O Botafogo incomoda mesmo. Em entrevista à “TNT Sports” nesta terça-feira (17/9), o presidente do Flamengo, Rodolfo Landim, foi questionado sobre o fair play financeiro e voltou a citar o Glorioso e o modelo multiclubes do qual o clube faz parte, a Eagle Football, holding de John Textor que conta também com Lyon, Crystal Palace e RWD Molenbeek.
Landim disse que seria necessária uma regulação global sobre transferências de jogadores em grupos multiclubes para que não haja “distorções” em países onde não há regras estabelecidas, como hoje é no Brasil.
– Investimento no futebol brasileiro é algo que acho extremamente positivo. Ponto. O futebol está virando um produto transnacional, e temos observados algumas coisas que precisam de regulação, mas não só no país, mas de forma geral. O caso do Botafogo. O Botafogo faz parte de um grupo transnacional em que há investimentos no Botafogo, Lyon, Crystal Palace, um clube da Bélgica, e existem federações em que há fair play financeiro. Se tem em algum local regras que são diferentes de outros locais, você pode criar distorções permitindo que se faça grandes investimentos em locais onde não há esse tipo de controle, deixando jogadores aqui por um tempo, transferindo jogadores por valores menores para outras ligas aonde isso é controlado de tal forma que, nesses locais, eles fiquem adequados ao fair play financeiro. Aqui não estaria burlando o sistema, porque aqui não tem sistema. Aí vai aproveitando fazendo um jogador de passagem aqui, quer disputar o campeonato aqui, traz o jogador de lá e traz para cá… – disse Landim.
– Como é que isso deve funcionar, principalmente entre clubes que fazem parte do mesmo grupo econômico? É uma discussão difícil de fazer em nível de país, mas que a nível do futebol global precisa ser levada em conta, porque a gente já começa a ver esse tipo de coisa ocorrendo. No futuro, as pessoas de lá podem discutir: “Ah, estou indo mal nesse campeonato, mas estou bem lá, vou transferir jogadores na janela de meio de ano para lá para poder vencer”. Será que isso é legal, deveria ocorrer? São coisas como essa que devem entrar em discussão. Não tenho posição formada sobre isso, mas acho que são temas que devemos debater – completou.
O presidente do Flamengo, que havia reclamado sobre os altos gastos do Botafogo com transferências após levar 4 a 1 no clássico pelo Campeonato Brasileiro-2024, desta vez buscou elogiar os investimentos feitos no futebol do país.
– Acho que as coisas sempre acabam saindo um pouco distorcidas. O advento da SAF eu acho positivo para o futebol brasileiro na medida em que trazer recursos para o futebol brasileiro é algo bom. Acho que precisamos melhorar a qualidade do produto futebol brasileiro. Se nós queremos competir a nível mundial, e o esporte é cada vez mais uma competição a nível mundial… O último campeão mundial que tivemos na América do Sul foi o Corinthians [2012], lá se vão vários anos. Isso não é à toa, isso se dá em função do nível de investimentos que os clubes europeus acabam tendo – afirmou o dirigente.
– A primeira coisa é melhorar a qualidade do produto futebol brasileiro. Tem outras coisas que a gente precisa melhorar, como calendário, o horário à disposição dos nossos jogos nesse calendário, para que possamos ter um produto bom, vendamos esse produto lá fora, para reverter esse ciclo vicioso em que formamos grandes jogadores aqui e, por não ter condições de mantê-los pagando os salários que poderiam receber em outros países, acabam saindo do Brasil e prejudicando o futebol que temos aqui.