A fratura na face sofrida pelo lateral-direito Rafael no jogo do Botafogo contra o Fortaleza rodou o mundo, muito também pela atitude do médico do clube de impedir com que ele voltasse para o campo, contra a vontade do atleta. Quem atendeu o camisa 7 foi o Dr. Gustavo Dutra, coordenador médico do Glorioso, que relembrou o episódio.
– Esse caso específico teve dois problemas, dois diagnósticos: a concussão cerebral e a fratura, o afundamento. Quando o Rafa tem essa reação, ele não sabia o que estava fazendo ali, era uma reação de agitação à concussão cerebral. Ele não lembra o que aconteceu, ele só lembra que subiu para disputar a bola. Quando eu chego nele, ele ainda não está acordado, começa a fazer pequenos movimentos e me fala: “Eu me machuquei? Quero jogar!”. Só por ele já ter perdido a consciência, ele já sairia do jogo – contou Dutra ao podcast “Glorioso Connection”.
– Quando eu deixei ele sentado, fazendo exame pupilar, depois algumas perguntas e estímulos verbais, ele respondeu todas. Quando ele acordou sabia onde estava, o nome dele, estava lúcido, orientado, e só queria voltar a jogar, porque ele só foi lembrar depois o que aconteceu. Ele sairia por qualquer um dos dois diagnósticos – completou.
Dutra alertou que, se Rafael permanecesse em campo e sofresse outra pancada, poderia até mesmo falecer.
– Um segundo trauma craniano que gera concussão cerebral pode levar o atleta ou paciente ao óbito. Porque são movimentos rotacionais na cabeça que geram a perda de consciência. A concussão pode dar dor e dormência nas braços e pernas, dificuldade de ficar em pé, tontura, visão turva ou até mesmo perder os sentidos de momento. Ou não ter nada disso, você permitir que ele volte a jogar e aí avisar a ele: “Qualquer alteração você me sinaliza” – afirmou.
O médico revelou que Rafael chorou no vestiário ao tomar pé da situação. Era o primeiro jogo dele como titular depois de ter rompido o tendão de Aquiles logo na estreia do Botafogo na temporada e de ter passado por uma complicada cirurgia.
– Quando eu dou um abraço, ele fica chateado comigo, aí depois a gente comemora o gol e ele dá outro chega para lá em mim (risos). E minha preocupação ali era proteger o rosto dele, porque a brincadeira do gol é um dar tapa na cabeça do outro. Ele chegou no vestiário, me abraçou, chorou, dizendo que iria acontecer tudo de novo. Só pedi para ele ligar para a família dele. O primeiro tem que ser a saúde, evitar um segundo impacto que pode levar a danos irreversíveis – disse o médico.