Depois de 13 anos, um clube brasileiro venceu um europeu em uma competição oficial da Fifa. E foi o gigantesco Botafogo, derrotando o PSG, que conquistou há três semanas a Champions League, por 1 a 0 em Los Angeles (EUA) pela Copa do Mundo de Clubes. Após a partida no Rose Bowl, o técnico Renato Paiva dedicou o feito histórico à torcida alvinegra, em um longo discurso.
– Esta vitória é dedicada à gigantesca torcida do Botafogo, porque cada vez que esta equipe faz um feito deste gênero orgulha a torcida do Botafogo. Isso é histórico. Para mim, enquanto treinador deste clube, cada vez que se ganha um jogo, eu sei que eles ficam felizes, mas depois há jogos especiais, mesmo que não ganhemos mais do que três pontos e que nem sequer classificados estejamos, e temos que ter os pés bem assentos na terra, mas obviamente a nossa torcida hoje está muito orgulhosa. Isso para mim é histórico. Cada vez que eles ficam orgulhosos com o trabalho destes jogadores, para mim é histórico também – iniciou Paiva.
O técnico enalteceu o resultado conquistado no mítico estádio com muito orgulho do futebol brasileiro.
– É histórico por várias coisas. Fez-se esta competição e as vossas perguntas muitas vezes eram sobre o confronto dos continentes, se europeu, se o africano, se o asiático, se o brasileiro… Eu estou muito feliz pelo Brasil, pelo país Brasil, pelo jogador brasileiro, pelo treinador brasileiro, pelo treinador estrangeiro que trabalha no Brasil, pelo torcedor brasileiro, porque hoje é um dia que orgulha muito. Porque estava em campo o confronto entre o vencedor da Champions League, que tinha ganho há mais ou menos três semanas atrás, e o clube detentor da Copa Libertadores, mas que metade dessa equipe praticamente já cá não está.
– Eu disse aos jogadores: o mundo vai dizer que joga quem ganhou a Champions com quem ganhou a Libertadores. E o slide a seguir foi este grupo, porque este grupo tem o trabalho de muitos jogadores que chegaram depois. Mérito para os que ganharam essa Copa Libertadores, mas hoje já somos um grupo diferente. E eu disse-lhes: é quem ganhou a Champions contra este grupo de trabalho. E essa foi de fato a nossa maior vitória, e voltou a ser a maior vitória sendo nós próprios. Disse aos jogadores: sejam vocês mesmos, não percam a oportunidade perante o mundo de ser vocês mesmos. E eles foram. E isto faz de mim um treinador absolutamente orgulhoso. A forma como jogamos, taticamente perfeitos.
– É um jogo que tu gostas e queres, enquanto eu, treinador, de ter bola, de propor? Não é, mas também temos que perceber quem é que está do outro lado, como é que joga. É claramente, para mim, na minha opinião, [PSG] a melhor equipe jogando futebol no mundo, neste momento, porque é mais completa em todos os momentos. Nem é por ser espetacular, é porque em todos os momentos do jogo ela é muito completa. Então, tens de ser inteligente ao jogar contra eles. Percebes os últimos jogos, e muita gente que jogou contra eles, a Inter de Milão, na final da Liga dos Campeões, foi o que foi. Tínhamos que ser muitíssimo inteligentes, tínhamos um plano tático-estratégico que era difícil de cumprir, porque eu disse aos jogadores que possivelmente iríamos ter menos bola, e é preciso ter essa capacidade e essa resiliência, mas depois eu só peço a vocês, quando tiverem bola, tentem ser vocês mesmos. E apliquem os princípios do treino. E foi isso que fizemos.
– Acaba por ser histórico, sim, porque, como eu dizia nesses confrontos de continentes, segundo me disseram, parece que foi em 2012 a última vez que um clube brasileiro ganhou numa competição deste gênero, o Corinthians contra o Chelsea. São muitos anos, é uma história muito longa, e hoje voltamos a orgulhar o Brasil. Isso também é histórico para nós – encerrou Paiva.
