O Botafogo subiu os 2850 metros de Quito e segurou um 0 a 0 com a LDU pela Copa Sul-Americana. Depois de sofrer com a velocidade da bola no primeiro tempo, Castro mudou a formação defensiva e a equipe cedeu menos espaços para o adversário na etapa final. Lucas Perri foi o destaque da equipe com oito defesas, incluindo um milagre no apagar das luzes, que seguraram o zero no placar. O empate sem gols manteve a decisão da classificação para a última rodada. O vencedor do grupo avança direto para as oitavas de final, enquanto o segundo colocado disputa um playoff contra um dos terceiros colocados da Copa Libertadores.
Antes da bola rolar, uma notícia preocupou o torcedor alvinegro: Tiquinho Soares ficou fora do jogo para tratar um problema físico e foi substituído por Janderson. Na entrevista pré-jogo, Luís Castro revelou não se preocupar com os efeitos da altitude e a escalação inicial, com uma rotação natural de alguns titulares, deu indícios da normalidade com que o treinador encarou a partida. Na lateral-direita, Rafael começou o jogo na vaga de Di Placido. Nas pontas, setor onde Castro promove o maior revezamento no grupo, entraram Gustavo Sauer e Victor Sá. Eduardo, poupado contra o Athletico no último sábado, voltou ao time.
O Botafogo também não mudou o seu estilo de jogo para encarar os equatorianos e a altitude. O time manteve a iniciativa de marcar com as linhas altas, por vezes subindo a pressão para tentar roubar a bola no campo de ataque. Nos primeiros 20 minutos, o Glorioso teve mais a posse de bola, mas não conseguiu gerar aproximações no campo ofensivo e ficou muito dependente de jogadas individuais, o que limitou o poder de criação da equipe. Sem a bola, os defensores alvinegros tiveram dificuldades para encontrar o tempo exato da bola e a LDU conseguiu ótimo aproveitamento nos lançamentos (71%, 24 acertos em 34 tentativas) . Os laterais Rafael e Hugo foram os que encontraram mais problemas na defesa e sofreram com as investidas de Alexander Alvarado e Renato Ibarra.
A partir dos 20 minutos, o Botafogo perdeu o controle da posse e viu os donos da casa cada vez mais próximos do gol. A estratégia dos equatorianos era clara, focando o jogo pelas beiradas – especialmente em cima de Hugo – ao conseguir superioridade numérica no setor. O objetivo era alcançar a linha de fundo e procurar cruzamentos rasteiros para o centro da área. Foram 13 finalizações da LDU contra apenas três do Glorioso. Lucas Perri foi o destaque alvinegro com seis defesas no primeiro tempo, a melhor delas evitando gol de Angulo aos oito minutos.
Apesar de toda a dificuldade, a chance mais clara de gol da primeira etapa foi alvinegra. Janderson aproveitou escorregão do zagueiro, mas teve o chute travado na quina da pequena área. O lance surgiu depois de Eduardo levar a melhor sobre a marcação e ser derrubado na entrada da grande área, em um raro momento em que um botafoguense conseguiu levar vantagem em jogada individual.
Com o ritmo imposto pelos equatorianos, no decorrer do primeiro tempo o Botafogo foi perdendo contato com a bola conforme o aproveitamento nos passes foi corroendo. Terminou os primeiros 45 minutos com 41% da posse e 78% de acerto nos passes (nos 20 minutos iniciais, teve 54% da posse e 85% de aproveitamento nos passes). Sem uma alternativa efetiva de contra-ataque ou uma referência para segurar a posse no ataque, o time não conseguiu utilizar as bolas longas na transição ofensiva e acertou apenas oito das 31 tentativas.
Victor Sá foi o jogador que menos participou do jogo na etapa inicial e foi substituído por Luis Henrique no intervalo. Rafael, com um cartão amarelo, também não voltou para o segundo tempo e deu lugar ao argentino Di Placido. Castro mudou também a formação defensiva do 4-4-2 para o 4-1-4-1, alterando o posicionamento de Marlon Freitas para o entrelinhas e recuando Eduardo para a segunda linha de quatro marcadores. A mudança deixou o sistema defensivo mais coeso, com mais pontos de apoio para evitar situações de superioridade numérica nas laterais.
Como o empate servia ao Botafogo para manter a liderança e decidir em casa a classificação contra o Magallanes na última rodada, a ideia de Castro para o segundo tempo foi sofrer menos defensivamente, não permitindo tantas finalizações da LDU como na etapa inicial. O plano funcionou bem no retorno do vestiário e o Glorioso, apesar de ter ainda menos a bola, ocupou bem os espaços e manteve os equatorianos longe do gol de Perri. A equipe ainda conseguiu duas boas chegadas no ataque com a dupla de zaga aos sete e aos oito minutos.
A primeira finalização da LDU no segundo tempo saiu apenas aos 20 minutos. Sem encontrar alternativas, o treinador Luis Zubeldia trocou os centroavantes, trazendo Juan Anangonó em campo, jogador que tem a imposição física como principal característica. Os equatorianos passaram, então, a apostar nos cruzamentos pelo alto como forma de finalizar ao gol. Castro respondeu trocando Janderson por Júnior Santos. Atuando centralizado no ataque, Júnior conseguiu segurar a bola e aparecer como opção para puxar contra-ataques, o que ajudou a aliviar a pressão sobre a defesa alvinegra.
Na reta final, Lucas Fernandes entrou no lugar de Gustavo Sauer. Júnior Santos foi deslocado para o lado direito e Eduardo para o comando do ataque. Depois de uma ameaça de pressão dos equatorianos entre 25 e 30 minutos do segundo tempo, o Botafogo não se desesperou, evitou recuar excessivamente para não ceder espaços para cruzamentos e conseguiu esfriar o ritmo do jogo novamente. Uma prova do acerto defensivo alvinegro na etapa final foi ter limitado o adversário a apenas seis finalizações (menos da metade dos 13 chutes do primeiro tempo). Quando Perri foi exigido, no último minuto do jogo, fez a defesa do jogo e manteve a rede inviolada.
O Botafogo enfrenta o Fortaleza no Estádio Nilton Santos no próximo sábado (10), às 21h. Nesta terça-feira, em jogo válido pela Copa Sul-Americana, O Tricolor do Pici foi até a Venezuela com uma equipe mista e perdeu para o Estudiantes de Mérida por 1 a 0.
Números do jogo: (Sofascore)
Posse de bola – LDU 63% x 37% BOT
Passes certos – LDU 430 (85%) x 228 (76%) BOT
Finalizações – LDU 19 (8 no gol) x 9 (3) BOT
Finalizações dentro da área – LDU 12 x 6 BOT
Finalizações de fora da área – LDU 7 x 3 BOT
Grandes chances criadas – LDU 1 x 1 BOT
Grandes chances perdidas – LDU 1 x 1 BOT
Desarmes – LDU 12 x 12 BOT
Interceptações – LDU 4 x 8 BOT
Cortes – LDU 13 x 21 BOT
Cruzamentos – LDU 6/20 (30%) x 2/8 (25%) BOT
Bolas longas – LDU 37/60 (62%) x 20/59 (34%) BOT
Dribles – LDU 5/11 (45%) x 5/13 (38%) BOT
Disputas de bola vencidas – LDU 43 x 44 BOT
Disputas aéreas vencidas – LDU 12 x 14 BOT
Faltas – LDU 13 x 14 BOT
Cartões amarelos – LDU 0 x 5 BOT