O Botafogo rodou o elenco e empatou mais uma vez na Copa Sul-Americana. Contra o Defensa y Justicia, no Nilton Santos, a equipe até saiu na frente com gol de Gabriel Pires, mas cedeu o empate em 1 a 1 na reta final do jogo. Em nove jogos na competição, o Glorioso venceu quatro e empatou cinco (três deles como mandante). O Alvinegro precisará de mais uma vitória fora de casa para se classificar sem depender dos pênaltis.
A escalação inicial deixou evidente que a competição continental não é a prioridade do momento. Dos titulares habituais, apenas Cuesta, Tchê Tchê (suspenso para a próxima rodada do Brasileirão) e Victor Sá começaram a partida. Na lateral direita, Di Placido também cumprirá suspensão na próxima rodada do nacional, mas Lage optou por dar ritmo de jogo a JP.
A mudança de peças provocou uma alteração no sistema alvinegro e a equipe se organizou sem a bola em um 4-4-2 com um losango no meio-campo. Danilo Barbosa foi o volante mais recuado, Tchê Tchê foi o responsável pelo lado direito, Victor Sá na esquerda e Gabriel Pires mais avançado (com a posse, Gabriel recuou para ajudar na criação). Lucas Fernandes jogou mais próximo de Matheus Nascimento, que voltou a atuar depois de quase dois meses.
Primeiro tempo
Com tantas substituições, era esperado que o time encontrasse algumas dificuldades provocadas pela falta de entrosamento. O Botafogo não conseguiu estabelecer seu jogo de passes rápidos em progressão e encontrou obstáculos na criação. Primeiro, a ausência de movimentos automatizados que dão fluência e velocidade à equipe. Sem as jogadas que ocorrem de forma intuitiva, a circulação de bola do time foi lenta e pouco criativa. Depois, a marcação bem aplicada dos argentinos com duas linhas de quatro bem coesas que procurou oferecer pouco espaço na faixa central.
O Glorioso começou com pouca posse e errando muitos passes. No decorrer da primeira etapa, conseguiu colocar a bola no chão e ter mais controle do jogo. Logo ficou claro que as beiradas do campo eram o melhor caminho e os laterais tiveram papel importante. Em subidas de JP e Hugo, o time conseguiu tabelar e confundir a defesa argentina. Aos 34 minutos, JP avançou pela direita e criou ótima chance de gol desperdiçada por Lucas Fernandes. Mesmo com todas as dificuldades, foram 11 finalizações da equipe no primeiro tempo.
O Defensa y Justicia aproveitou o início confuso do Alvinegro para ser mais incisivo no ataque. Quando o Botafogo se encontrou em campo e ganhou volume de jogo, os argentinos procuraram cadenciar o ritmo, mas não conseguiram escapadas ofensivas para incomodar. O sistema defensivo do Glorioso controlou bem o centroavante Nicolás Fernández, jogador mais perigoso do adversário, que teve apenas 16 ações com a bola nos 45 minutos iniciais e pouco participou próximo à área. Victor Cuesta teve papel importante na defesa da área e mostrou boa leitura de jogo para cortar cruzamentos potencialmente perigosos.
Gabriel Pires foi um dos destaques no primeiro tempo. O meia distribuiu quatro passes para finalização, acertou cinco lançamentos em oito tentativas e ainda teve três ações defensivas. Lucas Fernandes foi o jogador que mais finalizou, com dois chutes no alvo e um para fora e alcançou 95% de acerto nos passes, mas faltou velocidade com e sem a bola para ser mais efetivo. Já Victor Sá foi o alvinegro mais discreto, levou a pior nas disputas com a defesa e tomou decisões ruins na definição de lances.
