, é muito difícil você não conquistar algo daqui uns anos, é muito difícil. Eu não sabia, eu não esperava que ia ser tão rápido assim. Saíram alguns jogadores e aí eu falei “cara, ficaram poucos, e eu acredito que esses poucos que ficaram são pessoas que eles confiam, entendeu? Pode ser que eu saia daqui a pouco, no meio do ano (2024), mas são pessoas que eles querem que fazem parte dessa reestruturação, dessa reconstrução do clube. Nós precisamos brigar para ganhar, para ganhar”.

Reta final do Brasileirão

– Só que o Brasileiro, que é algo que eu queria, a gente perde a liderança, empata em casa com Vitória, se eu não me engano, e o Palmeiras ganha do Atlético-GO lá. E aí o Palmeiras assume a liderança, eu falei “caraca, vai ser muito difícil”. Só que assim, é difícil para o Botafogo mesmo. Eu falei “pô, só que a gente tem agora um confronto, não depende de ninguém, depende da gente”. Foi uma das falas, assim, que mais me impactou, sabe? Parece que não foi eu que estava falando assim, na roda de jogo do Palmeiras, que eu falo, “tem que ser assim, vai ser aqui, tem que ser desse jeito, tem que ser aqui na casa deles”. Não era o Palmeiras em si, não era, mas parecia que era algo que estava voltando tudo ao contrário, tudo que a gente passou, que a gente não conseguiu ganhar, parece que estava sendo ao contrário, a gente estava passando pra ganhar. Enfrentando eles, brigando de novo com eles. E aí eu falo assim “tudo tem um propósito, tem que ser aqui”. Foi uma das falas, assim, mais naturais de todas do Marlon no vestiario. Parece que o filme foi ao contrário do ano passado (2023), sabe? E era para a gente ganhar. O filme é para o Botafogo ganhar agora. Agora o filme é para o Botafogo ganhar. Para o Botafogo, no final, ser feliz.

Jogo fundamental

– A gente foi para o jogo do Internacional sabendo assim “a gente tem que ganhar, não tem outro jeito”. O Inter numa crescente até então, não brigava mais pelo título, mas vinha brigando. A gente sabia que ia ser muito difícil. E, para mim, foi o jogo do título. Porque a gente vinha de dois dias comemorando, era muito difícil a gente ganhar aquele jogo. Era muito difícil, muito difícil. Sem dormir. Era muito difícil a gente performar. Só que foi o jogo do título. Não é porque foi o São Paulo depois, rival do Palmeiras, não era isso. Até porque a gente fez por merecer, entendeu? Ninguém deu nada para a gente. A gente fez por merecer. Poderia ser outro adversário. A gente também ia entrar para poder vencer o jogo. Porque era um título brasileiro, estava valendo taça. Quando acabou o jogo, se eu não me engano, o gol lá aconteceu no final do jogo, no último lance, gol de falta. Aí eu falei assim “meu Deus do céu, mano. Tudo no Botafogo é muito difícil, mano. Que loucura. Último jogo, mano”. Acabou o jogo, beleza. A gente ali, comemorando, mas foi uma comemoração bem mais tímida do que durante toda a temporada que eu vi. Tipo “vamos, vamos, ganhamos, tal, tal, pá, pá, pá”. E o pessoal gritava “comemora! Só depende da gente!”. Só que assim, eu entendi e falei assim, “mano, tinha que ser em casa também. Tinha que ser com a nossa família. Então, cara, na nossa casa, com a torcida, o Botafogo nunca disputou uma final, nunca foi campeão, no seu estádio. Um título desse tamanho. Tá louco, pô. Histórico. É mais histórico ainda para a gente. É mais histórico ainda para nós, jogadores. É mais histórico ainda para o clube, pelo feito. Não, vai ser em casa. Tem que ser em casa”. A gente sabia que ia estar muito cheio. Só que a gente vinha de jogos muito tensos, foi loucura. A gente não tinha tempo nem pra descansar. Vamos botar 20 dias? Foram 15 dias dentro do hotel, pô. E cinco dias em casa. Eu só ia em casa, dormia uma noite e no outro dia eu tava saindo já.

Meta alcançada

– A gente entra para o jogo, a gente ganha o jogo ali, quando acaba o jogo, foi onde eu tentei botar para fora. Porque quando apita, eu vou para o campo. E aí eu já tinha sido substituído, eu vou para o campo, eu estava de colete assim e tal. Só que quando eu vou para o campo para extravasar, eu lembrei e falei assim… E aí eu vou e desço a escada. Eu vou descer a escada. Fui descer a escada, orei, agradeci a Deus. Porque o que eu tinha entregado para Ele, Ele fez assim, sabe? Me capacitou. Colocou pessoas boas na minha vida assim, para me ajudar a chegar naquele momento. Eu agradeci muito. Agradeci muito. Desci, desci. Eu subi e aí que eu comemorei. Eu falei ” mano, consegui, ganhei Libertadores, coisa que eu não imaginava, não esperava, e ganhei o Brasileiro, que era algo que eu tinha como meta, ganhar o Brasileiro”. 2024 pra mim foi algo surreal.

Fonte: Redação FogãoNET e The Players' Tribune Brasil

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