Se tinha algum torcedor do Botafogo que ainda pedia a demissão do técnico Luís Castro, John Textor deixou claro que a chance de o português sair é inexistente. Em participação na live da mídia independente no “Canal do TF” na noite desta quarta-feira (24/8), o acionista da SAF alvinegra fez uma longa explanação para defender o trabalho do português, mesmo com a campanha abaixo das expectativas no Campeonato Brasileiro.
– O mais importante que as pessoas entendam, não é apenas uma defesa de Luís Castro ou do processo, mas sim entender como tivemos que começar. Se você olhar para o elenco, porque ainda não vemos grandes nomes, grandes estrelas, tentamos algumas situações… Apenas três jogadores tinham experiência na Série A, e para construir um time para não ser rebaixado e ser competitivo tem que ter 27 jogadores que saibam jogar a Primeira Divisão. Começamos no dia 11/3, tivemos 30 dias para montar um time para jogar a Série A, foi um período muito curto para identificar jogadores que poderiam ser qualificados para atuar na Primeira Divisão. Contratamos de 10 a 12 jogadores e mesmo assim ainda precisaríamos 14 jogadores a mais para ter um elenco completo para a Série A. Se você olhar o elenco de antes… Eu nunca critico os jogadores, mas fica óbvio quais atletas têm velocidade, velocidade de tomada de decisão, girar a bola, há uma diferença clara entre jogadores de Série A e de Série B. O Luís Castro teve que juntar esse grupo, com jogadores de Série A, de Série B, ganhar jogos e fazer a torcida feliz. Tchê Tchê, Lucas Fernandes, com o tempo mostraram o que sabíamos desde o início, são grandes jogadores e iriam fortalecer o elenco. Há jogadores também que não se adaptaram ao sistema tática do Luís Castro, ainda não foram produtivos, houve lesões… Quando você trouxe os primeiros 12 jogadores e apenas 6 ou 7 estavam realmente funcionando em alto nível, você tem um problema, porque é necessário um grupo de 27 jogadores. Veio a segunda janela e ela deu uma oportunidade de você chegar perto desse grupo de 27 atletas. Podemos ficar felizes de trazer 12 jogadores na primeira, 10 na segunda janela, alguns bons jogadores que ficaram, agora estamos perto de um grupo de 24, 25 jogadores realmente capazes de jogar a Primeira Divisão – iniciou textor.
– O Castro tem um dos trabalhos mais difíceis que você pode imaginar no futebol: 30 dias para juntar um time, sem pré-temporada, na primeira metade do ano você tem metade de um time sem qualificação para a Série A, tem que deixar o time pronto, com sistema tático, e bater times que já estão consolidados há alguns anos, porque os torcedores do Botafogo têm expectativas muito altas. O que acho interessante é que nunca vi um time com tantos desfalques por cartão, lesões… São nove, dez desfalques por jogo. Na Premier League, o Liverpool não vence os times da metade da tabela se de repente perder oito, nove, dez jogadores. Nem os melhores times do mundo conseguem, porque esperar que o Luís Castro tenha uma fórmula mágica? Agora o trabalho fica ainda mais complicado, porque ele tem mais 10 jogadores, alguns atletas sairão por empréstimo para ter mais tempo de jogo em outros clubes para se valorizarem, mas são mudanças… Dez jogadores chegando, outros saindo, é uma situação complicada para entrosar os atletas – continuou.
– Tive uma conversa com ele em que disse que ele tem alguns jogadores espetaculares agora, mas parece que em todas as partidas há um, dois ou três jogadores quebrando o sistema que ele pretende. Leva tempo para construir um sistema e para que todos sejam leais a esse sistema. Estou muito feliz com o Castro, é o homem certo para essa função. Ele é um professor, um construtor de sistemas, um técnico, entende o jogo. Por favor, não me digam que o jogo é diferente aqui, o campo tem a mesma forma, a bola é do mesmo tamanho. Tendo que montar todas as peças rapidamente, ele é o homem certo para esse trabalho. No último jogo tivemos um péssimo início, a bola veio do lado esquerdo da nossa defesa onde somos muito fortes, o atacante foi bem na jogada, teve sorte, a bola bateu no zagueiro, voltou nele, isso acontece nas melhores equipes. Eu não mudaria o lateral-esquerdo, não mudaria o zagueiro, não mudaria o técnico. O futebol é isso – prosseguiu.
John Textor encerrou sua longa explanação deixando claro que espera uma melhora do desempenho do Botafogo no Campeonato Brasileiro, mas que oscilações vão continuar acontecendo.
– Não contratamos Cristiano Ronaldo, Cavani, James Rodríguez, mas montamos um grupo com uma folha salarial entre R$ 11 milhões e R$ 12 milhões por mês. Acho que vamos ganhar alguns jogos que não ganharíamos, espero que comece nesse fim de semana, e vamos perder alguns jogos que não deveríamos. Toda essa besteira sobre demitir o treinador… Você tem que dar tempo ao treinador, ainda mais quando ele tem que começar um clube, um time, estrutura, campos, constantes mudanças de jogadores, atletas machucados, promovidos do time B. Acho incrível ouvir pessoas dizendo que esse treinador não está fazendo um grande trabalho. Agora chegamos à segunda parte da temporada e nos sentimos muito bem com o grupo que montamos e esperamos realmente resultados melhores.