René Simões não crê que Luís Castro ‘saiu pelo dinheiro’, revela ‘ponto de ruptura’ no Botafogo e diz: ‘Estavam vendo roupa da comemoração’

René Simões
YouTube/Mundo GV Betano

Ex-técnico do Botafogo, onde foi campeão da Taça Guanabara e liderou a Série B nas primeiras rodadas em 2015, René Simões deu sua opinião sobre os motivos para o clube não ter conquistado o Campeonato Brasileiro em 2023. No podcast “Mundo GV Betano”, com o ex-goleiro Getúlio Vargas, o treinador começou falando da derrota por 4 a 3 para o Palmeiras.

– O primeiro tempo do Botafogo contra o Palmeiras foi excepcional, foi de almanaque. Se o Tiquinho tivesse feito aquele pênalti, acho que o Botafogo teria sido campeão. Esse trauma não existiria e seria campeão. Mas aí deu chance para o Abel (Ferreira) dizer que o único time que pode fazer uma virada é o Palmeiras. Não é verdade isso. O Botafogo deixou-se virar na perda daquele pênalti. Ali faria 4 a 1, não teria mais jeito – ponderou René.

– Eu vi uma coisa parecida no Mundial de 89. Estavam jogando Nigéria e Rússia, a Rússia estava ganhando de 4 a 0. O cara da Rússia tirou os dois melhores jogadores dele para descansar, a Nigéria virou para 5 a 4 em 25 minutos. É um jogo pontual. Agora, essa queda do Botafogo tem alguns componentes que precisam ser analisados. Conversei com algumas pessoas lá de dentro, (já estavam vendo) a roupa que iriam vestir na festa de comemoração, onde seria, tudo isso estava sendo muito discutido no grupo. Já era campeão, o grupo já tinha sido. Entra naquela história o próximo jogo eu posso ganhar, eu não posso perder ou eu já ganhei. As colocações têm efeito absurdo no seu cérebro, que vai determinar o seu sentimento, que vai determinar o comportamento, que vai determinar o resultado. Eles iam no já ganhei – crê René.

Para o treinador, o empate em 1 a 1 com o Goiás foi determinante, porque foi o jogo em Bruno Lage barrou Tiquinho Soares.

– Teve aquele ponto crucial, em que começou o Diego Costa e não o Tiquinho. Ali foi uma virada de chave muito séria no grupo. Foi uma ruptura do equilíbrio que tinha no time, desequilibrou um pouco. Aquele jogo foi o ponto de ruptura de um grupo que era sensacional, estava muito junto e preparado. Diego Costa disse também que faltou caráter. Você vê que ele falou demais, não é normal jogador dar entrevista tão longa. E ele tem histórico na seleção espanhola de briga com o grupo, no Chelsea e no Atlético-MG também. Naquele jogo aconteceu a ruptura, não sei se dividiu, ainda não tenho a história toda. Mas sei que ali mexeu muito com o equilíbrio do grupo – acrescentou.

– Falta juntar algumas peças dessa quebra-cabeça, ainda vou conversar com mais pessoas. Quando você divide, se está certo, esses aqui estão certos. Quando dá errado, os outros falam “viu?”. Grupo dividido é muito difícil. Chama-se sociograma. Todo grupo não é um grupo só, é a soma de alguns grupos. Você tem que saber quem é o líder de cada grupo, juntar e estar contigo como treinador. É impossível todos serem amigos. Você tem que conhecer o grupo, com quem está trabalhando – ensinou.

Por fim, René Simões comentou a saída de Luís Castro para o Al-Nassr (SAU).

– Posso falar de cadeira, porque nunca larguei um clube. Falava “vai lá e conversa com meu presidente”. Já fui mandado embora várias vezes, mas nunca larguei. Castro tem uma diferença, penduraram o pescoço dele, pediram para ir embora, saiu vaiado no Campeonato Carioca, estava muito machucado. A torcida machucou muito ele, que é muito sério. Conheci o Castro em um curso, batemos papo por muito tempo e vi a seriedade dele. E a sensibilidade dele. É um cara que sempre expressa o sentimento dele. Não sei se saiu pelo dinheiro, não acredito que sairia, porque estava para ser campeão, ali teria tudo aberto para ele, para pegar clubes da Europa. Não acredito que ele tenha saído pelo dinheiro não, estava muito machucado. E tem também o fato de treinar o Cristiano Ronaldo – completou.

Fonte: Redação FogãoNET e Mundo GV

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