Presidente do Flamengo, Rodolfo Landim explicou por que falou “bem-vindo aos tempos de SAF sem fair play financeiro” após levar goleada de 4 a 1 para o Botafogo no Campeonato Brasileiro-2024. O dirigente alegou que o tom não foi de crítica, mas de constatação.
– Foi só um comentário que eu fiz, porque as pessoas estavam reclamando dizendo que o Botafogo estava fazendo uma janela muito boa. Sempre é o torcedor reclamando, naquele momento o Flamengo só tinha feito uma contratação que era do Michael, ainda não tinha feito outra. O cara falou “pô, o Botafogo já está contratando um monte de gente, vocês não estão contratando”. Estava trocando mensagem dentro de um grupo, aí se falou “o problema é o seguinte, nós estamos em um país onde não tem fair play financeiro, não tem regra”. Só para as pessoas entenderem, o Botafogo arrecadou no ano passado R$ 322 milhões, o Flamengo arrecadou R$ 1,37 bilhão. Ou seja, R$ 1 bilhão a mais do que o Botafogo. E o Botafogo já tinha investido… Imagina, R$ 322 milhões são para pagar tudo, todas as suas folhas, todas as suas despesas e aí sobra um dinheirinho, você vai investir com aquele dinheiro. Não, o Botafogo pegou e investiu uma vez e meia o que ele já tinha investido, uma vez e meia o que ele tinha de arrecadação total no ano anterior – disse Landim ao canal “Oh, Meu Mengão”.
– Investimento assim em outros países não existe, porque existem regras. Você só pode investir aquilo que você gerou de resultado e tal. Eu fiz apenas um comentário, eu não fiz uma crítica. Fiz um comentário mas só que aquilo vazou e saiu como uma crítica ao Botafogo e ao John Textor, que respondeu, me disseram que respondeu, eu te juro por Deus que eu nem li, mas me disseram que ele respondeu. Aí já começou o debate – argumentou o presidente do Flamengo.
Rodolfo Landim ainda explicou como foi a reunião na Comissão Nacional de Clubes e pediu discussão sobre grupos multiclubes. O que é o caso da Eagle Football, de John Textor, da qual o Botafogo faz parte.
– A própria Comissão Nacional de Clubes, a qual estou participando como convidado, começou a colocar isso (fair play financeiro) como um item de discussão. Eu acho que é uma discussão importante, porque com essa criação dos grupos transnacionais, isso permite que o Brasil seja utilizado como barriga de aluguel. Então assim, o cara pega, investe ou gera dívida num clube aqui, mas compra jogadores caríssimos, passam aqui um ano ou seis meses, e passam os outros quatro anos num outro clube do mesmo grupo aonde naquele país tem um fair play financeiro. Você pega e leva o jogador para lá e empresta o jogador por um valor pequeno. Isso é uma forma que tem de se burlar o fair play financeiro do outro país. Porque você transfere ele por um valor pequeno, a rigor você está pagando pouco, só que nesse aqui você perdeu muito dinheiro. Só que aqui (no Brasil) não tem controle, aqui é terra de Marlboro, vale tudo. Então se você não cria uma regra para cá, você passa a fazer o caminho para todo local que tem fair play financeiro então. É isso que a gente quer – afirmou Landim, que vê um ponto positivo.
– Eu não estou sendo contra. Assim, tem um lado até bom dessa história falando sinceramente que está havendo investimento no futebol brasileiro e a gente precisa melhorar a qualidade dos nossos jogos. Tem um lado positivo dessa história também. Eu só estava comentando estava dizendo o seguinte “olha, seja bem-vindo a um novo mundo que você tem SAF e sem fair play financeiro. Entendam que isto faz parte da realidade do futebol de hoje que é diferente do que era”. É só isso, era uma constatação, mais do que uma reclamação, entendeu? Mas foi ótimo porque levantou um problema que serve para a gente começar um debate agora – completou.