Campeão do Brasil e da América em 2024, o Botafogo começou 2025 sem treinador, em ritmo lento, já perdeu a Supercopa e está em situação difícil na Recopa, após perder para o Racing por 2 a 0 na Argentina. Apresentador do programa “Seleção SporTV”, André Rizek destacou o peso da falta de um treinador efetivo para explicar esse início tão acidentado do Glorioso.
– Uma coisa que eu aprendi cobrindo times de futebol desde 1994 é que atleta da bola é que nem criança em escola. Se você deixar a criançada numa sala sozinha, sem professora, eles vão subir na cadeira, jogar meleca na parede, escrever um monte de bobagem no quadro negro, brigar para caramba… Jogador de futebol precisa de comando. O Botafogo, supercampeão de 2024, nesse momento está em compasso de espera. Está sem a professora na sala, sem a coordenadora na sala. A diretora da escola está cuidando de outras coisas nesse momento. O Botafogo já está no segundo treinador interino na temporada. E sabe-se, é anunciado, que o Caçapa não será o chefe deles – disse Rizek, em vídeo no “GE”.
– Jogador de futebol precisa da figura da autoridade, do chefe. É curioso, mas é assim que a roda gira no vestiário. Nesse momento, o Botafogo está com o seu dono, John Textor, que na prática é o cara que decide tudo no clube, muito envolvido com os problemas do Lyon, também bastante envolvido com questões comerciais, os próximos passos que a Holding vai dar. E Textor já deu vários sinais de que não está muito preocupado com esse momento da temporada. O clube tem, nesse momento, um CEO tocando o dia a dia do Botafogo, um diretor de gestão esportiva, um diretor de rendimento, mas os jogadores, para mim isso está muito claro, compraram essa ideia de que até ter um chefe, até a temporada começar de fato, é criança na escola sem a professora na classe – completou.
Rizek citou o “destempero” do zagueiro Alexander Barboza como uma das consequências da falta de um treinador neste início de temporada. O argentino acabou sendo o grande vilão na derrota para o Racing, cometendo um pênalti de forma imprudente e se lançando ao ataque, oportunizando o contra-ataque do segundo gol:
– Olhem o destempero do Barboza. Contra o Fluminense, poderia ter sido expulso no lance com Samuel Xavier. Contra o Flamengo, armou um barraco, e o que ele fez contra o Racing? Não só o pênalti, mas a maneira como ele se joga ao ataque, aquele jeito tresloucado. No ano passado, Artur Jorge foi um chefe de muito pulso firme. Deu inúmeros esporros públicos no Barboza, não deixava os jogadores se pronunciarem sobre a derrapada de 2023. Era o chefe, o comandante. Com a saída dele, a gente pode até imaginar que no mundo ideal, numa ilusão, os jogadores vão se unir e vão tocar o barco. Eu não vou dizer que isso não existe, mas isso é tão raro na história do futebol que são aqueles casos da exceção que comprova a regra.
Para o jornalista, o Botafogo parece estar sem rumo neste momento. E o Campeonato Brasileiro começa daqui a menos de 40 dias.
– O que está acontecendo agora é perder um tempo precioso para preparar o time para o que vem aí. O Botafogo está claramente vivendo as sequelas da falta de comando. A própria torcida, que foi tão feliz no ano passado, merece nesse ano ser mais bem informada sobre os rumos do clube, o que está acontecendo. Embora dê tempo de uma mudança de rumo, como aconteceu no ano passado, no cenário ideal é muito melhor você já iniciar a sua pré-temporada com tudo certinho no lugar. O que aconteceu no ano passado não é receita, até porque a situação mudou. O Botafogo começa a temporada como o time a ser batido, e o time a ser batido dá sinais nesse momento de estar muito sem rumo, muito em compasso de espera – concluiu.