Em caminhos parecidos, Botafogo e Cruzeiro se transformarão em SAF (Sociedade Anônima do Futebol) e venderão ativos por cerca de R$ 400 milhões (mais a solidariedade na dívida, estimada em R$ 1 bilhão). Apesar de o número parecer alto, o comentarista Mauro Cezar Pereira relativiza o valor e lembra em seu canal que será preciso ter paciência.
– É um sopro de esperança para botafoguenses e cruzeirenses. Mas esse dinheiro não vem de uma vez só, o aporte chega em parcelas. Parte desse dinheiro é para abater dívidas dos clubes, não fica limpo para contratar jogadores. Com R$ 400 milhões você imagina contratar que jogador? Dá para contratar bons jogadores? Dá. Mas no Cruzeiro estão cortando gastos, colocando em orçamento real. Não tem festa nem sinal de farra. É organizar financeiramente, colocar pingo nos is, para dar um passo de cada vez. O torcedor imagina que vai chegar investidor e colocar um timaço em campo, mas não é o que deve acontecer, não é instantâneo – frisou.
– R$ 400 milhões é muito dinheiro? Digamos que chegasse metade dessa grana a Botafogo e Cruzeiro. Você sabe quanto custaram Pedro e Gabigol ao Flamengo? Aproximadamente R$ 190 milhões, que é a metade do dinheiro inicial da aquisição desses clubes. Mostra que a régua dos clubes mais fortes, de mais investimento, está lá no alto. É preciso ter pés no chão e entender que a recuperação é aos poucos – pontuou.
Mauro Cezar fez um paralelo com o Crystal Palace para dizer que é necessário aguardar para saber qual a intenção dos investidores no futebol brasileiro.
– Há investidores na Inglaterra que transformaram o Chelsea, time médio, num dos times mais fortes, duas vezes campeão europeu e várias vezes campeão inglês. Outros clubes não têm investimentos tão altos. Como o próprio Crystal Palace, do qual o John Textor é dono de parte das ações. Era um time pequeno de Londres, se firmou, hoje pode ser visto como médio, não briga por título, mas por meio da tabela e não ter risco de rebaixamento. Vai ter que ver lá na frente como o investidor enxerga o clube – afirmou.
Para o jornalista, a transformação pede equilíbrio.
– Em primeiro momento houve excesso, euforia exagerada. Quando parte do torcedor é compreensível. Mas é preciso muito calma, a chegada de investidores não significa que tudo vá se resolver. Os patamares dos investimentos dos clubes que jogam mais pesado no mercado estão lá em cima. Botafogo, Cruzeiro e o torcedor precisam entender que esses passos iniciais podem significar recuperação e volta aos tempos de glórias em algum tempo, mas a cura não é tão rápida e instantânea – completou.