Renato Paiva já foi chamado para ser técnico de uma seleção. Mas recusou. Foi o que contou o treinador do Botafogo no programa “Seleção SporTV”, quando perguntado sobre os desafios de Carlo Ancelotti no Brasil.
– Eu não vou, porque nunca fui, e questionaram isso várias vezes, entrar pela questão das nacionalidades em primeiro lugar. Não há o treinador português. Há treinadores, ponto. Não há bandeiras nisto. Bom, eu olho para o Brasil e vejo vários treinadores de muita qualidade. Portanto, não vou entrar nisso. Agora, vou entrar na figura do Ancelotti, que não é uma figura qualquer. É só o treinador mais titulado na ativa, e que, de fato, vai ter a primeira experiência como selecionador. E isso pode deixar ali alguma dúvida, como é que ele vai adaptar-se. Obviamente vai estar bem acompanhado, bem respaldado, mas não é como treinar do dia a dia. Eu fui sondado por uma seleção há uns dois anos atrás, e eu disse que sou muito novo para isso. Eu adoro o treino, já tinha dito, adoro o treino, e para mim, aquele dia a dia do treino, o tempo tira isso, tira-me tudo, e, se Deus quiser, poderei ser convidado a ser selecionador já mais velhinho. Agora, vai faltar o dia a dia do treino, da relação diária com o jogador, do conhecimento diário, e, obviamente, do por uma ideia em campo – explicou Renato Paiva.
– É verdade que é igual para todos. Nenhum selecionador, tirando o do Catar, que vão para lá um mês e não há campeonato. Mas, neste caso, o Ancelotti tem uma vantagem, vai treinar uma seleção, para mim, do país que mais e melhores produtos de jogador desenvolve no mundo, e podia desenvolver melhor, eu já falei nisso. Eu acho que está num posto alto, mas acho que desperdiçou talento. Eu acho que o Brasil desperdiça talento, sinceramente, porque o Brasil tem o diamante, e eu não vejo nenhum diamante ir para a loja em bruto. Eu vejo o diamante ir para a loja lapidado, trabalhado, e aí é que ele é valorizado. E eu vejo esses diamantes ou saírem cada vez mais cedo, ou então, lá está, a não treinar. E se tu não treinas, não melhoras. Em qualquer profissão, jornalista, seja que for médico, é impossível. Então, desperdiça-se talento, mas mesmo assim, olhando para este leque de escolhas que o Ancelotti tem, qualidade não falta, não é? Então, reunirmos um homem com uma experiência brutal do jogo, do analisar o jogo, e a seleção é muito isto, é a estratégia, é o plano de jogo, é o análise do adversário, e é aqueles dois, três dias em que tu tens que trabalhar pontualmente e chegar ao jogador. E o Ancelotti, daquilo que eu sei, eu trabalhei com o Rui Costa no Benfica, e o Rui Costa foi jogador do Ancelotti no tempo do Kaká, e o Rui Costa dizia que ele, a chegar aos jogadores, foi do melhor que viu. E portanto, nesse aspecto, eu acho que é uma honra e um orgulho muito grande este país ter este homem a comandar a seleção, mas para ele também é uma honra e um orgulho muito grande treinar o penta das seleções.
Carlo Ancelotti esteve no Estádio Nilton Santos na última terça-feira e viu a vitória do Botafogo de Renato Paiva por 1 a 0 sobre a Universidad de Chile.