Um dos primeiros jogadores a serem contratados na era SAF, o volante Tchê Tchê foi o entrevistado do primeiro programa “Jogando em Casa”, da Botafogo TV, que foi ao ar nesta quarta-feira. O jogador não escondeu o sentimento que tem pela torcida alvinegra e disse que hoje a relação já atingiu outro estágio.
– Já passou dessa relação de clube-atleta, para um estágio maior, para um sentimento de alegria de vestir essa camisa, de participar da reestruturação do clube, fui um dos primeiros a aceitar o projeto. É um sentimento de gratidão. Da mesma maneira que eles se sentem representados por mim, tem todo o carinho que recebo diariamente, seja por cartas que chegam aqui… Eu me entrego de corpo e alma pelo clube, tento fazer o máximo para que eles se sintam bem representados. Da mesma maneira que eles têm carinho por mim eu tenho por eles. Sei que isso veio através de muito esforço e empenho. Sou um cara sério também, quando tem momento de brincar eu brinco, mas acima de tudo sou extremamente competitivo, odeio perder. Perder não é uma opção – disse Tchê.
O volante tem uma academia própria dentro de casa para fazer trabalhos complementares. E essa ideia surgiu depois de uma conversa com o técnico Luís Castro, segundo ele explicou.
– Quando cheguei tive um período um pouco difícil, no início com o Luís Castro. Ele virou muito meu amigo depois, mas a gente brinca que ele me odiava no início, porque pegava muito no meu pé, sabia que eu poderia entregar muito mais, só que eu não entendia. Ao mesmo tempo, talvez em outros momentos não tomaria a decisão que tomei, mas em vez de procurar desculpas eu procurei uma solução. Fui trás de um fisio e de uma pessoa para me dar treino à parte – contou.
Mas a parte mais emocionante do bate-papo foi quando Tchê Tchê contou detalhes do início de sua trajetória no futebol. Ele afirmou que só insistiu em virar jogador para realizar o sonho do pai e não conseguiu segurar as lágrimas ao lembrar quando recebeu o convite do Palmeiras, através de uma ligação de Cuca, depois de se destacar pelo Audax no Campeonato Paulista de 2016, com a esposa grávida do filho Jhavier.
– Às vezes a gente ficava com um pouco de fome porque tem horário para tudo lá no clube, tinha um rapaz atravessando a rua que ajudava a gente, era R$ 1 o doce de leite e às vezes a gente não tinha R$ 1. Ele dava e falava: “Quando você tiver, você paga”. Foi muito difícil. Quando meu empresário falou da parte dos valores, não sabia nem o que fazer… (se emociona) Corta essa parte que eu estou chorando… Foi de 0 a 10 assim, muito rápido, em dois dias fechamos. Eu nunca vi o olho do meu pai brilhar como nesse dia – recordou.