Com um gol de Marco Antônio nos minutos finais, o Botafogo empatou em 1 a 1 com o Avaí e escapou de registrar a terceira derrota na Série B. Mais uma vez o time desperdiçou chances claras de gol e viu o adversário abrir o placar. Na oitava posição, com um jogo a menos em relação aos adversários, o Glorioso agora tem 12 pontos, a seis do G4.
Marcelo Chamusca teve problemas para escalar a equipe. Chay, destaque do time com três gols e duas assistências, cumpriu suspensão pelo terceiro cartão amarelo. O momento ruim de forma de Marco Antônio fez o treinador optar pela entrada de Barreto para reforçar a marcação no meio-campo. Foi a primeira chance do volante como titular depois de atuações muito discretas vindas do banco de reservas. Sem a capacidade de improviso do atacante, a armação do time caiu novamente no colo de Pedro Castro, que já pareceu pouco confortável nessa função em jogos anteriores.
Outra dor de cabeça para Chamusca é a lateral-esquerda. Desde a venda de Paulo Victor para o Internacional, Guilherme Santos assumiu a posição e desapontou tanto na defesa quanto no ataque. Contudo, o jogador foi mantido como titular devido à falta de confiança da comissão técnica em Rafael Carioca.
No último jogo em casa, uma vitória sobre o CRB, o Avaí teve 66% de posse de bola e finalizou 24 vezes. Para tentar evitar o controle do time catarinense, o Botafogo subiu a marcação, mas pouco pressionou no campo de ataque. Assim, a marcação foi bem encaixada e até incomodou o adversário, mas não resultou em um número significativo de desarmes. A principal oportunidade de gol do Avaí surgiu em uma roubada de bola após erro de Daniel Borges e uma finalização que encontrou a trave esquerda de Douglas Borges. Depois dos 30 minutos, o sistema defensivo alvinegro teve mais dificuldade em conter o ataque adversário e permitiu trocas de passes próximas à área.
Com a bola, o Glorioso valorizou a posse tirando a velocidade do jogo. A ideia foi atrair a marcação do adversário para explorar os lançamentos, especialmente com os zagueiros e o volante Barreto, que recuou para ajudar na saída de bola. A partir da bola longa o time construiu as melhores chances de gol do primeiro tempo, desperdiçadas por Rafael Navarro e Luís Oyama. A entrada de Barreto empurrou Oyama para um setor adiantado no meio-campo. O camisa 5, que vem se destacando com a camisa alvinegra pela capacidade de passe e de fugir da pressão, agora exerceu a função de ligação entre o meio e o ataque, chegando na área para finalizar. Dessa forma, a bola esteve mais nos pés de Barreto (47 toques na bola no primeiro tempo) que de Oyama (33).
Os 45 minutos iniciais foram de um jogo bem disputado com chances de lado a lado. O Botafogo perdeu Ronald lesionado e Warley entrou no seu lugar. A entrada do camisa 25 é boa oportunidade para falar de Daniel Borges. A titularidade do lateral é um caso difícil de ser entendido. O jogador tem dificuldades de manter formada a última linha da defesa e oferece muito espaço ao adversário. No ataque, um festival de cruzamentos errados e a inexplicável condição de cobrador de escanteios na ausência de Chay. Warley passa longe de ser inquestionável e Chamusca esperava mais dele na parte ofensiva como lateral. Ainda assim, parece uma opção melhor dentro das possibilidades atuais do elenco.
Sem mais alterações, o Botafogo voltou para o segundo tempo repetindo a estratégia de valorizar a posse e alcançou mais de 60% durante a etapa final. Os lançamentos, no entanto, pararam de entrar na defesa catarinense e o time teve problemas para criar e finalizar no gol. Guilherme Santos guardou posição pelo lado esquerdo e o time teve menos peças ofensivas para jogar. Mas foi justamente na esquerda que o Avaí conseguiu chegar ao gol, depois de uma sucessão de erros do Alvinegro. Kanu dominou errado e perdeu a bola no campo de ataque, Guilherme intempestivamente foi dar combate no meio-campo e deixou a defesa desguarnecida, Barreto teve a chance de cobrir a subida do lateral, mas foi desatento e deu espaço para o adversário. Por fim, o jogador avaiano no meio de três marcadores conseguiu chutar cruzado e marcar o gol.
Depois do gol, Marcelo Chamusca mexeu no time com as entradas de Rafael Carioca, Marco Antônio, Felipe Ferreira e Rafael Moura. Sem muito critério e organização, o time conseguiu empurrar o Avaí para trás, mas não conseguiu chutar ao gol para exercer pressão. Pelo contrário, o adversário criou chances perigosas e quase chegou ao segundo gol, obrigando Douglas Borges a trabalhar. Mas coube a Warley, de volta a lateral, acertar o que Daniel Borges não conseguiu enquanto esteve em campo: um cruzamento. Marco Antônio apareceu na segunda trave e de voleio empatou o jogo no apagar das luzes.
O empate fora de casa contra um adversário em ascensão não é uma tragédia. O que preocupa é o desempenho e, sobretudo, as escolhas questionáveis do treinador que deixam um sabor amargo no sábado alvinegro. Outro fator chama a atenção: o Botafogo desperdiçou 14 das 19 chances claras de gol que teve no campeonato. É preciso mais capricho na hora de finalizar as jogadas. Em uma competição tão nivelada, com jogos decididos em detalhes, o time não pode se dar ao luxo de enfileirar gols perdidos.
Terça-feira (6), às 21:30h, o Botafogo tem mais um difícil desafio, quando vai encarar o CRB no Estádio Rei Pelé, em Maceió.
Números do jogo:
Posse de bola – BOT 54% x 46% AVA
Passes certos – BOT 397 (83%) x 325 (79%) AVA
Cruzamentos – BOT 3/22 (14%) x 2/18 (11%) AVA
Bolas longas – BOT 34/63 (54%) X 35/70 (50%) AVA
Finalizações – BOT 14 (3 no gol) x 14 (4) AVA
Finalizações dentro da área – BOT 9 X 7 AVA
Chances claras – BOT 3 x 0 AVA
Desarmes – BOT 7 X 15 AVA
Faltas – BOT 14 x 15 AVA