As vaias da torcida do Botafogo no intervalo e após a derrota por 1 a 0 para o Avaí, nesta segunda-feira, no Estádio Nilton Santos, pelo Campeonato Brasileiro, foram tema de longa discussão no programa “Seleção SporTV”. Afinal, influenciaram ou não no desempenho?
Para a narradora Renata Silveira, o torcedor tem razão.
– Legal começar com assunto torcida. Estava acompanhando o jogo do Botafogo. Estou com ela, estaria vaiando, pegando no pé dos jogadores. Vamos falar sobre isso. O Botafogo estava precisando de um John Textor, de se renovar. Quando fala de se iludir, não passa por aí. É mais o Botafogo precisar ser o que sempre foi. O torcedor estava sofrendo muito, estava acreditando e agora tem que pegar no pé mesmo – defendeu Renata Silveira.
Já o apresentador André Rizek acredita que, sim, as vaias podem ter influenciado diretamente.
– Não podemos cobrar nada do torcedor. Cobramos dos profissionais do futebol, de quem está desempenhando papel. O torcedor que paga ingresso é um ser livre. Podemos avaliar o impacto no jogo, se ajudou, se pode atrapalhar, qual o peso que isso tem. No jogo de ontem, eu li que a derrota foi muito mais emocional que tática ou técnica. Fazia primeiro tempo OK, melhor que o Avaí, dominava o jogo, levou gol no finzinho. A torcida ficou enfurecida, vaiou no intervalo. Estou supondo que o time emocionalmente ficou destroçado, uma pilha de nervos. Coloco a conta dessa derrota nos nervos – avaliou Rizek.
– Acaba de sair o gol do Kevin, o Botafogo vai descer para o vestiário nesse ambiente. “Time sem vergonha” e muitas vaias. O torcedor tem o direito de extravasar, desde que não seja racista, homofóbico, violento, xenofobia ou cometa crime. Quem tem que ser racional é o treinador e os jogadores. O torcedor tem todo o direito de manifestar insatisfação, seja racional ou irracional. Torcida é um ser livre, ninguém controla. O que estou analisando é como isso impactou no time, que voltou inseguro, com medo de errar. Opino que esse ambiente foi fundamental para esse descontrole – opinou Rizek.
O comentarista Carlos Eduardo Mansur ponderou que não foi apenas a torcida o fato determinante do jogo.
– Acho que é um dos elementos, há outros. Como ser um time em formação. Ainda tem pouca confiança nos seus mecanismos de jogo para se impor ao ambiente e colocar sua maneira de jogar. Foi melhor que o adversário no primeiro tempo, esteve mais perto de fazer o gol e sofreu num raríssimo momento que correu perigo. Acho cruel dizer que foi apenas pela manifestação do torcedor. Há também um time em formação, com mecanismos ainda sendo desenvolvidos. O treinador ainda está tateando. Esse time existe há dez jogos, não é sem vergonha, é em construção – explicou.
Casagrande, por sua vez, acrescentou que os protestos são pelo histórico recente.
– A vaia não foi pelo primeiro tempo, foi pelo pacote. Era incompreensível ser pelo primeiro tempo que o Botafogo fez. O tamanho da manifestação foi incompatível. Não foi por causa dos 45 minutos, foi por causa do pacote. Na partida anterior, em 15 minutos estava 3 a 0. “Time sem vergonha” foi por causa do jogo anterior, no primeiro tempo não vi time sem vergonha. Dominou e acabou levando gol de falta, acontece em qualquer jogo. Todo o comportamento foi por causa do pacote e do passado recente. Teve influência negativa porque os jogadores foram pegos de surpresa. Sabem se estão melhores, se têm o domínio, estão se tocando. Quando o adversário faz o gol e vem essa cobrança, é surpreendente negativamente para os jogadores. Na cabeça deles, cada jogo um é jogo. Na cabeça dos torcedores, são todos os jogos – declarou Casagrande.
– Essa vaia não é do jogo de ontem, é dos outros jogos. O Botafogo não tem jogado bem. Se pensar, foi bem contra Ceará, Atlético-GO e Flamengo. Contra o Fortaleza, venceu e não jogou bem. Vem de desempenhos ruins. O torcedor reclama muito sobre a persistência em alguns nomes. Oyama e Tchê Tchê foram os piores em campo, apáticos, não combatiam. O meio não tem dado certo, tem que ser mais trabalhado. Ainda teve Jogar o Vinícius Lopes para a direita para a entrada do Matheus Nascimento, voltando da Seleção Brasileiro sub-20, Erison voltando ainda sem estar 100%, vinha sendo decisivo. O Botafogo teve 21 finalizações, chega muito, mas não coloca a bola na rede. O torcedor vai perdendo a paciência não só por ontem com o time e o treinador – concordou Renata Silveira.