Comentarista do “UOL”, Rodrigo Mattos criticou a torcida do Botafogo. Para o jornalista, os botafoguenses não estão cientes da realidade do clube e da Eagle Football, de John Textor. Ele usou como exemplo a polêmica do pagamento de premiações da temporada 2024.
– A realidade se impõe. O torcedor botafoguense, que ainda continua, boa parte dele, em Nárnia, achando que o clube é bilionário e tem um dinheiro para gastar o tempo inteiro, o que se mostra é que não é isso. O dinheiro foi pago em 20 de dezembro, o próprio Botafogo reconhece, foi perguntar para a Conmebol, que falou assim “pagamos há muito tempo”. E a verdade é que está atrasado, foi combinado que era para pagar no fim do ano passado, e a nota do Botafogo não fala sobre isso, ela fala que é muito razoável pagar em 20 dias, mas não foi isso que foi combinado, foi combinado pagar no fim do ano passado. Se está atrasado é por um motivo, esse dinheiro foi usado em outra coisa. Não é fluxo de caixa, o dinheiro foi usado em alguma outra coisa, que era tapar um buraco para tapar no Lyon, um buraco bem grande, que o Textor está fazendo várias manobras financeiras para tentar resolver – alegou Rodrigo Mattos.
– Ele tem essas duas possibilidades, vender diretamente o Crystal Palace para um grupo ou uma entrada de investimento de 200 milhões de euros diretamente na Eagle Holdings, que é a empresa dele. “Ah, então esse dinheiro vai chegar para o Botafogo contratar jogador”. Não, esse dinheiro é para comprar uma parte lá da participação na empresa, ou seja, ele está vendendo o ativo dele, isso parece que investimento é dinheiro dado, chegou 200 milhões aqui e tal, não, ele vai ter que vender uma participação, e os caras que estão eventualmente comprando, que é esse Sportsbank, eles têm interesse no Crystal Palace, os dois são torcedores lá do Crystal Palace. Então, seria uma transação em vez da venda do Crystal Palace, pelo que está parecendo, ele está negociando as duas coisas em paralelo – argumentou.
Segundo o jornalista, clubes franceses estão irritados com as transações da Eagle Football, como ida de jogadores do Botafogo para o Lyon.
– De qualquer jeito, esse dinheiro é para reestruturar o grupo todo, não é para sair contratando, pode vir um ou outro jogador, mas não é que o Botafogo vai ficar bilionário de uma hora para a outra. E a verdade é, o futebol do Botafogo não sustenta o custo daquele futebol lá de trás, eram jogadores que foram contratados e agora vão para o Lyon. E aí tem o outro lado da moeda, que na França, já tem uma grande desconfiança sobre esse tipo de operação, eu conversei com gente lá, porque você contrata um jogador de 20 milhões de dólares como o Almada e depois empresta de graça, aí tem um fair play, o que adianta um fair play financeiro se você recebe um jogador de 20 milhões de dólares de graça? Chegou aqui de graça um cara contratado de outro clube. Então, tem várias questões, é uma incógnita a SAF do Botafogo. Não acho que vai ter um time fraquíssimo esse ano, não acha que vai ter contratações, mas enquanto não for sustentável, não estiver girando com as próprias pernas, ou seja, gera receita suficiente para pagar aquilo ali, como são os casos lá de Palmeiras e Flamengo, vai ter sempre essa questão, vai bater no muro da realidade. Uma coisa no futebol é o seguinte, a conta é que nem a morte, ela sempre chega – completou.
