Sandro revela recusas ao Flamengo: ‘Preferi vir para o Botafogo, não me arrependo, sou feliz da vida e amo esse clube’

Sandro, ex-Botafogo
YouTube/Botafogo TV

Ex-zagueiro, Sandro deu entrevista no Botafogo Podcast, da Botafogo TV, para falar de sua história e, principalmente, do seu amor pelo clube. Ele revelou recusas ao Flamengo, rival local, que foram ótimas decisões que tomou na sua vida.

– A torcida do Botafogo nunca me vaiou, nunca me xingou, também no Santos, joguei quatro anos, ninguém nunca me xingou, também no Sport, muito menos porque eu era da base, então o pessoal tem um carinho muito grande. Veja só, sabe onde eu fui escolhido? Tem até dois recortes que eu tenho até no meu celular, não tirei o print, que na época o Flamengo precisava pegar um zagueiro do Santos, porque Narciso e Marcos Assunção vêm para o Flamengo, e Lúcio e Athirson foram para o Santos na época. Só que Narciso, como estava sem receber no Flamengo, ele falou”eu era feliz no Santos e não sabia”, e o diretor escutou isso dentro do vestiário depois de um jogo. Devolveram o Narciso para o Santos. E aí Gilmar Rinaldi e o Flamengo precisavam escolher um zagueiro do Santos para vir jogar no Flamengo, em 99, e eles me escolheram. E no dia saiu assim no “Lance!”, “Sandro é do Mengão”, no outro dia saiu assim, “Sandro é do Fogão”. Porque eu conversei com o Gilmar, ele me ligando, eu digo, “eu não quero ir para aí, eu estou acertando com o Botafogo e eu vou para o Botafogo”. Então ali já teve a escolha de torcer e de gostar já da mística do Botafogo, da história do Botafogo. Então eu acredito que ali foi que eu fui escolhido para ser botafoguense, porque foi uma dividida com o Flamengo, e o Flamengo sempre achou que não perdia para ninguém quando ia contratar algum jogador, e ali eles perderam para o Botafogo. E eu vim para o Botafogo, passei quase seis anos, e todos os anos o Flamengo e o Vasco queriam me contratar, queriam me tirar do Botafogo, e eu disse, “eu não vou, eu vou ficar no Botafogo” – lembrou Sandro.

– Tem um recorte ali no jornal, no dia 10, acho que 10 de março, o Flamengo me anunciou, e no dia 11 de março o Botafogo que me anunciou. Eu cheguei numa sexta-feira, treinei num sábado e estreei num domingo no Maracanã contra o Friburguense, e o Flamengo ficou chateado e depois eles ficaram para pegar um outro jogador no Santos, porque eu não vim não, eu preferi vir para o Botafogo. E não me arrependo, eu sou feliz da vida, eu amo esse clube – acrescentou.

Mesmo depois de Sandro já ser jogador do Botafogo, houve outras possibilidades de ir para outros clubes que foram negadas.

– Quando acabou o meu empréstimo com o Botafogo, em 99, eu cheguei na sala do presidente do Santos, junto com, já era Mauro Ney Palmeiro, e com Antônio Rodrigues, que era o nosso vice-presidente, para comprar meu passe ao Santos, era 2 milhões na época. Quando eu chego na sala do presidente do Santos, ele me chama, em particular, porque ele gostava muito de mim, por ser nordestino, e ele gostava muito dos nordestinos, ele diz, “Sandro, eu estou saindo do clube agora, final do ano já, agora é dezembro, eu estou saindo, e eu quero saber o que é que você quer, eu tenho um Botafogo, está aqui para comprar seu passe, eu tenho um Rayo Vallecano para levar você emprestado, e Carlos Alberto Silva disse que não abre mão de você”, que eu tinha feito um grande campeonato da Série A em 99. Foi pelo Botafogo. Eles queriam que eu voltasse, por ter sido vice-campeão da Copa do Brasil, ele queria que eu ficasse no Santos, Carlos Alberto Silva, e eu falei, “não, presidente, eu quero voltar para o Botafogo, eu gosto muito daquela torcida, eu gosto muito daquele clube, deixa eu voltar para lá, eu não quero ficar no Santos, e não quero ir para a Espanha, eu quero voltar para o Botafogo”. E acabei voltando para o Botafogo, e fiquei aí mais cinco anos.

