Hoje diretor do Internacional, André Mazzuco foi entrevistado do programa “Bola da Vez”, da “ESPN”, e contou alguns bastidores de sua passagem pelo Botafogo. Primeiro executivo na Era SAF, o dirigente revelou que John Textor queria demitir Luís Castro após a eliminação precoce no Campeonato Carioca de 2023, mas que ele acabou convencendo o norte-americano a manter o treinador.
– A gente não classifica entre os quatro do Carioca, a torcida enlouqueceu pedindo a saída do Luís. Aí o John liga e fala assim: “Olha, eu preciso tirar.” “Mas como assim?” “Não, porque a pressão, eu não posso perder esse sentimento do Botafogo, a torcida quer a cabeça do treinador.” Eu falei: “John, você vai fazer o que todo mundo faz, e você não é assim. E outra, você nos contratou para que a gente te dê o parecer técnico do negócio, e você não pode mandar o Luís embora. Agora que a gente vai ter o time formatado, nosso time vai engrenar, a gente está com jogador chegando agora, vai ter um período de preparação, a gente vai melhorar, o Carioca não é parâmetro, a gente vai jogar nuns campos que não tem nem condição de praticar futebol.” E o John: “Não, mas eu não posso.”
– Eu falei: “John, se você fizer uma ação dessa, você tem que fazer uma ação maior, porque não é só o Luís que você tem que mandar embora, porque aí você vai estar trocando a sua equipe, porque é a gente que está te falando que não é para fazer isso.” O John falou assim: “Então me dá um dia para pensar.” Aí ele liga no dia seguinte para mim e para o Alê [Alessandro Brito, então head scout] e fala assim: “Vocês têm razão. Inclusive eu estou indo para o Brasil, vou dar uma coletiva, o Luís vai ficar, ele é meu sócio”, e aí foi aquela coletiva. E o John manteve, foi firme na convicção dele. É um cara bacana demais nesse sentido – contou Mazzuco.
Luís Castro ficaria no Botafogo e comandaria o clube no melhor início de um time na era dos pontos corridos no Campeonato Brasileiro, antes de deixar o Alvinegro no meio do ano para ir treinar o Al-Nassr, de Cristiano Ronaldo. Mazzuco foi só elogios ao treinador português.
– O Luís veio de um universo muito diferente, porque ele vem de um Shakhtar, depois um Al-Duhail, que são clubes de condição econômica enorme. E aí ele chega no Botafogo e tem aquela brincadeira que ele fala que a gente não tem campo para treinar, a gente tem um estacionamento de carro. Ele brincava assim: “Ó, hoje eu vou soltar um rocket”. “Calma, Luiz, calma que a gente vai resolvendo as coisas aqui.” Os europeus não conseguem entender como é que os clubes pecam na estrutura, que é fundamental. Então você ter um campo, e eles têm razão, é básico – disse.
– Eles [técnicos europeus] têm sempre uma comissão técnica numerosa, mas às vezes num número OK pela confiança, e de muita qualidade. O europeu se preocupa muito que seus assistentes sejam qualificados. Os assistentes do Luís, por exemplo, Severino, João Brandão, que hoje é treinador do Porto B, são caras da Uefa, com licença, caras preparados. Às vezes o treinador brasileiro deixa de escolher muita gente, ou traz só um ou outro de confiança, e isso está mudando. Isso faz muita diferença – completou Mazzuco.