Presidente do São Paulo diz que venda de Lucas Perri ‘suscita dúvida’ e alega: ‘Não se pode fazer relação da questão do fair play financeiro com liderança competente do Botafogo. Não há chororô nesse sentido’

Julio Casares, presidente do São Paulo
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Presidente do São Paulo, Julio Casares negou que a discussão de fair play financeiro na Comissão Nacional de Clubes tenha a ver com a grande fase do Botafogo. Apesar de o tema ter sido trazido à tona pelo Flamengo recentemente, sobretudo após levar goleada de 4 a 1, o dirigente tricolor alega que as motivações são outras.

– Na questão do fair play financeiro, parece que a questão é colocada agora, mas não, essa questão já foi colocada. E não se pode fazer relação com a liderança competente dentro de campo do Botafogo. Não há nenhum chororô nesse sentido. Mas temos que discutir a capacidade de investimento de clubes que faturam X e só em futebol investem muito mais que esse X. Isso tem que ser colocado, porque há um desequilíbrio técnico e esportivo – cobrou Julio Casares, em entrevista ao “UOL”.

O dirigente se mostrou incomodado por holding, tipo a Eagle Football, de John Textor, e colocou dúvida no valor da venda de Lucas Perri do Botafogo para o Lyon em 2023.

– Outra coisa são as cirandas de jogadores. Um clube que representa um grupo de diversos clubes pode fazer ciranda, põe jogador aqui, vai lá, depois volta. Precisamos estabelecer que pode acontecer sim, mas com janelas específicas, quem sabe a cada duas janelas? Não estou falando de clube específico nenhum, mas é um acontecimento. Se tenho grupo com quatro ou cinco clubes, mando para lá, depois trago. Pior, posso fazer venda para clube do meu grupo com valores corporativos. Isso tem que ser examinado. Até porque sou sócio eventual de percentual desses jogadores, quero que seja comercializado no mercado com o melhor valor possível. Merece da Fifa, da CBF, da Conmebol, uma vigilância e uma fiscalização de cada operação e das transações – pediu Julio Casares, que falou especificamente sobre Perri.

– É um exemplo. Sem nenhum tipo de acusação leviana, porque não faço isso. Mas um jogador que foi convocado para a Seleção Brasileira, Perri foi convocado, e tem valor bem menor que o de mercado. Suscita dúvida, não temos condição de fiscalizar. Confiamos no bom senso dos dirigentes e das equipes. Mas precisamos de apuração, que pode ser da Fifa e de órgãos superiores em cada transação. Acontece em cada lugar do mundo. Não posso, um garoto formado na nossa base que chega à Seleção, não sei como está atuando hoje, tem valor de mercado aquém até do que orçávamos, o percentual que tínhamos direito. Não faço juízo de valor, sou cauteloso, mas queremos que o futebol brasileiro possa estabelecer daqui para a frente avaliação melhor de cada um dos pontos desses clubes. É a minha posição. Fair play pode começar a trabalhar no sentido dessas origens e dessas cirandas de jogadores dos mesmos grupos financeiros – acrescentou.

São Paulo tem R$ 700 milhões em dívidas e não pensa em ser SAF

Curiosamente, Julio Casares admitiu que o São Paulo tem R$ 700 milhões em dívidas. Ele trabalha para diminuir o passivo.

– Tudo isso está planejado, foi um ano e pouco pra gente conseguir caminhar com a Galápagos, que foi o fundo que nos ofereceu a melhor condição e a melhor relação custo-benefício de cada ação. Nós temos que fazer isso. Eu seria irresponsável se dissesse ‘vou administrar esses R$ 700 milhões, vai virar R$ 800 milhões, é muito menor que outros clubes’ e sair contratando para ganhar campeonato. Eu não vou arriscar isso, eu arrisquei e não dormi direito na Copa do Brasil, porque nós poderíamos ter perdido para o Flamengo, mas naquele momento eu achava que o Beraldo, o Pablo (Maia) e o Nestor eram importantíssimos e foi o que aconteceu, a performance deles até a coroação de tudo aquilo com o gol do Nestor. Então, nós estamos fazendo, sim, um trabalho responsável e mirando o futuro do São Paulo – garante Casares, que descarta SAF.

– A SAF é a solução para comprar times quebrados, porque paga pouco e depois entra um grupo que pode ser aventureiro ou não, pode ser sério ou não, e arrebenta o clube mais ainda. Então, a SAF pode ser um boa coisa pro futebol, desde que os clubes negociem em pé, que o clube mostre reorganização. Pode ser que um dia o São Paulo discuta isso, sim, mas com o norte da sua dívida estabelecido, com a valorização do seu ativo, que é o torcedor, que bate todo o recorde no Morumbi, e com o estádio moderno e confortável para que a gente faça shows, como foi feito agora e também faça outros contratos, como fizemos com Live Nation – completou.

Fonte: Redação FogãoNET e UOL

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