Renato Paiva teve um início complicado no Botafogo, mas deu a volta por cima, o time melhorou de rendimento e conseguiu os objetivos recentes na temporada 2025. Em entrevista coletiva no CT Lonier nesta segunda-feira (2/6), o técnico português creditou a evolução ao tempo de trabalho.
– Eu sempre sou da opinião que quando se dá tempo e se tem paciência com o trabalho das pessoas e esse trabalho dá indicadores de evolução, eu acho que essa paciência e esse tempo para trabalhar traz sempre bons resultados. As coisas feitas às pressas e no imediatismo em que a sociedade está hoje normalmente não dão bom resultado, ainda mais quando se trata de colocar uma equipe a jogar futebol, colocar vinte e tal jogadores a pensar da mesma forma, com a bola em determinado lugar do campo, seja nós em posse de bola ou no adversário, enfim, eu tinha essa esperança de que as coisas iam ser sempre melhorando, de menos a mais. Sabia que o começo ia ser complicado, ia ser difícil, mas tive sempre e tenho muita confiança no meu trabalho, muita confiança nas pessoas que trabalham comigo e confiança neste grupo também dos jogadores, apesar de muitos terem saído, vieram outros e também há essa questão, porque eu não peguei num grupo igual ao do ano passado, eu peguei num grupo que trouxe muita gente nova também e também me cabe essa parte de conectar eles dentro e fora do campo – declarou Renato Paiva.
– Então, por aí, era uma questão de paciência e de tempo, porque o grupo tem muita qualidade, o nosso trabalho tem qualidade e as coisas vão começar a aparecer gradualmente. Eu vejo as coisas desta forma, só consigo estar no futebol dessa forma e portanto é uma análise que eu faço. Podia ser muito melhor? Podia, porque há aqui um divisor de águas no nosso trabalho, que é o jogar em casa e o jogar fora. Isso sim nos tem penalizado. No Brasileirão, na Série A, penalizou-nos por causa da classificação onde estamos hoje, os jogos fora colocam-nos mais abaixo do que poderíamos estar, se somos regulares com o que fazemos em casa, se fizéssemos fora. A questão de Libertadores, exatamente a mesma coisa, deixamos para os dois últimos jogos em casa, porque não fomos tão competentes fora, e deixamos essas decisões para casa, ou seja, aquilo que nós temos de fazer hoje é nivelar as coisas que estamos a fazer em casa, nivelá-las com o que estamos a fazer fora. Só isto, para que o trabalho fique cada vez melhor e a classificação possa subir, porque assim, desta forma não vamos conseguir lutar, pelo menos no campeonato que é uma prova de regularidade – acrescentou.
O treinador admitiu que o jogo posicional, modelo que adota, não foi compreendido de forma imediata internamente.
– Impacta um bocadinho na confusão que se faz de forma como eu vejo o jogo, o jogo posicional. E muita gente faz confusão em relação às bases e aos termos do que é o jogo posicional. Muitas das pessoas pensam que o jogo posicional é o jogador estarem numa posição e pronto, e não se mexem mais. E não tem nada a ver com isso, tem a ver exatamente que há um ponto de partida, mas depois a liberdade é total. E os jogadores custou-lhes um bocadinho a entender isso. De tão sérios e tão profissionais que são, quiseram-nos ouvir ao máximo e quiseram fazer exatamente aquilo que nós pedíamos, mas sem entenderem bem, num primeiro momento, a verdadeira essência daquilo que nós pedíamos. Então eles foram muito rígidos e nós depois começamos a explicar que não queríamos cortar com muitas coisas que eles tinham feito no ano passado, queríamos de fato colocar estas regras do jogo posicional, porque para mim são fundamentais na posse de bola e na forma como agredimos os adversários, como fixamos defesas e libertamos colegas, mas demorou um bocadinho a entender da parte deles que depois desse momento há uma liberdade total e eles às vezes até se esqueciam de ser eles próprios. O Marlon estava preso, quase não chegava a área, o Gregore a mesma coisa, o Artur muito preso num lago. Pronto, é o que eu digo, são as tais questões que se vão detalhando e aprimorando dia após dia, com tempo e com paciência. Basicamente foi isso. Eles serem eles próprios dentro de uma ideia geral que é nossa, que para nós beneficia muito as qualidades deles enquanto jogadores – explicou.