André Rizek é um dos jornalistas que mais aponta a diferença de tratamento da imprensa com clubes cariocas. No “Charla Podcast”, ele foi perguntado sobre o que se convencionou chamar de “Flapress” e contou exemplos práticos de como o Flamengo é mais valorizado que Botafogo, Fluminense e Vasco na mídia.
– Cara, tem gente que me confunde, que acha que eu sou anti-Flamengo, porque eu falo da cobertura da mídia. Nos anos 80, eu pedi de presente de aniversário pra minha família ver um jogo do Flamengo, do Zico, no Maracanã. Eu tinha fascinação pelo time do Zico, pelo Flamengo no Maracanã e tal. E aí quando eu venho morar no Rio de Janeiro em 2010, meu primeiro choque é com a cobertura da mídia. Falei, cara, como assim? Eu fazia o Redação e o projeto do Redação, muito diferente do meu trabalho hoje, era analisar a cobertura da mídia esportiva. “Ah, mas que moral você tinha?” Não era a minha história, não era pra dizer eu sou fodão, que eu sou bom, era simplesmente para ser alguém que olhasse a mídia esportiva e fizesse uma análise da mídia esportiva. Os convidados eram da imprensa. Então, o programa tinha essa pegada, foi essa a missão que eu recebi. E eu adorei, porque eu adoro mídia. Muita gente não entendeu, achou que era arrogância, pedante, um cara tão jovem ficar fazendo análises da mídia, mas era a pegada do programa. E a primeira coisa que eu percebo é que, cara, o Flamengo tem um tratamento nobre. Por exemplo, o Flamengo vence a Taça Guanabara “a Guanabara é do Mengão!” E outros clubes ganham e são zoados. Aí o Botafogo ganha o campeonato estadual “Botafogo vence um Estadual esvaziado”, peraí. Alguma coisa está diferente. O Vasco vai jogar com o Real Madrid, a manchete é “vice de novo”, o Flamengo perde do Liverpool, é “parabéns, Flamengo, bela partida”. Peraí, calma. A coisa não bate – citou Rizel.
– Ronaldinho espirrava, RONALDINHO! Aí o Vasco ganhava do Aurora, maior goleada da história internacional do Vasco, quatro linhas. Está estranho. E aí você acostuma o torcedor do Flamengo que tem que ser assim. Ao Flamengo tudo e aos outros nada. Zoeira, trata com desdém, com piada. Então o próprio torcedor do Flamengo se habituou a esse tratamento – admitiu.
Rizek ainda deu mais um exemplo recente e pediu respeito aos demais clubes.
– Durante a Copa do Mundo, tem um exemplo prático. Eu disse que o Jhon Arias era, na minha opinião, o melhor jogador, o mais completo jogador em atividade no Brasil. “Mas e o Arrasca?” Eu não falei do Flamengo. Não se pode elogiar nada que seja fora do Flamengo. Mas e o Arias? Então assim, eu acho que o torcedor do Flamengo se habituou. E cara, não é nada contra o clube. Foi se criando uma cultura de mídia no Brasil, que ao Flamengo tudo, e aos outros porrada, zoeira, entendeu? Diminuição, muitas vezes desrespeito. E eu acho que teve muito essa pegada durante o período em que eu fazia o Redação, e isso era muito claro pra mim na imprensa, nos jornais impressos, na maneira como o noticiário era feito. Então assim, o Flamengo é o clube mais popular do Brasil, é uma marca muito poderosa. Mas os outros também tem que ser tratados com respeito – encerrou.