Enquanto a torcida alvinegra sonha com o time formado pelos reforços que estão chegando, o atual elenco segue dando dor de cabeça. No Nilton Santos, o Botafogo perdeu por 1 a 0 para o Fluminense no primeiro jogo da semifinal do Cariocão. Depois de um começo promissor, com boas saídas em velocidade, o time perdeu intensidade e viu o adversário crescer na segunda etapa. As decisões erradas de Lucio Flavio nas substituições pioraram a equipe e contribuíram para o resultado.
O clássico ganhou tempero especial com a estreia da primeira contratação da gestão de John Textor. O novo xerife alvinegro, Philipe Sampaio, formou a dupla de zaga com Kanu, no lugar de Joel Carli, que sentiu dores no tornozelo. O camisa 94 jogou pelo lado direito do miolo de zaga, mantendo a dinâmica da dupla titular. Poupado na última rodada da Taça Guanabara, Chay retornou ao time com a responsabilidade de ser a referência técnica do meio-campo. No gol, mesmo após a atuação fraca no empate com o Audax, Diego Loureiro foi mantido devido à convocação de Gatito para a seleção paraguaia.
O Botafogo assumiu uma postura reativa desde os primeiros minutos do jogo. Aproveitando-se da lentidão na troca de passes e da pouca movimentação ofensiva do Fluminense, o sistema defensivo alvinegro ficou bem postado e foi bastante combativo nas retomadas de bola, com intensidade pouco vista durante o campeonato. Nos primeiros 20 minutos de jogo, foram quatro desarmes, três interceptações e sete rebatidas da defesa. Demorou meia hora para o adversário conseguir sua primeira finalização na partida. Jonathan, que no esquema da equipe atua normalmente como um ponta na fase ofensiva, teve mais preocupações defensivas para não ceder espaço para Jhon Arias.
Com a bola, até a parada técnica o Glorioso teve 38% da posse de bola. Mas, se o adversário encontrou dificuldade em encontrar espaço no campo de ataque, o Botafogo conseguiu explorar o contra-ataque para ameaçar a defesa tricolor. Para abrir o campo e espaçar a linha defensiva, Rikelmi atuou bem aberto pelo lado esquerdo. Chay e Matheus Nascimento encontraram brechas para jogar, mas faltaram mais opções ofensivas para a fluidez do ataque. A dupla de volantes aproveitou pouco o espaço para infiltrações a sua frente. Kayque tem força para a função de meia que joga de área a área, no entanto falta visão de jogo e qualidade no passe para ser uma arma ofensiva confiável.
Em um primeiro tempo de poucas chances, Rikelmi teve a melhor oportunidade de abrir o placar, já nos acréscimos. Depois de roubada de bola de Matheus Nascimento na entrada da área, a bola ficou dividida entre o goleiro Marcos Felipe e o ponta, que finalizou por cima do gol. Na metade final da primeira etapa, o Fluminense acertou a marcação e não ofereceu espaço para a transição em velocidade do Botafogo. Luiz Fernando foi peça apagada no ataque, participando pouco do jogo (segundo jogador com menos ações com a bola no primeiro tempo) e sendo pouco produtivo em suas ações (cinco passes certos e três errados). Na defesa, a marcação alvinegra não manteve o nível inicial de concentração e intensidade, especialmente na segunda linha, formada pelos volantes e pontas.
Sem alterações no intervalo, o Botafogo teve grande chance de marcar com Matheus Nascimento, aos quatro minutos. No mais, o jogo manteve o ritmo morno, com poucas chances de lado a lado. O jogo truncado no meio-campo e de pouca criatividade pedia a entrada de Erison. O Touro entrou aos 20 minutos e não demorou para incendiar o jogo. Na base da força, da trombada, o centroavante incomodou os zagueiros adversários e teve grande chance de marcar de cabeça, mas parou em grande defesa de Marcos Felipe.
Mas o Botafogo não conseguiu manter o ritmo e viu o adversário crescer em campo após as substituições de Abel Braga. Se havia poucas opções de velocidade, as entradas de Nonato, Yago Felipe e Ganso, melhoraram a organização e a troca de passes da equipe. Lúcio Flávio e o sistema defensivo alvinegro não encontraram resposta para a movimentação e os espaços entre as linhas de marcação ficaram muito expostos. O gol de Jhon Arias, aos 36 minutos, foi consequência direta da melhora do Fluminense, enquanto os jogadores da desorganizada defesa do Botafogo chegaram sempre atrasados no combate.
As mexidas do treinador interino não surtiram efeito. A saída de Kayque para a entrada de Breno matou uma opção de saída da equipe para o ataque e não reforçou a defesa. Em princípio, a motivação da substituição foi o cartão amarelo de Kayque. Cinco minutos depois, Barreto também foi advertido e também foi substituído. Jonathan, que fez bom jogo, foi substituído por Hugo. Enquanto esteve em campo, a interação de passes entre o lateral-esquerdo e Rikelmi foi a mais frequente da equipe (10). Rikelmi também deixou o campo para a estreia de Vinícius Lopes no ataque. O improdutivo Luiz Fernando jogou os 90 minutos, registrando dois passes certos e três errados no segundo tempo.
Apesar da derrota, Philipe Sampaio teve atuação segura na defesa. O zagueiro mostrou firmeza nas divididas, foi seguro no jogo aéreo e terminou o jogo com seis rebatidas. Foi o segundo jogador com mais ações com a bola no time alvinegro (110) e, ainda que tenha tido dificuldade em alguns passes errados, foi o jogador do Botafogo que mais acertou passes (31).
As duas equipes voltam a se enfrentar no Maracanã no próximo domingo (27), às 16h, para a definição do finalista. O Fluminense joga com a vantagem de dois resultados iguais.
Números do jogo: (Footstats)
Posse de bola – BOT 41% x 59% FLU
Passes certos – BOT 218 (86%) x 353 (91%) FLU
Finalizações – BOT 9 (3 no gol) x 7 (4) FLU
Assistências para finalização – BOT 6 x 4 FLU
Desarmes – BOT 22 x 19 FLU
Interceptações – BOT 4 x 0 FLU
Cruzamentos – BOT 4/14 (29%) x 5/18 (28%) FLU
Lançamentos – BOT 9/27 (33%) x 10/31 (32%) FLU
Viradas de jogo – BOT 3 x 5 FLU
Dribles – BOT 1 x 2 FLU
Perdas de posse de bola – BOT 26 x 33 FLU
Faltas – BOT 18 x 20 FLU
