Ex-presidente do Botafogo, Carlos Augusto Montenegro concedeu entrevista nesta terça-feira à “Rádio Tupi” e justificou a ação judicial movida pelo clube associativo contra a Eagle Football. O ex-dirigente alvinegro ressaltou sua gratidão a John Textor, mas revelou que há muitas contas em atraso e risco até mesmo de o clube sofrer um transfer ban da Fifa devido ao não pagamento da contratação de jogadores.
– Para nós, a única coisa que interessa é o Botafogo. E o Botafogo, até então, estava 100%, fazendo investimentos, não conseguiu ficar com alguns jogadores, etc. Bom, mas nesse ano, ele [Textor] começou a procurar investidores. E as coisas, na SAF, não estão tão bem. Estão muito atrasados os impostos, ele não deixa virar o terceiro mês para não perder o parcelamento. Está muito atrasado, inclusive, premiação de jogadores, eles acabaram fazendo um acordo… E, o que é pior, a gente está muito preocupado, em receber transfer ban da Fifa por falta de pagamento de vários jogadores, alguns vencendo agora, outros vencendo mais adiante, e não tem uma previsao de caixa – contou Montenegro.
O ex-presidente alvinegro disse que Textor perdeu “credibilidade” por conta de eventuais promessas não cumpridas. E revelou um episódio que gerou desconfiança no clube associativo, sobre a possibilidade de comprar um novo clube na Inglaterra enquanto negociava o pagamento da dívida com a Ares, uma das acionistas da Eagle.
– A gente tem conversado com ele, principalmente o João Paulo [presidente], que tem sido incansável: “Textor, o que a gente faz? A gente precisa fechar, ver o orçamento do ano que vem, como é que vai fazer com o dinheiro”. “Calma, que eu estou atrás de investidor.” Tá bom, está atrás de investidor e as coisas vencendo, etc. E, de repente, tinha uma reunião importante com o João Paulo na semana passada e ele disse: “Olha, eu não vou poder participar da reunião porque eu estou indo para a Ares tentar negociar a dívida com eles”. E o João Paulo: “Claro, isso é prioridade.” E, no dia seguinte, anuncia que está querendo comprar um time da primeira liga da Inglaterra, da segunda ou da terceira divisão, não sei, por dois bilhões e meio. O João Paulo tomou um susto e falou: “Cara, como é que pode o cara dizer para mim que está indo na Ares negociar a dívida dele, que é cerca de US$ 400 milhões, e no dia seguinte estar anunciando que vai comprar um time na Inglaterra?” E aí, todos nós nos lembramos dele, dizendo a mesma coisa alguns meses atrás, que ele estava com o grego, o Marinakis, que ele ia investir, ia fazer uma empresa nova, que o grego era ótimo, ia ser sócio, parceiro e tal. E o grego acabou levando o Igor Jesus, o Jair, o John, o Cuiabano, e não foram sócios de nada. E pegou esse jogador e botou tudo lá no Nottingham Forest, não foram sócios de nada. Sumiu. Nunca mais ninguém ouviu falar do grego. Agora, a mesma coisa. E pintou um zum-zum-zum que a gente poderia começar a perder ativos. Que tipo de ativos? Montoro, Santiago Rodríguez, Barrera, Savarino, para ele tentar fazer uma nova amizade, entre aspas, alguma coisa. Quer dizer, sinceramente, a gente está perdido. Não sabe se é verdade ou não é verdade. Não dão informação nenhuma para a gente. O João Paulo achou por bem entrar na Justiça – disse.
– Não tem intervenção. Porque está claro o seguinte: o modelo do Textor, o dinheiro que ele tinha ou tem, está dando certo. O botafoguense mudou de patamar, está feliz. É ídolo, tem que ir para o mundo dos ídolos. Mas ele tem que prestar esclarecimentos, prestar contas. Tem que mostrar orçamento. Tem que dizer o que ele quer, qual é a previsão, o que ele quer fazer ano que vem. Se ele falar assim: “Ano que vem a gente vai fazer uma retração, vamos ficar co pé no chão”, não tem problema nenhum, a empresa, 90% é dele. Não tem problema nenhum. Mas avisa. Esse negócio dessas coisas mirabolantes, de grego, de ingleses, de árabes, etc, de investidores… E cada hora ele está perdendo um pouco a credibilidade., entendeu? Então, a única coisa que o João Paulo fez, aconselhado pelos advogados, é pedir um observador, ou seja… Interventor entra e assina cheque, paga, faz transferência, manda… A gente não quer mandar em nada, quer só uma pessoa para saber o que está acontecendo lá dentro. A outra coisa é que quando ele for vender os principais ativos da SAF, que comunique ou troque ideias, ou fale com o Botafogo. E que, o que nós pedimos desde o início: mantenha o acordo de acionistas assinado há três anos atrás. A gente não quer uma vírgula diferente, nem mais, nem menos. É só ele manter o acordo de acionistas. E ele está passando por algumas dificuldades e não está mantendo. Tem algumas coisas bem atrasadas, etc. Só isso – completou.
