Novamente, Julio Casares, presidente do São Paulo, falou de fair play financeiro e deu indiretas ao Botafogo. Desta vez, até a John Textor e para Eagle Football, ao reclamar de “grupos que são donos de outros clubes no mundo”.
O dirigente contou à ESPN como foi a reunião que teve com outros clubes na última segunda-feira (2/9).
– Estive realmente na CBF, na Comissão Nacional de Clubes, com grandes clubes do Brasil, foi uma reunião muito positiva. Se discutiu, além da arbitragem, que precisa melhorar, o calendário, que não é questão de sacrificar o campeonato ou outro, tem que chamar a indústria para a conversa, para todo mundo dizer como se tem que ver, construindo um modelo de transição, e o fair play financeiro – disse.
– Na questão do fair play a nossa preocupação basicamente, e aqui não há nenhuma colocação ao clube SAF ou não, tem SAF com investimento e SAF que não funcionou, é que você tenha uma regulação da atividade, onde um clube que fatura X não pode ter investimento na contratação de um jogador que seja acima do seu faturamento. É algo que contraria os órgãos reguladores. Nós temos que pensar no mercado. Quem fatura mais porque foi muito competente ou porque tem uma torcida maior, ou porque fez gestão, pode dentro de um percentual, estabelecer um teto de investimento – pediu.
Julio Casares partiu então para críticas a modelos de holding.
– Outra coisa que nos preocupa são grupos que representam um clube no Brasil e são donos de outros clubes no mundo, onde fazem uma ciranda de atletas. Coloca atleta ali, depois vende o atleta para o próprio grupo. Eu não sei qual foi o tipo de valor, se foi de mercado ou corporativo, e eu sou sócio talvez de alguns atletas que já tiveram vendas internacionais de grupo para grupo. Eu questiono: “Os meus 15% foram de mercado ou foram questões de transações corporativas?” Chegou a hora da CBF abrir esse espaço! – cobrou.
O presidente do São Paulo ainda citou diretamente o Botafogo e reclamou de um possível “desequilíbrio esportivo”.
– Pela primeira vez eu vejo um entendimento desses grandes clubes para tocarem em situações difíceis que são arbitragem, calendário e fair play financeiro. E o fair play financeiro não é choro de quem fatura menos. Hoje você vê o Botafogo liderando, parece que é por causa do Botafogo… O Flamengo, por exemplo, o que ele vai fazer dentro do orçamento dele, é problema do clube. Seja de Flamengo, Botafogo, Palmeiras ou São Paulo. Agora, você ter um faturamento que tem o teto X e investir em futebol acima desse teto, há um desequilíbrio esportivo. Isso é muito claro. Todo mundo tem que encarar que tem uma regra de equilíbrio – declarou Casares.
– É claro que um clube que fatura um bilhão vai poder investir mais do que aquilo que fatura 500 milhões. Isso é da natureza do mercado, mas temos que ter regras. Se não, todos os clubes vão se tornar uma SAF, cada um decidindo da sua forma, porque não há salvação. Eu não sou contrário à SAF, isso pode ser discutido um dia, mas o que vai valer mais: uma SAF com investidor que pega um clube organizado ou investidor com o pires na mão, como vimos no Brasil em três ou quatro situações, ou um clube totalmente arrebentado? E esses clubes não conseguem mais se recuperar. E eles podem vir com um dono sério ou com aventureiro. É isso que o futebol como patrimônio do povo tem que ser protegido – encerrou.