Análise: empate em amistoso contra o Palace confirma talento de Lucas Perri e lacunas do Botafogo para 2023

Jeffinho, em Crystal Palace x Botafogo
Vitor Silva/Botafogo

Se no passado o Botafogo de Nilton Santos e Garrincha fez história em excursões tornando a camisa alvinegra conhecida em todo o mundo, hoje o time de John Textor deu mais um passo no processo de reconstrução de sua marca. Os comandados de Luís Castro enfrentaram o Crystal Palace no Selhurst Park, em Londres, e saiu com um empate em 0 a 0. O goleiro Lucas Perri foi o grande destaque pelo lado alvinegro, com um pênalti defendido e algumas intervenções importantes.

Enquanto o Botafogo garimpa reforços pontuais para o elenco, o time entrou em campo sem apresentar novidades. Rafael e Gustavo Sauer, que perderam muitos jogos por lesão na temporada, ganharam a oportunidade de começar o jogo como titular. Muitos jogadores do elenco alvinegro têm experiência nos gramados europeus, mas para um em específico o Palace é um adversário habitual: o lateral-esquerdo Marçal, com a camisa do Wolverhampton, enfrentou os londrinos pela última vez em março deste ano.

Análise Crystal Palace x Botafogo

O Palace, 11º colocado na Premier League, veio para o amistoso com cinco jogadores considerados titulares, incluindo Wilfred Zaha, artilheiro do time no campeonato inglês com seis gols. Os donos da casa começaram o jogo imprimindo o ritmo intenso característico do futebol praticado na Inglaterra. O Botafogo demorou para entender a velocidade diferente do jogo e não conseguiu jogar nos primeiros minutos de jogo. A saída de bola alvinegra foi sufocada pela pressão alta da marcação e Tiquinho Soares ficou isolado, participando pouco do jogo. Foi a partir dos 20 minutos que o Glorioso conseguiu controlar melhor o ritmo de sua posse de bola para trocar passes no campo de ataque. 

O desempenho de Gustavo Sauer era um dos mais aguardados na manhã deste sábado. O Glorioso ainda negocia a renovação de Junior Santos para 2023 e o lado direito do ataque é uma das interrogações na cabeça do torcedor. Sauer oferece uma outra alternativa de jogo, se comparado ao Junior. Atuando como um ponta construtor, o camisa dez poderia, em teoria, ser útil a ideia de Luís Castro de ter um time mais propositivo para ser mais forte como mandante. Contudo, o jogador não conseguiu aproveitar o amistoso para convencer treinador e torcedores de que pode ser o titular da posição. Aos 21 minutos, teve a oportunidade de finalizar de canhota da entrada da área, mas hesitou e preferiu o passe, indicando que, além da parte física e técnica, precisa também recuperar a confiança.

Jeffinho foi a principal alternativa de escape do Botafogo no primeiro tempo, mas teve dificuldades contra a boa marcação dos ingleses. O time não conseguiu criar e acionar o ponta em situações de um contra um para potencializar suas qualidades. Já o Palace usou bastante das jogadas individuais para bagunçar a defesa alvinegra, especialmente com Michael Olise e Wilfred Zaha. O lado direito do sistema defensivo teve muita dificuldade em parar as investidas do ataque londrino. Em busca da melhor forma física e técnica, Rafael inspira preocupações sobre sua capacidade de combate na fase defensiva. Foi pelo lado direito da defesa que Zaha criou a melhor chance do primeiro tempo ao driblar Adryelson e sofrer pênalti defendido por Lucas Perri.

Como esperado em um jogo amistoso, Castro fez as primeiras substituições já no intervalo. Gabriel Pires, que sofreu com a forte pressão da marcação, foi substituído por Patrick de Paula. Gustavo Sauer também deixou o campo depois de uma atuação discreta na primeira etapa, dando lugar a Junior Santos. Pelo Crystal Palace, o treinador Patrick Vieira mudou dez jogadores. Além das trocas, o Botafogo pareceu mais disposto a usar as beiradas do campo no segundo tempo. No primeiro tempo, a boa marcação dos ingleses não cedeu espaço nas laterais e forçou o jogo alvinegro por dentro. Sauer e Jeffinho afunilaram para buscar triangulações e faltaram opções para espaçar a defesa e atacar a linha de fundo.

O Glorioso até esboçou uma melhora nos primeiros minutos da etapa final, mas não conseguiu produzir finalizações para fazer o goleiro adversário trabalhar. Aos 16 minutos, Victor Sá entrou na vaga de Tiquinho Soares, deslocando Junior Santos para a posição de centroavante. No Palace, o meia Eberechi Eze, um dos destaques do time na temporada, passou a comandar o meio-campo e dominar o jogo. O Botafogo se perdeu em campo e não viu mais a cor da bola, enquanto os donos da casa enfileiravam chances de gol. É possível que os jogadores tenham sentido o ritmo diferente do jogo e isso cobrou um preço na meia hora final da partida. Aos 35, Jacob Montes e Luis Henrique substituíram Jeffinho e Lucas Fernandes, que pouco apareceram no segundo tempo.

Análise Crystal Palace x Botafogo

Além do destaque de Lucas Perri, os dois zagueiros alvinegros também precisam ser exaltados. Em um jogo em que foram muito exigidos devido ao desencaixe da marcação no meio-campo, ambos cometeram erros pontuais, mas também foram fundamentais para a manutenção do zero no placar.

Fonte: Redação FogãoNET

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