Técnico do Botafogo na primeira metade da temporada 2015, René Simões relembrou sua relação com o atacante Jobson. O jogador vinha se recuperando e tendo boas atuações pelo Glorioso no Campeonato Carioca, mas acabou sendo punido pela Fifa com quatro anos de suspensão por ter se recusado a fazer o exame antidoping quando ainda estava na Arábia Saudita.
Em entrevista no “Charla Podcast”, René relembrou que mudou sua postura com o atacante após encobrir coisas erradas que o atacante fazia quando trabalhou com ele no Bahia. E contou como foi o trabalho para que Jobson recuperasse sua auto estima e o bom futebol.
– Encobri muita coisa que ele fazia no Bahia, tentava dar um jeitinho… Quando cheguei no Botafogo, disse a ele que trabalharia diferente. Ele começou no banco, na reserva, foi melhorando, aí botei para jogar. Mas teve um jogo em Volta Redonda, o médico disse que ele não conseguiria jogar porque estava sentindo uma dor na perna. Quinze dias depois fizemos um treino, iríamos jogar contra o Resende, o médico voltou a falar que o Jobson estava sentindo. Aí eu mandei o doutor dizer a ele que ia se tratar na concentração, mas que iria jogar. Ele não se tratou, até porque não tinha lesão. Botei para jogar e jogou para cacete, fez dois gols, deu passe, arrasou o jogo. Tirei ele faltando cinco minutos, ele ficou igual siri preso na lata – contou René, continuando:
– Quando vi que ele não estava no antidoping, foi alegria geral. Chamei ele na sala e falei que eu tinha virado amigo dele. Falei: “Ontem deve ter sido o pior dia da sua vida né? Porque se você fosse sorteado estaria morto. Não te protejo mais. Você quer ajuda?” Ele disse que sim. Chamei o Paulo Serrano, nosso mental coach, e estava tudo lindo. No nosso treinamento em sala, ele falou algumas coisas e foi aplaudido por todos. Disse que nunca haviam aplaudido ele falando.
Justamente antes na final do Estadual, contra o Vasco da Gama, Jobson acabou sendo punido pela Fifa. René Simões até hoje não concorda com a punição.
– Ele estava voando, aí na final do Carioca contra o Vasco, não sei se teve dedo de alguém, mas aí a Fifa vem e dá quatro anos para ele naquele processo da Arábia Saudita. Se ele fosse engenheiro, cantor, ator, advogado, ele seria proibido de exercer a profissão dele? Não. Por que um atleta tem que ser? Que puna ele de outra forma. Vai ter que pagar exame do próprio bolso, dar palestra… – sugeriu.
Mágoa com demissão
René Simões ainda não conseguiu engolir a demissão do Botafogo, após a eliminação para o Figueirense na Copa do Brasil. Na época, o presidente era Carlos Eduardo Pereira. Ricardo Gomes foi contratado para o seu lugar e manteve o Glorioso na ponta da Série B, conquistando o título e o acesso à Primeira Divisão.
– Até hoje não sei por que me mandaram embora. Quando fui para o Botafogo, me falaram que eu tinha obrigação de duas coisas: ficar entre os quatro no Carioca e classificar para a Primeira Divisão. Ganhamos a Taça Guanabara e estávamos oito rodadas como líder do Brasileiro. Aí perdemos na última bola para o Figueirense, um time da Primeira Divisão, e no dia seguinte recebi um telefonema de que iriam mudar e que depois nos falaríamos. Até hoje estou esperando – recordou.