O investidor americano John Textor desembarcou no Brasil e assinou a oferta vinculante para comprar 90% da SAF do Botafogo. Além da expectativa de investimento de R$ 400 milhões nos próximos três anos, o novo dono do clube propõe também mudanças estruturais no futebol alvinegro. No Sportscenter, da ESPN, comentaristas debateram a entrevista de Textor ao “GE”, em que destacou a necessidade de investir em scouting e análise de dados.
– O scouting nada mais é que o olheiro da tecnologia. Hoje você consegue assistir ao Campeonato Paraguaio, Colombiano, Argentino e mapear os jogadores. Isso é importante porque o futebol brasileiro contrata muito mal, gasta muito e pouco produz. Quantas vezes vemos equipes colombianas, uruguaias e argentinas, em especial, jogando a Libertadores com menos recursos e ganhando de times brasileiros com atletas que a gente pergunta “quem são esses caras?”. O Independiente Del Valle, por exemplo. As contratações são feitas por scouting, buscando atletas sem tanto peso no mercado, mas que tenham potencial de evolução. Esse é o grande segredo, talvez o melhor recado possível para quem espera uma mudança radical de filosofia no futebol brasileiro – afirmou Felippe Facincani.
O programa também comparou as situações de Textor no Botafogo e Ronaldo no Cruzeiro, pioneiros na nova fase de sociedades anônimas no Brasil. O ex-centroavante comprou 90% do time mineiro pelos mesmos R$ 400 milhões, mas já comparou situação do clube a de um “paciente na UTI”.
– O Botafogo vem se preparando há mais tempo para esse processo que o Cruzeiro. Outra diferença é o John Textor assumir essa empresa com um clube de Série A, enquanto o Ronaldo assumiu um Cruzeiro que quase virou um clube de Série C. Nesse sentido, a impressão é que o Textor chega em um piso um pouco mais firme. Para esses clubes, o Botafogo em especial agora, essa não é uma alternativa, mas a única alternativa para o clube ter a chance de voltar a ser o Botafogo, aquilo que o torcedor alvinegro espera. Que isso seja feito de maneira calma, competente, sem acelerar os passos, com uma visão mais empresarial e administrativa. O Brasil ainda trabalha muito na base do empirismo no futebol e isso precisa acabar. O uso de dados é fundamental, especialmente para quem tem pouco recurso, como vai continuar sendo o caso do Botafogo nesse primeiro momento de SAF. A visão que o John Textor traz para o Botafogo é mais importante que o dinheiro a ser investido – concluiu Gustavo Zupak.