Rizek manda a real sobre postura do Flamengo com gramado sintético: ‘Forma de atacar modelo financeiro de concorrentes, como Palmeiras e Botafogo’

André Rizek, do SporTV
Reprodução/SporTV

O Flamengo protocolou na CBF um pedido do fim do gramado sintético no futebol brasileiro em 2027. Qual seria a motivação? Apresentador do “Seleção SporTV”, André Rizek fez longa explanação sobre o assunto e citou um “ataque do clube rubro-negro a concorrentes”, como Botafogo, Palmeiras e Atlético-MG.

– Só para dizer que a disputa Flamengo x Palmeiras teve mais um capítulo. Pelo menos é assim que eu vejo, tá? Me permito desconfiar dessa proposta do Flamengo como algo realmente para melhorar o futebol brasileiro. Eu acho que é uma proposta, vou tomar cuidado para falar isso, mas eu acho que o Flamengo, pode até ser correta a proposta, mas eu acho que quando o Flamengo protocola na CBF uma proposta de acabar com o gramado sintético no Brasil eu acho que é uma forma de você atacar, hoje, o modelo financeiro de alguns concorrentes do Flamengo. E é um modelo financeiro que o Flamengo não acha justo. Porque Botafogo, Palmeiras, Galo, conseguem economizar dinheiro e ter um modelo de negócio em seus estádios lucrativo com os jogos. Então o Flamengo protocolou esse documento apresentando um programa de avaliação e monitoramento da qualidade de gramado no futebol brasileiro, que reúne sugestões voltadas a elevar a qualidade dos campos, aprimorar a prática esportiva e aproximar o futebol nacional da primeira prateleira do esporte mundial – afirmou Rizek.

– Na primeira prateleira do esporte mundial, não há gramado sintético. Eu vou direto ao ponto. O Flamengo tem razão quando ele diz que na primeira prateleira do esporte mundial não há gramado sintético. Nas grandes ligas europeias, não há gramado sintético. Sobre aumentar o número de lesões, acho que faltam estudos para embasar essa tese. O Palmeiras, que joga e treina no sintético, por seguidos anos, segundo o nosso levantamento, é o time que tem menos lesões no futebol brasileiro. Segundo o nosso levantamento, ano sim ano não, o Palmeiras termina o ano com menos lesões. Ele treina e joga em gramado sintético. Essa afirmação não dá para fazer sem rebater. Na outra, o Flamengo tem toda a razão. Não há, na primeira prateleira do futebol mundial, liga que permita gramado sintético. Inclusive as ligas que permitiam, que era o caso da Holanda, optaram por vetar gramado sintético – ponderou.

O jornalista acredita que é difícil haver mudança no Brasil, não apenas pelo modelo econômico dos clubes citados, mas também pela ausência de uma liga.

– O que acontece para a Fifa permitir? Ela faz uma inspeção anual, todo ano vem uma comissão da Fifa, lá por março, abril, e vê se o gramado sintético está de acordo com os parâmetros que a Fifa considera essenciais para a prática do futebol. E todo ano os gramados sintéticos do Brasil são liberados. A minha posição é: óbvio que eu preferiria ver o Campeonato Brasileiro disputado em gramado natural. Não se discute. As melhores ligas do mundo são disputadas em gramado natural. Não estou discutindo isso. Apenas entendo que, a partir do momento em que clubes no futebol brasileiro adotaram este modelo de negócio, que hoje são vitais. Por exemplo, o Allianz Parque só é o que é, o Nilton Santos só é o que é hoje, por causa do gramado sintético. Porque graças ao gramado sintético, eles fazem evento lá, e no caso do Palmeiras é todo dia mesmo, não é uma figura de linguagem. Tem evento lá todo dia. E é só assim que funciona o Allianz Parque da maneira como é hoje a relação comercial com o Palmeiras. O Palmeiras usa o estádio quando ele não está sendo requisitado pela concessionária, e em todos os outros dias do ano, ela faz eventos lá. E é por isso que o Palmeiras ganhou o seu estádio, sem abrir o bolso, sem gastar. Porque faz parte do modelo econômico pensado para o Allianz Parque – explicou.

– Como é que a partir do ano que vem, ou a partir de 27, que é o que sugere o Flamengo, você vai dizer, a partir de agora, ó, acabou esse modelo de negócio aqui? Esquece, começa do zero, pensa em outra coisa. A decisão pode até ser tomada, mas eu acho que, para isso acontecer, deveria existir uma liga muito bem fundamentada no Brasil, que representasse a maioria dos clubes, a vontade da enorme maioria dos clubes como sócios, e hoje não temos uma liga. Então quem que vai decidir isso? A proposta é do Flamengo, protocolada na CBF. Eu acho que a falta de uma liga torna esse assunto muito difícil de ser debatido em alto nível. Porque eu vejo assim, sem uma liga, eu vejo você atacar o modelo de negócio de outros clubes, por mais que a medida melhore o nível técnico do futebol brasileiro, sem dúvidas – finalizou.

Fonte: Redação FogãoNET e SporTV

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