O que mudou? Sem novas imagens e sem novos ângulos, o comentarista de arbitragem da ESPN Leonardo Gaciba se esqueceu de sua opinião anterior e mudou completamente seu entendimento sobre a expulsão de Adryelson em Botafogo 3 x 4 Palmeiras, no Campeonato Brasileiro de 2023. No dia seguinte ao jogo, ele discordou do cartão vermelho para o zagueiro. Agora, seis meses depois, passou a concordar.
Ao site da ESPN, Leonardo Gaciba, ex-árbitro e presidente da Comissão de Arbitragem da CBF, elogiou na última quinta-feira (6/6) a decisão tomada pelo árbitro Braulio da Silva Machado após chamada do VAR Rafael Traci, que não exibiu os melhores ângulos do lance.
– Uma expulsão por motivos táticos. Uma situação clara e manifesta de gol. A questão de defensores não é cogitada, não é contestada a presença de um outro defensor possível de tirar essa bola do atacante do Palmeiras. A questão da distância também em momento algum é cogitado. O que se fala é a respeito do domínio e direção. Direção é importante colocar, não é a direção do jogador, mas sim da jogada. Quando existe a disputa entre os dois atletas, a bola é jogada em direção à meta. Para mim é muito claro que depois que o jogador do Palmeiras toca a bola, ela vai em direção à meta. E a partir daí é realizada a falta. E a questão do domínio, essa posse, é posse ou futura posse, domínio ou futuro domínio. Se não fosse derrubado, o jogador teria domínio dessa bola? Me parece que ele já tinha vencido a disputa no momento em que é derrubado, a corrida dele passa a ser uma corrida frontal ao gol, onde ele é derrubado, ele teria condições de pegar essa bola e partir para o gol – opinou Gaciba.
– Acho uma decisão difícil, não vamos falar em linha de interferência, que aqui no Brasil é mais baixa em relação ao resto do mundo, mas a decisão mais apropriada na minha opinião é a apresentação do cartão vermelho – alegou.
Entretanto, no dia seguinte à partida, Leonardo Gaciba havia dado uma opinião completamente diferente em relação ao mesmo lance. Relembre abaixo:
– O que acho pior disso tudo é a não apresentação do cartão amarelo no campo de jogo. Isso que realmente causa uma grande confusão, porque é impossível que essa falta não seja considerada o ataque promissor. Isso acaba influenciando para o Traci chamar para uma interpretação na beira do campo, já que o Traci considerava uma chance clara e manifesta de gol – analisou Gaciba, durante o programa “F360”, no dia 2 de novembro de 2023.
– Essa situação clara e manifesta foi criada para quando o jogador fizesse uma falta trocando um gol ou uma oportunidade claríssima por um tiro livre. Uma das instruções que os árbitros recebem é ter 100% de certeza de que esse jogador teria uma chance clara e manifesta. Sem dúvida em nenhum dos Ds: distância, número de defensores, direção da meta e domínio da bola. Na minha opinião, era lance para cartão amarelo. Eu não vejo esse 100%, ele deixa algumas dúvidas. A principal é esse ataque do jogador do Botafogo primeiro na bola, ele chuta e a bola rebota no jogador do Palmeiras, eu não tenho 100% de que ele tenha a posse da bola ou a futura posse da bola. A bola espirra no jogador, vai na frente – continuou.
– Tem a direção do gol, a distância da meta, mas número de defensores e futura posse da bola me deixam uma pulga atrás da orelha. E, se me deixa uma pulga atrás da orelha, não é para cartão vermelho – completou.
– Lembrando que, se nós estamos debatendo isso aqui, é óbvio que não há um erro claro e óbvio da arbitragem. E esse é o grande problema que temos hoje, a linha de interferência, quando o árbitro de vídeo deve entrar. Me parece que a Comissão de Arbitragem pediu para começar o campeonato com menos interferência, levantou bandeira… Só que com menor número de revisões, o número de erros era maior. E aí se esbarrou em critérios, que é o maior problema hoje na arbitragem brasileiro. Para mim era cartão amarelo, ataque promissor – encerrou Gaciba.