Segundo tempo
O Botafogo precisava de mais peso de área na metade final do jogo, ou seja, mais jogadores entrando na grande área, empurrando a defesa para trás e diversificando o foco dos marcadores. A resposta de Lage foram as entradas de Luis Henrique e Diego Costa nos lugares de Victor Sá e Matheus Nascimento. Luis foi a opção com mais confiança no um contra um. Matheus não fez um jogo ruim, recebeu poucas bolas, mas se movimentou bastante e participou com dois passes para finalização. O atacante, no entanto, perdeu as três disputas pelo alto em que esteve envolvido e teve dificuldade para se impor fisicamente contra a defesa. A presença de Diego Costa foi a alternativa para reforçar o ataque alvinegro no aspecto físico.
Os argentinos até assustaram com três finalizações que exigiram defesas de Gatito nos primeiro dez minutos do segundo tempo. Mas o Glorioso voltou bem do intervalo, com o mesmo controle da posse de bola, porém mais objetivo no ataque. Faltava ainda criar chances mais agudas de gol. Na primeira finalização, aos 11 minutos, Gabriel Pires entrou na área e cabeceou para as redes. A jogada teve boas participações de Diego Costa distribuindo a bola de costas para o gol e Tchê Tchê aproveitando o espaço no lado direito como não conseguiu no primeiro tempo.
O gol foi uma injeção de confiança e o Botafogo partiu para cima do adversário em busca do segundo gol. A posse de bola chegou aos 65% e a equipe teve boas chances com Lucas Fernandes de fora da área e Luis Henrique em jogada individual. Seguindo a mesma ideia de garantir a imposição física sobre o adversário na reta final, Júnior Santos substituiu Gabriel Pires e o time voltou ao sistema de jogo habitual, com Danilo e Tchê Tchê por dentro, Lucas Fernandes se aproximando do ataque e dois jogadores abertos.
O Glorioso teve a bola, estava bem na partida, mas não definiu o resultado. Aos 32, o time fez uma transição defensiva lenta, deu muito espaço na entrada da área e permitiu que Nico Fernández finalizasse com força. Gatito falhou, espalmando a bola para frente, Cuesta também não reagiu bem ao segundo rebote e a bola sobrou limpa para Tripichio empatar o jogo. Um duro castigo para a equipe em seu melhor momento no jogo.
Lage, que já programava a estreia de Mateo Ponte, precisou mudar os planos. Lançou Marlon Freitas e Janderson em campo nas vagas de JP e Lucas Fernandes. Tchê Tchê foi mais uma vez reposicionado e executou sua terceira função no jogo como lateral-direito. Em um 4-2-4 ofensivo, o Botafogo criou pouco e só chegou perto do gol em nova jogada de Luís Henrique defendida por Bologna. No final, o Defensa y Justicia terminou mais incisivo no ataque e finalizou 12 vezes no segundo (contra apenas cinco do Glorioso)
O jogo de volta ocorre na próxima quinta-feira (30), às 19h, em Buenos Aires.
Números do jogo: (Sofascore)
Posse de bola – BOT 60% x 40% DYJ
Passes certos – BOT 431 (83%) x 273 (78%) DYJ
Finalizações – BOT 16 (8 no gol) x 17 (10) DYJ
Finalizações dentro da área – BOT 6 x 4 DYJ
Finalizações fora da área – BOT 10 x 13 DYJ
Grandes chances criadas – BOT 1 x 2 DYJ
Grandes chances perdidas – BOT 1 x 1 DYJ
Defesas do goleiro – BOT 9 x 7 DYJ
Cruzamentos – BOT 3/18 (17%) x 1/12 (8%) DYJ
Bolas longas – BOT 34/59 (58%) x 32/68 (47%) DYJ
Desarmes – BOT 19 x 14 DYJ
Interceptações – BOT 10 x 14 DYJ
Cortes – BOT 22 x 23 DYJ
Disputas de bola vencidas – BOT 49 x 40 DYJ
Disputas aéreas vencidas – BOT 16 x 13 DYJ
Faltas – BOT 7 x 10 DYJ
Cartões amarelos – BOT 4 x 1 DYJ