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O que representa para Botafogo, Vasco e Cruzeiro voltar à elite (ou ficar na Série B)

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Por FogãoNET

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O que representa para Botafogo, Vasco e Cruzeiro voltar à elite (ou ficar na Série B)
Vitor Silva/Botafogo

O Botafogo visita o Goiás nesta terça-feira, às 21h30, no Estádio da Serrinha, diante de uma única conta a ser feita. Com 93,6% de chances de acesso (segundo o Departamento de Matemática e Estatística da Universidade Federal de Minas Gerais), está a cerca de três vitórias da volta à Série A. Mas, a medida que o time se aproxima da meta, outro cálculo começa a ganhar espaço entre os alvinegros: o dos ganhos financeiros que o retorno à elite proporcionará.

O crescimento da receita com televisionamento é o carro-chefe. Principalmente para clubes de muita torcida, já que a verba da TV é dividida em três parcelas, sendo uma delas (equivalente a 30% do total) definida de acordo com a audiência da transmissão dos jogos. As outras duas são a que varia com a posição na tabela (30%) e a cota fixa de 40% para cada participante.

O exemplo do Cruzeiro ilustra bem este impacto. Em 2020, o clube mineiro arrecadou cerca de R$ 23 milhões com o pay-per-view de seus jogos da Série B. O valor não chega nem à metade dos quase R$ 70 milhões com televisionamento que teria recebido na elite.

Há ainda os ganhos proporcionados pela mobilização que o acesso gera na torcida. Entre eles, estão o aumento da receita com bilheteria (não apenas pela maior presença de público como também pela possibilidade de cobrar mais caro pelo ingresso) e o impulsionamento nas adesões do programa de sócio-torcedor.

Consultor de finanças do esporte do Itaú BBA, César Grafietti lembra que, se ao ser rebaixado o clube precisa enxugar os gastos para adequá-los a uma realidade mais modesta, no acesso ele faz o movimento inverso. Neste momento, é importante aprender com as lições do passado.

— Quando o clube volta à Série A, tem a oportunidade de recalibrar os custos a partir de uma receita muito maior. Claro que ele vai aumentar gastos, porque tem que fortalecer o time. Mas você tem a vantagem de partir de um ponto e saber até onde pode chegar sem extrapolar e fazer gastos malucos, que só deixam um buraco lá na frente.

A presença na Série A também valoriza a marca. Estar na elite do futebol significa maior exposição na mídia e jogos mais atrativos. Um trunfo e tanto do ponto de vista do marketing.

— Isso automaticamente muda a sua tabela de patrocínios. Uma coisa é mandar uma proposta quando o clube está na Série B. Outra é na Série A — explica Fábio Wolff, sócio-diretor da Wolff Sports & Marketing: — Muda pela visibilidade. O mercado ainda é muito dependente da exposição de marca. E, na hora que o time está na Série A, você tem a garantia de 38 jogos na elite.

Com partidas de mais apelo no calendário, os departamentos de marketing ainda podem buscar outras formas de parceria. Ações no estádio e nas redes sociais são alguns dos exemplos. Opções que dificilmente se apresentam em caso de permanência na Série B.

E quem permanece?

Ainda assim, um cenário mais favorável se anuncia para aqueles que permanecerem na Segunda Divisão em 2022, já que devem disputar o torneio desde o início com torcida na arquibancada — o que já leva a uma receita com bilheteria maior. Fora que o trabalho de reduzir os custos já foi realizado no primeiro ano.

O maior problema de não subir está no longo prazo. Com receitas reduzidas, o pagamento das dívidas contraídas ao longo dos últimos tempos fica prejudicado. A busca por acordos com antigos credores e com o governo para organizar estes débitos deve marcar o ano destes clubes.

— O grande desafio dos que passam dois ou três anos (na Série B) é como tratar a dívida. A medida que você tem pouca sobra de dinheiro, suas receitas começam a ser estranguladas. Não à toa que nos três casos de grandes clubes que disputam a Série B (Vasco e Cruzeiro, além do Botafogo) tivemos atrasos de pagamentos — alerta Grafietti: — O credor aceita um acordo acreditando que no ano seguinte o time volta à elite e o clube vai ter fôlego para pagar. Mas, se permanece, ele perde a paciência.

Fonte: O Globo Online

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