Perguntado sobre a pressão da torcida e as críticas recentes, Renato Paiva mandou bem na resposta. Após vitória do Botafogo por 2 a 0 sobre o Fluminense, neste sábado (26/4), no Estádio Nilton Santos, pelo Campeonato Brasileiro, o técnico alvinegro explicou que entende o sentimento dos torcedores e pediu apoio ao time.
– Olha, se há uma coisa que eu tenho, é o enorme respeito e a admiração pela torcida. Ponto primeiro. Não há nenhuma torcida do mundo que esteja satisfeita quando não se ganha. Nem torcida, nem jogadores, nem treinadores, nem diretores. Ninguém está satisfeito, OK? Se eu fizer o meu trabalho em função disso, não posso ser treinador de futebol. Portanto, não é desmerecer a torcida, não é não ligar à torcida, obviamente. Estamos tão insatisfeitos quanto eles. Agora, o Renato aqui é o menos importante. O que aqui é importante é que a torcida, como fez hoje, apoie os jogadores. Se me disserem assim, pede uma coisa à tua torcida, que apoie os jogadores os 90 e muitos minutos. Depois, se não estiver contente, no intervalo pode manifestar-se, de forma negativa, no final igual, mas durante que apoie os jogadores. O Renato, para trás. Porque o Renato já tem 54 anos, 23, 24 anos de futebol, e está preparado para estas coisas. E está descontente também – explicou.
– Mas o Renato também sente. E eu tinha dito aos meus jogadores que uma exibição destas podia acontecer a qualquer momento. Porque nós não fomos amassados por ninguém nas derrotas, nós não perdemos de goleada por ninguém, nós andávamos no detalhe. Nos jogos em que não aproveitávamos erros adversários, e eles aproveitavam os nossos, que nem eram assim tantos. Portanto, gera-nos descontentamento. Obviamente que gera. Mas a torcida quer ver a sua equipe a ganhar, e o meu trabalho é perceber como é que estamos, não é? E manter o equilíbrio. Não estou megaeufórico hoje, e não estou em depressão com o que está a acontecer. Sou responsável, e tenho que fazer esse trabalho. Portanto, eu tenho imenso respeito por eles, eles hoje foram muito importantes, porque outra vez, naquele momento, em que nós estávamos em sofrimento de um zero, não no jogo, mas no resultado, em que o Fluminense teve bola, e eles ali não pararam de cantar, e não pararam de apoiar, e é isso que eu peço. Por favor, apoiem os jogadores, 90 e muitos minutos. Esse é o grande papel da nossa torcida, e cobrar é normal. Tem que cobrar, obviamente. Não há como, quando não ganhas, mas são todas as torcidas do mundo – analisou.
O treinador português voltou a lembrar que o Botafogo passa por uma reformulação no elenco.
– Os jogadores saíram e os jogadores entraram. É simples. E o Botafogo do ano passado não é só Luiz Henrique e Almada. Saíram 14 jogadores. Essa é que é verdade. Foram 14, 15, saíram muitos jogadores. Segundas linhas também. Portanto, é um Botafogo novo, com uma espinha dorsal no 11 que cá ficou, como é óbvio. A maior parte dos jogadores que ganharam o que ganharam estão cá. Do 11, depois vamos para as segundas linhas em que chega. E há um processo todo de adaptação, de conhecer os colegas, de conhecer campeonatos que vieram de outros campeonatos. Portanto, isto é um trabalho que eu quis com muita vontade e continuo a querer. Imensamente orgulhoso de estar neste clube e trabalhar com estes profissionais. E nós vamos aos poucos fazendo crescer estes jogadores. Tivemos um mês para treinar e ainda bem para preparar algumas coisas porque senão poderia ser muito pior. Senão as derrotas não seriam só nos detalhes. Podiam ser de outra forma e não têm sido. Fruto do trabalho do mês que nós tivemos e agora é ir acertando enquanto se pode durante as competições. Não há como. Eu não consigo chorar o passado porque nem sequer cá estava. Eu cheguei depois, diverti-me muito a ver o Botafogo do Artur Jorge e do Luís Castro. Diverti-me muito mesmo. Era uma equipe que jogava muito bem, mas é passado. Já não existe e agora o que existe é este e nós temos de trabalhar em cima deste, acarinhar este, apoiar este e trazer resultados e exibições como hoje com estes jogadores – encerrou.