Novo treinador do Botafogo, Renato Paiva foi apresentado oficialmente nesta sexta-feira no Estádio Nilton Santos. Ao lado de John Textor, ele destacou a felicidade com o acerto.
– É com enorme orgulho, enorme satisfação, que chego a este gigante do futebol mundial, do futebol brasileiro. Claramente, o objetivo de qualquer treinador é treinar um clube da dimensão do Botafogo, com sua história e seu presente. Quando surgiu a oportunidade, nem pestanejei, fiz tudo que estava ao meu alcance para chegar a esta cadeira – afirmou Renato Paiva.
– Chego atrás do trabalho desenvolvido em 23 anos como treinador, sendo 18 na base do Benfica. Estar 18 anos em um clube desses não é fácil, manter-se é o mais difícil. Depois fui para o exterior, com título histórico no Independiente Del Valle, passagem não tão boa pelo León e passagem pelo Bahia, na qual olhando pelo contexto e pela realidade, não foi tão má. Teve um título estadual que não se ganhava há três anos, com elenco com 25 jogadores novos, sem tempo para treinar, e depois campanha na Copa do Brasil onde igualamos o melhor registro da história do clube e só saímos na semifinal nos pênaltis. E depois minha entrada no Toluca, que considero o melhor trabalho que desenvolvi no profissional, em termos não só de qualidade de jogo, como de números. Coincide muito a ideia, a forma como vejo o futebol, o jogo, que se encaixa na história do Botafogo, que é ganhar não só por ganhar, há uma forma que o torcedor exige e vamos respeitar. Vamos tentar ganhar com essa forma de jogar, Botafogo Way, como o John diz. Foi através desse percurso que me viram como pessoal ideal para chegar ao Botafogo e aqui estou – resumiu.
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Botafogo Way
– A primeira coisa que me fez aceitar o projeto foi aqui, busco a grandeza e a história deste clube que ainda por cima chega num momento em que venho treinar o campeão da Série A brasileira e o campeão da Copa Libertadores. Isso juntando a uma história de gente tão ilustre como Garrincha, Jairzinho, Maurício, Túlio Maravilha, Nilton Santos. Portanto, isso é mais do que suficiente quando o convite chegou. Obviamente, eu e quem vai escutando ao longo do tempo, neste momento de paragem, recusei, eu podia estar a trabalhar, recusei alguns convites exatamente porque não era um projeto. E esta forma de John e de Eagle olharem para o jogo e o que trouxe para o Botafogo, que o Botafogo já tinha e que eles acabaram por fomentar e dinamizar ainda mais, é claramente a cara da minha comissão técnica e da forma como nós vemos este trabalho. Pedir tempo no futebol é sempre complicado, eu sei. Nós vamos ter esse mês. Mas, acima de tudo, este projeto e este processo que me apresentaram dentro de uma metodologia que é muito também a nossa, eu acho que é um casamento, tenho a certeza que é um casamento perfeito. E daí eu dizer, Botafogo Way, na forma como nós vemos o jogo e na forma como o torce todo quer que o jogo aconteça, obviamente, ganhando. Nem sempre vamos conseguir jogar bem ganhando. Mas vamos procurar isso. E isso também, o jogar bem, que é muito relativo. Para mim, o jogar bem é fazer o jogador protagonista. Tu só consegues fazer o jogador protagonista com bola. Então os jogadores vão desfrutar também muito, como já desfrutaram nestes últimos anos. Você mencionou dois treinadores, em especial o Artur, que deixam uma marca histórica no clube, deixam o sarrafo muito elevado. Mas é isto que nós queremos. Nós trabalhamos exatamente para chegar a esta dimensão, para chegar a esta exigência e para ter a pressão de ganhar e ganhar e ganhar. E ter a pressão de ter uma torcida que pressiona, mas que pressiona porque é grande e porque quer ganhar. Não é que pressiona porque está a lutar para ser rebaixada, não. O sonho de qualquer treinador é jogar para ganhar, é jogar para lutar por títulos. Portanto, dentro de tudo isto, quando o projeto foi apresentado, só o nome Botafogo era basicamente suficiente para eu aceitar. Mas foi, de fato, uma proposta que me encheu tudo aquilo que eu vi, mas tudo aquilo que eu vejo no futebol, eu vejo no clube.