Leia outras respostas de Sandro:

Amor pelo Botafogo

– É o clube que eu tenho carinho, pra falar até carinho é pouco, né? Eu tenho um amor enorme pelo Botafogo. Minhas filhas todas botafoguenses, meu neto botafoguense. Meu time de infância é o Santa Cruz. E joguei e fui revelado pelo Sport. Quando eu falo que eu sou mais Botafogo do que todos eles, dá problema em Recife. Fez 30 anos que o Sport ganhou a primeira Copa do Nordeste e eu era o capitão desse time com 20 anos de idade. E eu levei o master do Botafogo pra jogar essa comemoração lá em Recife. A gente arrumou os patrocínios lá, conseguimos e pagamos a passagem deles de avião, demos um cachezinho pros meninos e a gente levou eles pra lá. E eu joguei os 90 minutos pelo master do Botafogo. Até hoje os caras de Recife me xingam. Cara, eu sou louco pelo Botafogo, mas gosto muito do Botafogo. Me tornei botafoguense pelo sofrimento que eu tive dentro do Botafogo naquela década de 2000 ali, como cheguei aqui em 1999. Então, aquele sofrimento de todo ano, cai mas não cai, vai e se arrasta, e Copa do Brasil foi outro sofrimento, mas aquilo vai te criando uma paixão, um carinho, aí se torna em amor por um clube que você está ali sofrendo. Chegava jogador e falava, “poxa, Sandro, tu tá emprestado, eu também tô, Botafogo não paga ninguém, deixa cair”. Eu digo, “meu irmão, não fale isso, estamos num clube grande desse, que deixar cair o quê, rapaz, vamos buscar”. Isso foi em 1999. E conseguimos, fiz cinco gols até naquele campeonato, gols decisivos, que deram três pontos ao clube, ao Botafogo na época. Então isso foi me deixando com muito carinho, com muita paixão e muito amor pelo Botafogo, por tudo que se envolvia naquele sofrimento daquela década de 2000.

Respeito da torcida

– Eu fico feliz por isso, né? É o que eu digo sempre para as pessoas. O jogador pode não ser muito bom tecnicamente, mas a entrega tem que existir em qualquer jogador. Não é só dar carrinho. É se entregar em todos os sentidos. Se entregar para o clube, se entregar para o torcedor. Eu fico revoltado quando eu vejo, muitas vezes, as pessoas querendo que um cara assine uma camisa ou bata uma foto e o cara passa e ignora. Meu amigo, se você vai ficar ali meia hora, dez minutos, não tem problema, cara. É o momento que você procurou, você está ali porque o cara gosta de você. Então, eu não vejo só a parte em campo. Eu acho que o ídolo se forma em todos os sentidos. Por exemplo, às vezes eu tenho vergonha de estar o meu neto louco para o futebol. Às vezes eu vejo um jogador no shopping, em Recife, ou em algum lugar, eu fico com vergonha de ir lá pedir para bater uma foto com o meu neto, porque eu não sei qual vai ser a reação. Eu fico com medo, cara, eu fico com medo.

– Então, assim, quando eu tinha Instagram, porque eu deixei de ter Instagram, eu ficava muito feliz quando eu recebia foto de crianças, na época, que hoje já são maiores do que eu, os caras adultos. Sandro, lembra dessa foto aqui? O cara que me seguia na rede social. Essa foto aqui, você pegava a gente, porque eu fazia muito isso, eu pegava os meninos aqui no nosso treinamento, quando acabava o treino, eu pegava eles, jogava dentro do Caio Martins, para ficar batendo bola com a gente. Rapaz, você não vê a alegria desses meninos. E até um tempo atrás, quando eu tinha Instagram, eu recebia essas mensagens. Olha, tu pegava a gente, jogava para dentro, para ficar chutando bola com você, para ficar batendo bola, para ficar fazendo embaixadinha. Então, isso é muito importante.

Botafogo 2024

– Rapaz, eu assisti a esses jogos em Recife, na TV, claro, e não estava dando para vir aqui. Até mesmo porque o estádio estava sempre abarrotado, mas houve uma mudança de estrutura, uma mudança de pensamento, porque o Botafogo, na nossa época, era sempre tudo, como eu te falei aqui no começo do podcast, era muito sofrimento, muitos problemas financeiros, em todos os aspectos. E hoje você vê o Botafogo no lugar onde ele merece. Eu gostaria de ver o Botafogo dessa maneira, sendo administrado, sem precisar, de repente, de uma SAF, que fosse administrado firme, como tem que ser uma empresa. Mas a gente via que o caminho do Botafogo tinha que ser uma SAF, tinha que ser dessa maneira que o Textor chegou aí. Que bom que chegou um cara arrojado, chegou um cara que se apaixonou pelo Rio de Janeiro, se apaixonou pelo Botafogo. E hoje você vê que ele está ali, sempre firme com o Botafogo, trazendo jogadores, lógico que vai também negociar, que é normal, não deixar de futebol ser um negócio.

– E a gente via que o Botafogo uma hora ia ganhar, porque o investimento que o Textor estava fazendo é excelente, grandes jogadores, grandes profissionais em todos os aspectos, treinadores de alto nível. Como tem que ser o Botafogo. A torcida do Botafogo é muito grande, tem torcida no Brasil inteiro. Então não podia passar o que vinha passando naquelas décadas lá atrás. O Botafogo tem que passar o que está passando agora e que vai continuar passando por esses momentos bons. Lógico que não passa por um bom momento agora, mas pelo amor de Deus, não podemos reclamar de nada.

Veja o vídeo abaixo.

Fonte: Redação FogãoNET e Botafogo TV

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