O Campeonato Brasileiro pode ter o risco de ter sua integridade ferida em 2024. Quem faz o alerta é o jornalista Rodrigo Capelo, em sua coluna em “O Globo”. Ele considera que questões referentes à Libra e à Liga Forte União podem ter impacto na competição.
Capelo lembra que o número de integrantes de cada bloco na Série A interfere financeiramente.
– Direitos de transmissão estão sendo vendidos pela primeira vez na história por dois blocos de clubes. A Libra tem atualmente um integrante na zona de rebaixamento do Brasileirão, o Vitória. A Liga Forte União (LFU) tem três; Corinthians, Cuiabá e Atlético-GO. Já a tabela da Série B mostra um quadro numericamente parecido. Enquanto a Libra tem o Santos entre os quatro potenciais promovidos, a LFU se reforçaria em 2025 com Novorizontino, Mirassol e Vila Nova – citou Rodrigo Capelo.
– Esse sobe e desce importa para os blocos porque é o número de clubes que determina a quantidade de partidas que eles vendem para as mídias. Na Libra, o contrato com a Globo estabelece que deve haver nove integrantes na Série A. Cada um abaixo disso, o valor reduz em 11%. Na prática: se o Vitória não cair, melhor para o bloco, que garante a chance de manter nove membros na primeira divisão, considerando que o Santos necessariamente tem de subir – acrescentou.
Rodrigo Capelo afirmou que na Liga Forte União ainda não se saiba do impacto de números participantes, pois as conversas por vendas de direito de transmissão ainda estão ocorrendo. Mas salientou que uma queda do Corinthians poderia ser prejudicial.
O jornalista levantou a hipótese de a reta final ter jogos que clubes de uma liga possam desvalorizar o contrato de outra liga.
– Se o rebaixamento de um clube tem potencial de desvalorizar o contrato de direitos de transmissão em centenas de milhões de reais, como ficam os últimos jogos da temporada? Na 38ª rodada, o Vitória enfrenta o Flamengo, que pode já não estar mais brigando por nada no topo da tabela. Na 37ª, o Fluminense pega o Cuiabá, que pode já estar rebaixado e não ter mais nada a perder. São duas possibilidades entre outras tantas à mesa – frisou.
Capelo afirmou que já um exemplo recente de disputa entre as ligas.
– O leitor cético dirá que os tais blocos não são tão unidos, que é papo de jornalista. E eu volto com informação. Algumas semanas atrás, o presidente do Vitória, Fábio Mota, mandou um áudio para os demais dirigentes da Libra com um apelo por reforços. Relatou ele que tentara contratar jogadores por empréstimo de Athletico-PR, Cruzeiro e Internacional, e todos esses rejeitaram, sob a justificativa de que só fariam negócio com membros da LFU, não da Libra – ponderou.
– Evidente que são situações distintas. Uma coisa é não emprestar atletas para um rival que, se bem-sucedido, prejudicaria seu contrato de televisão. Outra é manipular o resultado de uma partida com a mesma finalidade. Informo sobre o caso para que se lembre: também se joga o jogo nos bastidores. Cartolas não deveriam ter permitido na história da quase liga é que disputas comerciais pudessem ferir a integridade do Campeonato Brasileiro. Deu no que deu – completou.