O senador Carlos Portinho (PL-RJ) pediu uma espécie de “direito de resposta” e concedeu entrevista à ESPN na noite desta segunda-feira em defesa dos trabalhos da CPI da Manipulação de Jogos e Apostas Esportivas. O parlamentar afirmou ter sido ofendido depois de criticar a omissão de imagens do VAR que foram oferecidas ao árbitro de campo na revisão da expulsão de Adryelson em Botafogo 3×4 Palmeiras, de 2023.
– É um tema que preocupa todos aqueles que amam o futebol. Quero deixar bem afastado qualquer resposta a ofensas que recebi, como “ignorante”, que o “eleitor deveria ter vergonha” de mim. Eu trato meu trabalho com muita seriedade. Esse assunto merece um maior debate. A manipulação de apostas é um fenômeno do mundo, de Goiás à Inglaterra – disse Portinho.
– O que queremos apurar na CPI e sugerir, respeitando a autonomia das entidades, e havendo crime é encaminhar a quem quer de direito, que é o Ministério Público, a Polícia Federal, não é o denunciante, e eventualmente não será a CPI. O que queremos é construir mecanismos de maior fiscalização e controle sobre o risco que há das apostas esportivas e na manipulação do resultado como um todo – completou.
Portinho confirmou que recebeu mensagens e ligações de dirigentes de clubes e federações mostrando-se surpresos com a fala de Wilson Luiz Seneme, chefe da arbitragem da CBF, de que o árbitro de vídeo não é obrigado a mostrar todos os ângulos para o juiz de campo no momento da revisão de um lance, o que gerou uma forte reação do senador na CPI na semana passada.
– O que aconteceu no depoimento do chefe da arbitragem surpreendeu a todos, inclusive clubes de futebol, presidentes de federação me ligaram. É lógico que o VAR, disciplinado pelo regulamento internacional, diz que o árbitro deve enviar os melhores ângulos de imagem, o que não significa que deva ser suprimido um ângulo importante para a decisão do árbitro de campo – ressaltou Portinho.
– Não estou falando de inteligência artificial, de jogador de São Paulo, comportamento de atletas, nada disso, entendo que isso deve estar cruzado com resultado de apostas. O árbitro de campo naquela partida fazia uma pergunta a todo instante, pedindo a câmera que mostrasse quem tocou primeiro na bola. É claro que os árbitros vão ter sua interpretação, mas a partir do momento que imagens que são relevantes para a decisão da arbitragem podem ser suprimidas a critério de alguém é muito sério, mostra que os protocolos não são seguros – prosseguiu.
– A maneira de resolver isso é jogando luz. A CBF tem que criar seus protocolos. Se você tem dois árbitros de VAR e um observador, existe gente suficiente para escolher as imagens. Essas imagens têm que ser tornadas públicas, porque essas que são suprimidas, nem o torcedor, nem o árbitro nunca terão conhecimento – completou.
O senador fluminense quer a criação de um canal de denúncias sobre manipulação de resultados envolvendo apostas à CBF e acredita que esse será o maior legado da CPI.
– Pode haver erros de arbitragem com fins de manipulação, a Máfia do Apito é um exemplo, e pode haver erros com fins de manipulação para apostas esportivas. A CBF tem um canal de denúncias? Um torcedor, um parente, que soube de um caso, tem de procurar o presidente da CBF? Se tivesse um canal adequado, certamente o presidente do Botafogo não precisava botar a boca no trombone. A Leila (Pereira, presidente do Palmeiras) disse que o canal é buscar o presidente da entidade. Não pode ser esse canal – criticou Portinho.
– Eu não quero que qualquer disputa esteja vinculada à anulação de resultado. A discussão não é se favoreceu clube A ou B, se John Textor está certo ou errado. A discussão da CPI hoje é quais são os instrumentos de fiscalização e controle. Se 100% de qualquer denúncia estiver errada, já é motivo para que haja um canal e a CBF tenha maior controle e rigidez – encerrou o parlamentar.