Presidente do São Paulo responde John Textor na CPI, defende jogadores, mas diz: ‘Não precisava desse Carnaval todo, mas se ele contribuir com 1% já será um avanço’

Presidente do São Paulo responde John Textor na CPI, defende jogadores, mas diz: ‘Não precisava desse Carnaval todo, mas se ele contribuir com 1% já será um avanço’
Pedro França/Agência Senado

Presidente do São Paulo, Julio Casares prestou depoimento na condição de testemunha à CPI da Manipulação de Jogos e Apostas Esportivas nesta quarta-feira, em Brasília. Os senadores exibiriam os gols da goleada do Palmeiras sobre o Tricolor por 5 a 0 pelo Campeonato Brasileiro de 2023, partida que está no relatório da “Good Game!”, empresa contratada por John Textor, como suspeita de ter havido manipulação por parte dos atletas do São Paulo.

Casares defendeu seus jogadores ao ser questionado pelo presidente da CPI, senador Jorge Kajuru (PSB-GO), se havia tomado alguma medida contra o dono da SAF do Botafogo.

– Essas imagens me machucam, 5 a 0, eu estava no estádio. Vínhamos de uma conquista histórica (Copa do Brasil), e sabemos que depois de uma grande conquista há um relaxamento. Eu vi os próprios atletas no vestiário em estado de inconformismo, um brigando com o outro… Quando veio a declaração do Textor, pedimos apenas para que ele provasse, não conheço nem o nome do relatório. É Good, Good… Good o que? Good Games… Quando ele veio, falei: “Textor, fala comigo”. A única medida jurídica foi interpelá-lo para que ele prove, do contrário que ele se retrate, os atletas ficaram muito chateados – respondeu Casares, completando:

– Disse a ele que ele tem que provar e é isso que ele está tentando fazer. Vamos aguardar, se tiver prova e algum culpado, será punido. Eu, conhecendo o caráter dos atletas, o poder da dúvida existe, mas eu acredito neles. Quero crer também que o Textor já encaminhou o relatório nessa casa e deve ser apurado, mas nada de muito subjetivo. Se for subjetivo, é algo que vai ensejar a ele outros problemas. Ninguém pode ficar impune a acusar um vizinho de um problema que não seja aprovado.

O presidente do São Paulo também deu uma alfinetada em John Textor, citando a derrota de virada do Botafogo para o mesmo Palmeiras naquela competição.

– Eu vendo os lances aqui… Primeiro, vamos fazer algumas colocações. Campo sintético, precisa ter uma padronização. Vejo (os gols) como total normalidade. O anormal é perder de cinco, o que nos deixou nervoso. Foi um dia muito feliz do Palmeiras. O São Paulo vinha de uma conquista, etc… Uma bola no ângulo, outra que passou longe do goleiro, campo sintético, a bola corre… Seria bom passar os lances do Botafogo x Palmeiras. Estava ganhando de 4 a 1 (na verdade, era 3 a 1). Teve um pênalti que o jogador do Botafogo perdeu, será que ele foi displicente? Eu não faria isso, porque o futebol é isso mesmo. O Zico perdeu um pênalti contra a França. Você já imaginou que isso fosse objeto de discussão? Tudo tem que ser apurado claro, mas pelas imagens foi uma infelicidade do nosso time – disse Casares.

Julio Casares ainda chamou John Textor de irresponsável em outro momento do depoimento e fez uma defesa dura dos jogadores tricolores.

– Imagine um gestor brasileiro que estivesse trabalhando nos Estados Unidos, contratasse uma Good Games lá e fizesse uma afirmação dessa num time da NFL… Como esse brasileiro seria tratado? Ele é um investidor estrangeiro, temos que ter o maior respeito por ele, mas temos que tomar cuidado com a afirmação aos brasileiros, que hoje ainda não têm o melhor futebol, mas têm no histórico as maiores conquistas. Corpo mole? É uma irresponsabilidade afirmar isso. Que me desculpe John Textor, você pode fazer com seus funcionários, com os jogadores do São Paulo eu não admito. O Rafael é um goleiro de Seleção Brasileira, a bola passou longe dele, afirmar tal coisa de um profissional como ele é no mínimo irresponsável – reclamou.

No fim do seu depoimento, Casares deixou claro que respeita John Textor e disse torcer para que o empresário norte-americano possa contribuir com a melhoria do futebol brasileiro e com o jogo limpo.

– Eu espero que ele possa contribuir, não quero dizer que não tem nada errado, mas ele jogou uma bomba de canhão e pode pegar uma coisa ou outra que talvez não seja objeto da denúncia dele, talvez do ambiente. Eu também estou esperando uma prova. Toda denúncia deve ter o curso da apuração, e é isso que está sendo feito aqui. Se for uma bravata, jogar para a torcida, justificar a perda do campeonato, ele escolheu a porta errada. Não vão brigar com o São Paulo, com a CPI e com a opinião pública. Agora, espero que ele possa estar contribuindo, juro, com todo respeito, não torço contra. Se ele contribuir 1%, não precisava desse carnaval todo, mas já será um avanço – encerrou.

Relator não vê indícios de manipulação nos gols

Relator da CPI, Romário (PL-RJ) viu pela primeira vez os gols de Palmeiras 5×0 São Paulo e, ao contrário dos demais integrantes da comissão, não enxergou indícios de manipulação nos gols alviverdes.

– Não identifiquei nada de estranho nesses gols. São erros que acontecem todos os dias em todos os jogos – resumiu o senador fluminense.

Fonte: Redação FogãoNET

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