Ex-técnico do Botafogo, René Simões passou pelo clube em um momento difícil em 2015, foi campeão da Taça Guanabara, vice-campeão carioca e era líder da Série B quando foi demitido. O treinador guarda boas recordações, principalmente da reconstrução e de um episódio específico.
Foi a música “Reage, meu Botafogo”, que deu o tom da temporada alvinegra. René Simões contou a passagem no programa “Samba Que é Gol”, do cantor botafoguense Leo Russo.
– É a forma como vejo futebol. Não vejo apenas como 11 homens jogando contra 11 homens. Vou repetir uma coisa que eu via, mas não tinha essa expressão, que é do Fernando Diniz: o futebol é a vida em movimento. Não consigo desconectar o jogador que sai aqui, entra em campo, joga e desconecta. Não, tem que estar conectado com algo que mexa com ele. A música mexe. Quando você me deu aquela letra, era que o Botafogo precisava fazer, tínhamos cinco jogadores e nem o Jefferson. Consegui conversando com a direção pedir para fazerem uma proposta, o empresário falou que era indecente, mas era uma proposta. Não podia dizer que o Jefferson ia embora porque o Botafogo não queria. Eu sabia que ele ia ficar, porque era um ícone, um símbolo. Com a música, todas compraram a ideia de juntar, de reage, meu Botafogo. Aquele dia foi muito lindo, você, o Dom Elias, todo mundo se abraçando e pulando. O vestiário fervia antes de entrar em campo, sempre ouvíamos aquela música. Botava a circulação e o batimento cardíaco lá em cima. Futebol é um grande edifício, o jogador está na cobertura, depois vem treinador, preparador físico, mas você estava lá, com sua ideia e música. Em 2015 tivemos campanha maravilhosa, o clube reagiu e reagiu bem. Você precisa ter gatilhos que acionem o gerador interno de energia que temos. Alguma coisa precisa despertar esse gatilho. Aquela música foi importantíssima – recordou René Simões.
O ex-treinador ainda comentou sobre o momento atual do Botafogo e a situação de Luís Castro.
– Primeiro, não sou absolutamente contra trazer treinadores estrangeiros para o Brasil. Acho isso positivo demais. Só acho que não precisa ser de um jeito que ninguém aqui presta mais. Temos excelentes treinadores, está aí o Felipão mostrando quem é, o Fernando Diniz, o Mano Menezes. No caso do estrangeiro, me lembro quando anunciaram o Jorge Jesus, fui o primeiro a falar “tragam, porque vai melhorar não só o Flamengo, mas o futebol brasileiro”. Ajudou, em intensidade, em compreensão de jogo, em leitura. Não conheço muito o treinador do Botafogo, me parece que não tinha dirigido nenhuma equipe, sempre foi coordenador ou diretor, posições completamente diferentes de estar na frente da batalha. Além disso, trouxeram muitos jogadores ao mesmo tempo, agora mais uma leva. Isso tudo é muito difícil. Ainda tem a cultura brasileira de o cara ter que se adaptar a isso, como eu tive que me adaptar na Costa Rica, em Trinidad y Tobago, na Jamaica, no Irão, você tem que se adaptar. Vejo os treinadores portugueses muito rígidos em algumas coisas que não abrem mão, o fato de não balançarem a cintura faz com que essa adaptação seja um pouco mais difícil – completou.
Botafogo esclarece trecho de declaração de René sobre Castro
A assessoria de Comunicação do Botafogo entrou em contato com o FogãoNET para informar que o ex-treinador René Simões mostrou grande desconhecimento ou despreparo ao comentar sobre o currículo de Luís Castro, cujo trabalho é reconhecido internacionalmente. Cabe lembrar que antes de treinar o Botafogo foi campeão ucraniano pelo Shakhtar Donetsk com 23 de pontos de vantagem sobre o Dynamo de Kiev; foi campeão da Copa do Emir, a mais prestigiada competição do Catar, pelo Al-Duhail; Em duas temporadas, disputou 22 jogos nas competições da UEFA (Champions League e Europa League); foi semifinalista da Europa League na temporada 2019-20; e conquistou a primeira vitória de um clube ucraniano sobre o Real Madrid ao derrotar os merengues por 3 a 2 pela Champions, no jogo em que o Shakhtar jogou sem 10 jogadores devido ao Covid-19, entre tantos outros.
*Matéria atualizada às 20h07