Avaliação do elenco
– O elenco é um elenco, como eu já disse, campeão da Série A e campeão do Libertadores. Esse é o elenco. E não é a saída de alguns jogadores que vai fragilizar, porque entretanto, o scouting já deu mais provas da sua competência e da sua qualidade. Claramente, soube repor estas saídas com jogadores não só de qualidade, mas com as características que eram necessárias e mais aproximadas possível às saídas dos mesmos jogadores. Portanto, muito satisfeito. É um elenco, como eu já disse, que mistura experiência, percepção do que é o Campeonato Brasileiro, com juventude. Nós temos aqui jogadores jovens que nos deixam alguma água na boca para trabalhar com eles, para os potenciar e obviamente para que eles tenham rendimento esportivo o mais rapidamente possível, na primeira equipe do Botafogo, obviamente, sem comprometer, porque aqui este equilíbrio é sempre. E eu sei bem o que é isso. É sempre muito difícil este equilíbrio num clube grande, que tens que dar estas oportunidades aos jovens, mas sempre num contexto favorável para eles aparecerem, para eles crescerem e para não comprometer, obviamente, o resultado. Nós estamos preparados para isso. Como dizia o John, o elenco nunca nos deixa satisfeitos. Nós nunca estamos satisfeitos. Falta sempre alguma coisa. Mas, de fato, eu estou muitíssimo satisfeito com o que vou encontrar. E é um elenco que nos oferece muitíssimas garantias.
Torcida
– A relação com a torcida é muito simples. É ganhar. Ganhar e jogar bem. É no Brasil e é em todo o lado, sempre que no Brasil é mais. Eu acho que é importante a torcida de um gigante destes ter este tipo de desejo, de pressão, de querer ganhar sempre. E nós temos que estar preparados para dar esta resposta. Eu dizia muito aos meus jogadores, no Toluca, quando nós começámos, chegámos com o clube em 13º lugar e fora dos playoffs. E eu disse, o estádio não com tanta gente, e eu disse, nós, para trazermos as pessoas para perto de nós, é de dentro para fora. É do campo. Daquilo que nós fizemos no campo, é isto que vai trazer os adeptos para perto nós. E ao final de uns meses, o estádio estava cheio. Os lugares cativos estavam esgotados. Nós tivemos em dois torneios uma derrota em casa somente. E foi exatamente o trabalho deles do campo, ganhando a forma de jogar, de cativar o adepto. E nós sabemos aquilo que o torcedor do Botafogo quer. E, portanto, vamos com o elenco que temos, que eles já sabem fazer, porque eles já fizeram, os resultados estão à vista. Vamos dar essa continuidade, dando também o nosso apoio pessoal. Como eu já disse, sem mudar muito, porque a base é base campeã, e nós vamos ter que aproveitar isso. Mas a relação com a torcida vai ser isto. Ganhar, de respeito. Eu sei que há momentos difíceis para os treinadores no Brasil. Eu também tive os meus no Bahia. Também sou uma pessoa que aprendeu, está de frente. E que respeito, obviamente, as torcidas, como eu digo, em todo o lado. A torcida é o coração do clube. É o que o que bate, é o que sofre, é o que chora, é o que ri. É o mais importante no clube, é a torcida. Portanto, muitas das vezes, a torcida reage dentro da paixão, da emoção. Nós temos que entender isso. E a torcida entender também que, deste lado, tem que estar também muita razão para tomar decisões que às vezes não se entendem, mas que nós estamos no dia a dia decidindo quais são as melhores decisões que às vezes eles não entendem. Mas depois, a bola quando entra no gol adversário, eles acabam entendendo tudo.