A chegada de Tiago Nunes foi tema de um interessante debate no programa “Linha de Passe”, da ESPN. O comentarista Gian Oddi traçou um paralelo entre a missão do novo técnico e a tarefa conferida a Bruno Lage quando da saída de Luís Castro para o Al-Nassr.
– Ele chega numa situação totalmente diferente da do Bruno Lage. A missão do Lage era uma roubada, vamos falar a verdade. Chegava para um time que estava produzindo, que tinha um aproveitamento de pontos superior à qualidade do elenco, era irreal, a liderança era justíssima. Sabíamos que a queda aconteceria. O Lage assume sabendo que o time cairia de rendimento, ainda que se esperasse uma queda menor – disse Oddi.
– O Tiago chega numa condição exatamente oposta. Ele chega com a certeza praticamente de que vai melhorar o desempenho do Botafogo em relação aos últimos quatro ou cinco jogos, porque não pode ser pior. Ele vai melhorar o suficiente para ser campeão? Essa é a pergunta que fica. A situação é muito menos incômoda, se é que se pode chamar de incômoda, do que foi com o Lage – completou.
Vitor Birner, outro comentarista na mesa, disse que Tiago Nunes não tem nada a perder assumindo o Botafogo nas rodadas finais, com chance de ser campeão, e não enxergou pressão sobre o novo treinador.
– Acho que a proposta para ele era irrecusável. Vamos supor que ele perca dois, empate um, ganhe dois e não seja campeão. O discurso vai ser: “Ah, devia ter vindo antes. Se tivesse vindo antes, teria administrado a vantagem”. Acho que só teria a perder se perdesse todos os jogos, se começar a continuar tomando viradas. Se fizer um jogo mais ou menos e ganhar por 1 a 0, OK. No fim das contas, pode entrar para a história recuperando o Botafogo. Não tem o que perder, a questão é se foi bom ou não para o Botafogo e isso ele vai ter que mostrar – opinou Birner.
Por outro lado, Paulo Calçade disse que Tiago Nunes foi corajoso em topar a missão.
– Se ele lá atrás pegasse o Botafogo do Luís Castro e tivesse 50% de aproveitamento, estaria à frente de todo mundo. Agora ele vem para 100%. Se chegar a 80% e o Flamengo ou o Palmeiras tiverem 100%, não adianta. Não dá para negociar, tem que ganhar todos os jogos e ponto final. É uma situação difícil, e tem que envolver 2024. É um cara corajoso, vamos ver se consegue mudar a roda do time – analisou Calçade.