Técnico do Atlético de Madrid, Simeone poderia ter treinado o Botafogo em 2011, conta ex-dirigente

Técnico do Atlético de Madrid, Simeone poderia ter treinado o Botafogo em 2011, conta ex-dirigente
Divulgação/Atlético de Madrid

Para confirmar um lugar nas oitavas de final do Copa do Mundo de Clubes da Fifa, o Botafogo enfrentará o Atlético de Madrid na próxima segunda-feira (23/6), às 16h (de Brasília).

Pela frente, Igor Jesus e companhia terão de superar o trabalho mais longevo desta competição: o de Diego Simeone, que está no comando dos colchoneros desde 23 de dezembro de 2011.

Por essas ironias do destino, o próprio Glorioso poderia ter alterado o rumo dessa história, no entanto.

No início daquele mesmo ano, em março, ao demitir Joel Santana – que conduziu a seleção da África do Sul na preparação para a Copa do Mundo de 2010 -, um dos nomes que chegou a ser colocado em discussão internamente em General Severiano para assumir como técnico foi o de Simeone.

Porém, na época, ainda que houvesse o desejo por fugir do mais do mesmo no mercado, a sugestão não foi levada adiante. O ex-volante se encontrava no Catania e lutava para salvar o time italiano do rebaixamento.

Embora não houvesse naquele momento o mesmo boom atual de técnicos estrangeiros no Brasil, a situação econômica do futebol local e o câmbio mais controlado permitia investimentos ousados, como o próprio Botafogo fez pouco depois ao trazer o meia holandês Clarence Seedorf, do Milan.

Por esse motivo, havia a convicção de que, em caso de oferta, Simeone teria topado.

Não por acaso, após cumprir o seu objetivo e manter o Catania na Série A, ele retornou ao futebol argentino para trabalhar no Racing. O Botafogo, por sua vez, escolheu Caio Júnior.

O grande defensor do nome de Simeone no clube foi o ex-diretor de futebol Sidnei Loureiro, que havia morado na Espanha antes e feito parte da mesma turma de um curso de formação de treinadores que o atual comandante do Atlético. Ele recordou o episódio à Fifa.

A gente estava reunido e discutindo: “vamos inovar, não vamos inovar, vamos trazer quem?” Eu chego, então, para todo mundo e falo: “eu tenho um nome, o do Simeone, fiquei estudando futebol com ele por oito meses e me surpreendeu como ser humano, em termos de humildade e caráter.” Porque como jogador a gente, como brasileiro, na verdade, não gostava dele porque ele batia em todo mundo, brigou com o Romário, era muito ruim jogar contra ele. Eu tinha essa visão e tudo mudou nesse curso que a gente esteve junto – conta Loureiro, que é treinador licenciado nível III pela Uefa.

Foi uma risada na mesa, no entanto. A gente também vivia numa época, vamos dizer, 15, 16 anos atrás, que também não tínhamos tanta informação como hoje. E a reação foi na linha de “como assim Simeone, está maluco? – prosseguiu.

Não decidiram tentar e hoje muita gente lembra disso e fala: “e se tivéssemos trazido o Simeone naquele ano, quem sabe o que teria acontecido?”’ Mas, infelizmente, o que temos é apenas o “se” nessa história – completou.

‘O Atlético é muito parecido com o Botafogo’

Naquela altura, era impossível imaginar como a carreira de Simeone se desenrolaria ou mesmo que ele se tornaria um treinador de praticamente um clube. Já são 13 anos e cinco meses no banco de reservas do Atlético.

Pela experiência que teve no futebol espanhol e posteriormente em seu retorno ao Botafogo, Loureiro consegue identificar, ainda assim, pontos em comum entre os dois times que poderiam ter permitido uma vida longa do ex-jogador de 55 anos no alvinegro carioca.

Eu mencionei isso naquele período e até brinquei que o Atlético, onde Simeone passou cinco temporadas da sua carreira como atleta, é muito parecido com o Botafogo. É aquele time sofrido, tem aquela coisa de só acontece com o Botafogo e só acontece com o Atlético também, sofrer gol de Sergio Ramos nos descontos do segundo tempo em final de Liga dos Campeões da Uefa – afirmou o ex-dirigente, que hoje é um dos sócios da Licenci Sports + Tech, empresa especializada em licenciamento em escolinhas de futebol, com parceria com o Botafogo, entre outras equipes, e unidades nos Estados Unidos.

Na minha visão, o Botafogo era um time que tinha de jogar de maneira reativa, até pelas condições financeiras, do poder de contratação de grandes atletas, que a gente não tinha, você precisava de um treinador que tivesse esse perfil, que eu acho que foi o que o Simeone fez no Atlético. Com o investimento que o Atlético tem, tão diferente de vários clubes bilionários europeus, o cara bateu duas finais de Champions, ganhou o Campeonato Espanhol, está sempre brigando – acrescentou.

Com Simeone do lado adversário, o Botafogo tentará seguir fazendo história no Mundial de Clubes e, após bater Seattle Sounders e Paris Saint-Germain, passar também pelo Atlético para seguir com o seu conto de fadas nos Estados Unidos.

Fonte: Site da Fifa

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